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Drama de Jean-Paul Salomé protagonizado por Isabelle Huppert, no papel da sindicalista Maureen Kearney, que em 2012 denunciou uma teia de corrupção corporativa numa multinacional francesa ligada à energia nuclear
FRANCISCO FERREIRA
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«Convidada em 1998 a escrever para um programa da Companhia
Nacional de Bailado a propósito de A Bela Adormecida, Agustina
Bessa-Luís revisitou o conto de Charles Perrault à luz dos tempos modernos e da
sua proverbial mordacidade. “A Bela Adormecida hoje seria salva pelo
Super-Homem e viajava para muito longe da Terra numa nave espacial”, escreveu
ela. Uma Outra Bela Adormecida é um espetáculo-concerto, dirigido por
Beatriz Brás, que adapta à cena esta pouco conhecida narrativa de Agustina, no
ano do seu Centenário. Num espaço onírico, onde a ironia e a noção de
alteridade circulam livres, o texto dialoga com a música original de Martim
Sousa Tavares (interpretada ao vivo pela Orquestra Sem Fronteiras) e com a
projeção de animação e ilustrações de Francisco Lourenço. Espetáculo indicado
para famílias e crianças a partir dos 6 anos, o maravilhoso que conduz este
“conto em música” celebra o Dia Mundial da Criança, que se assinala a 1 de
junho». Saiba mais.
«This fascinating book uncovers the
little-known, surprisingly radical history of the Portuguese immigrant women
who worked as night-time office cleaners and daytime “cleaning ladies” in postwar
Toronto.
Drawing on union
records, newspapers, and interviews, feminist labour historians Susana P.
Miranda and Franca Iacovetta piece together the lives of immigrant women who
bucked convention by reshaping domestic labour and by leading union drives,
striking for workers’ rights, and taking on corporate capital in the heart of
Toronto’s financial district. Despite being sidelined within the labour
movement and subjected to harsh working conditions in the commercial cleaning
industry, the women forged critical alliances with local activists to shape
picket-line culture and make an indelible mark on their communities.
Richly detailed and engagingly written, Cleaning Up is an archival treasure about an undersung piece of working-class history in urban North America».
Da revista do semanário Expresso desta semana, na secção «fisga», por João Pacheco:
«Lúcia
Ferreira, Carolina Soares, Joaquina Gomes ou Emília Silva. Há muitos nomes de
portuguesas nesta história, apesar de se tratar de um livro escrito em inglês e
publicado em abril no Canadá. Chama-se “Cleaning Up: Portuguese Women’s Fight
for Labour Rights in Toronto” (Na limpeza: a luta das mulheres portugueses
pelos direitos laborais em Toronto). As autoras são Susana P. Miranda e Franca
Iacovetta, e o livro é o resultado de uma investigação sobre a história de uma
luta portuguesa em Toronto. A comunidade de imigrantes de origem portuguesa foi
crescendo no Canadá a seguir à II Guerra Mundial, com o arquipélago dos Açores
a jogar um papel importante. Com o final da ditadura portuguesa do Estado Novo,
esta história de emigração incluiu sindicalismo e união, com a luta por
direitos laborais das trabalhadoras de limpeza portuguesas a ser apoiada por
militantes canadianos. Este cartoon nasceu dessa história, foi publicado na
“Cleaner’s Action Newsletter” no verão de 1978 e está agora nas páginas deste
novo livro. Sim, é um livro académico, mas lê-se bem. E quer ser uma homenagem
à coragem destas mulheres portuguesas. Merecem».
Sobre o espetáculo
«dirty shoes don’t go to heaven mistura textos da dramaturgia clássica grega que afloram o tema da mulher na sociedade clássica e com um olhar específico para os textos que foram usados e levados à cena por Fernanda Lapa, fundadora e directora da companhia Escola de Mulheres até 2020. Mais do que querer ser algum tipo de espectáculo-homenagem a uma pessoa ou a uma obra, dirty shoes (…) toma para si um assunto tão fundamental e canónico na tradição teatral ocidental, a tragédia grega clássica, como matéria de actor, primeiro, para a partir daí tratar em intertextualidade os diferentes arquétipos femininos e masculinos, trágicos, numa incursão prática sobre o imaginário da tragédia clássica e da sua iconografia, da sua função enquanto evento performativo e socializante, esboçando uma perspectiva feminina sobre a situação da personagem trágica – onde sempre estão presentes a morte e a perda como motores da lírica apiedante da tragédia.
