«O que têm em comum Lena D’Água, Ana Deus, Anabela Duarte, Manuela Azevedo ou Xana? Todas elas têm lugar reservado na história do rock nacional e fazem parte do grupo de 16 mulheres cujas carreiras musicais vão ser celebradas na exposição e numa série de eventos paralelos que vão acontecer nos próximos 6 meses. Inaugurada simbolicamente a dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher -, na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto, esta exposição abre ao público a 9 de março e tem entrada livre. Estará patente até 30 de setembro de 2022.
Organizada pela Casa Comum e pelo Instituto de Sociologia da Universidade do Porto, esta exposição inédita nasce com o propósito de homenagear “mulheres relevantes do rock português” desde o pós-25 de abril até à atualidade. Para isso, propõe-se a contar as suas histórias através discos, cassetes, roupas, adereços, rabiscos de letras, pautas, baquetas, instrumentos musicais, entre outros objetos marcantes nas respetivas carreiras». Daqui.
FOTO: RUI DUARTE SILVA (tirada do Expresso)
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«(...) A exposição está dividida em quatro quadros temáticos, intitulados “Viver Depressa, Morrer Tarde”, “Berrar mais Alto”, “Cansei de ser Sexy” e “Sementes do Futuro”, onde os visitantes encontram painéis informativos sobre cada uma das artistas, acompanhados por relíquias simbólicas dos seus percursos musicais, tais como discos e cassetes, roupas e adereços usados em palco, pautas e rabiscos de letras para canções, baquetas e instrumentos musicais.
“São mulheres que se tornaram visíveis e que fizeram barulho”, começa por dizer, ao Expresso, Fátima Vieira, vice-reitora da Universidade do Porto e coordenadora da exposição que “evidencia diferentes atitudes de estar na música, distintos modos de fazer rock, mas sobretudo mostra a música como forma de inovação, de criatividade e de exploração”.
Para a responsável, “é preciso tornar a mulher mais visível”, “fazendo com que o barulho destas se sinta e inspire outras mulheres para que façam mais ainda” nas diferentes áreas da sociedade. Até porque, observa Fátima Vieira, “não houve grande evolução, nas últimas duas décadas, em relação aos direitos adquiridos pelas mulheres”. E aponta para os índices de igualdade de género de 2019 e 2003. “Não houve praticamente uma mudança. Só há um terço de mulheres ministras ou deputadas. Só há um quarto de mulheres à frente das empresas”, constata. “Isto não tem a ver com uma avaliação imparcial das suas potencialidades, tem a ver, sobretudo, com uma avaliação muito enviesada”, defende a coordenadora da exposição.
“Aconteceu com estas mulheres aquilo que se passa no mundo do espetáculo e que é muito triste: os homens, à medida que envelhecem ficam charmosos e as mulheres ficam simplesmente velhas, como se fossem descartáveis. É importante chamar a atenção para isso e ter hoje aqui estas artistas. Elas ainda estão cá e ainda podem fazer muitas coisas”, comenta Fátima Vieira. “As mulheres não podem ficar acabadas por causa da idade”, advoga. (...)».