Uma revisitação estilística de cânones temáticos e formais para a constituição de um discurso cerimonial, dramático, melodramático – no sentido etimológico da palavra – coral, brincado e jogado para dar voz à riqueza de registos e expedientes dramáticos da tragediografia grega e ao pensamento que os seus autores exercem sobre as “leis divinas” que regem a psique e a sociedade humanas.(...)».Leia na integra.
«sobre o
projeto artístico da companhia para 2023
Desenhamos para o quadriénio de 2023-2026
um projeto artístico assente na temática da MEMÓRIA, transversal a toda a atividade
da Escola de Mulheres, da criação à programação. Neste ano e tendo por
referência os textos da Tragédia Clássica que marcaram, desde sempre, o
percurso da companhia e de Fernanda Lapa, sua directora artística até à data da
sua morte em 2020, consideramos ser o momento para os revisitarmos em duas
novas criações, uma pela mão de David Pereira Bastos, encenador convidado e
outra pela de Marta Lapa, directora artística da companhia.
Se nesta primeira criação, dirty
shoes don’t go to heaven, a dramaturgia é criada a partir
dos textos clássicos de algumas das obras de Eurípides (As Bacantes; As
Troianas e Hécuba) e de Sófocles (Antígona), na
segunda, a estrear em outubro, em coprodução com o Teatro Diogo Bernardes, em
Ponte de Lima, convidamos a autora Lígia Soares a escrever um texto inédito
inspirado na figura das Mulheres Trágicas, uma aposta constante da companhia no
fomento da escrita original para ser levada à cena.
São vários os textos de Tragédia Clássica
levados à cena pela companhia com encenação de Fernanda Lapa: As
Bacantes, espetáculo que marcou o nascimento da companhia em 1995, no
âmbito dos encontros ACARTE; Medeia (Teatro Nacional D. Maria
II - 2006) e Hécuba, o sofrimento desmedido (coprodução Escola
de Mulheres e São Luiz Teatro Municipal - 2015), textos de Eurípides, autor de
eleição da encenadora. O último levado à cena pela companhia, em 2017,
foi As Fúrias, ou de como o pai matou a mãe, a partir de As
Euménides, de Ésquilo.
Marta Lapa e Ruy Malheiro»
«Estreitando relações de proximidades na freguesia do Lumiar, o Museu Nacional do Traje, conta com a presença da Tuna Académica da UTIL (Universidade Sénior da Terceira Idade) e o seu Maestro Guilherme Cancelinha, para vos presentar com um concerto de Primavera».
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E uma boa ocasião para chamarmos a atenção para as Universidades da Terceira Idade e a ligação que podem/devem ter com o que as rodeia, e a força da arte em qualquer idade.
«A Fundação Francisco Manuel dos Santos convida-o/a a assistir à apresentação do livro As Invisíveis, histórias sobre o trabalho de limpeza, na quinta-feira, dia 18 de maio, às 18h30, na FNAC Colombo, em Lisboa.
A referida mostra
levou aos jardins do Palácio de Cristal, no Porto, «a recriação das aldeias
indígenas e “exemplares” dos povos que as habitavam. Rosinha veio com ela da
Guiné e está presente em vários filmes e imagens oficiais».
«Mas quem é
Rosinha? Quem são as rosinhas históricas que nos fizeram acreditar na lição do
Estado Novo e que talvez expliquem de que modo chegámos aos nossos dias a
acreditar que “Portugal não é um país racista”», questiona Margarida Moz no
texto de apresentação do filme. (...)».
Excerto do trabalho de Jorge Leitão Ramos:
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