sábado, 27 de abril de 2024

AINDA OS 50 ANOS DE ABRIL | do Instituto de História Contemporânea


Veja aqui

continuemos com a Festa, assinalando iniciativas ...,
 sempre que nos apetecer. Festa é Festa!, e queremos que continue «até às tantas». Neste caso começámos por ser cativados pelo Cartaz. É sabido, gostamos de cartazes. Mas há mais, como nos informa o IHC:


«Em 2024, celebram-se 50 anos da revolução de 25 de Abril de 1974, que pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal. O IHC não poderia faltar à chamada e, por isso, lançámos o nosso primeiro programa de actividades científicas, educativas e culturais que assinalam esta efeméride fundamental da história de Portugal.
Desde o ano passado, o IHC já começou a desenvolver actividades em torno deste aniversário e irá prolongar as mesmas até 2026, não deixando de assinalar acontecimentos como as independências das colónias portuguesas e a aprovação da Constituição.
No programa que hoje publicamos, estão incluídas todas as actividades organizadas ou co-organizadas pelo IHC, bem como aquelas em que somos parceiros de iniciativas de outras instituições. Destacamos o programa “A Liberdade Está na Escola”, lançado em Novembro de 2023 e já em curso. Este documento “vivo” vai ser actualizado conforme nos associemos a mais iniciativas».


 

quinta-feira, 25 de abril de 2024

AMANHÃ | 26 ABR 2024 | Conferência Internacional «Democracia Paz e Liberdade - Fascismo Nunca Mais» | INICIATIVA DA URAP | LISBOA

 



«No âmbito das celebrações dos 50 anos do 25 de abril, a URAP vai realizar, no próximo dia 26 de abril, uma Conferência Internacional.
A Conferência decorrerá em Lisboa, na Escola Secundária de Camões, das 9h30 às 18h30.
A Conferência, valorizando o significado histórico da Revolução de Abril, aprofundará, 50 anos depois, o que representou para os portugueses, para os povos colonizados e para o mundo o
derrube do regime fascista – o fim das guerras nas colónias, a libertação dos presos políticos, a conquista da liberdade e da democracia, o novo tempo de progresso e de participação popular nos muitos avanços e transformações realizados.
A Conferência não poderá deixar de lembrar o resultado gravoso das políticas neoliberais e de direita da maioria dos governos nas últimas décadas, que se traduziram em retrocessos, no agravamento das injustiças, na falta de resposta aos muitos problemas, no desrespeito e não cumprimento de direitos e conquistas emblemáticas da Revolução de Abril, inscritos na Constituição da República Portuguesa». Saiba mais.


quarta-feira, 24 de abril de 2024

NOS 50 ANOS DE ABRIL | recordar «Zeca Afonso - cantar alentejano»





Chamava-se Catarina o Alentejo a viu nascerChamava-se Catarina o Alentejo a viu nascerSerranas viram na em vidaBaleizão a viu morrerSerranas viram na em vidaBaleizão a viu morrer


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terça-feira, 23 de abril de 2024

NOS 50 ANOS DE ABRIL|não perder a cinemateca ...

 



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CICLO
ABRIL 50 - PROGRAMA ESPECIAL


«Em anteriores aniversários redondos (nos 10, 25 e 40 anos) a Cinemateca levou a cabo importantes iniciativas de celebração no exato dia 25 de Abril. Aos 50 anos, a imensidade de memórias, reflexões e interrogações que a data nos sugeria no próprio território do cinema, exigiu outra escala de tempo, invadindo um ano inteiro de programação desde janeiro até dezembro. Se todo o ano de 2024 tem sido assim contaminado por esta evocação, seja de forma direta seja de forma indireta, nomeadamente através do Ciclo “O que Farei Eu com Esta Espada?”, reservámos para abril a componente mais festiva e intensa desta celebração. Para além dos Ciclos “Ir ao Cinema em 1974”, “O Outro 25 de Abril” (em colaboração com a Festa do Cinema Italiano) e do panorama dedicado ao cinema moçambicano desde a independência até à atualidade, vamos de forma muito intensa nos dias 25, 26 e 27 voltar a exibir as “imagens de Abril”, seja nas obras de referência da época, em filmes posteriores que a evocam, ou até em alguns documentos inéditos entretanto recuperados. No feriado de 25 de abril, voltaremos a abrir as portas da Sede, de manhã à noite e com acesso gratuito, para uma maratona de imagens dessas várias tipologias. Logo na manhã do mesmo dia 25 de abril, às 11h, será inaugurada a instalação Sempre – A palavra, o sonho e a poesia na rua da realizadora e artista visual Luciana Fina, convidada pela Cinemateca para uma evocação livre do tema. Na tarde de dia 27 apresentaremos de novo (repetindo e renovando a experiência feita nos 70 anos da Cinemateca) uma longa sessão de homenagem ao cinema português, numa “montagem crua de bobines” de filmes de múltiplos géneros, em diálogo com a nossa História contemporânea».
 


segunda-feira, 22 de abril de 2024

CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE|«A Cor do Hibisco»

 


SINOPSE
Os limites do mundo da jovem Kambili são definidos pelos muros da luxuosa propriedade da família e pelas regras de um pai repressivo. O dia-a-dia é regulado por horários: rezar, dormir, estudar e rezar ainda mais. A sua vida é privilegiada mas o ambiente familiar é tenso. O pai tem expectativas irreais para a mulher e os filhos, e pune-os severamente quando se mostram menos que perfeitos.
Quando um golpe militar ameaça fazer desmoronar a Nigéria, o pai de Kambili envia-a, juntamente com o irmão, para casa da tia. É aí, nessa casa cheia de energia e riso, que ela descobre todo um novo mundo onde os livros não são proibidos, os aromas a caril e noz-moscada impregnam o ar, e a alegria dos primos ecoa.
Esta visita vai despertá-la para a vida e para o amor e acabar de vez com o silêncio sufocante que a amordaçava. Mas a sua desobediência vai ter consequências inesperadas.
 Uma obra sobre liberdade, amor e ódio, e a linha ténue que separa a infância da idade adulta, que marcou a estreia de uma escritora extraordinária. Saiba mais.



domingo, 21 de abril de 2024

BIENAL DE VENEZA 2024 | JÁ ABRIU! | «A 60.ª edição da Bienal de Arte de Veneza começou este sábado sob o tema “Estrangeiros em todo o lado”, com curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa, num ano marcado pelas guerras do presente e pelas memórias da violência do passado»





E já houve duas
 Mulheres destacadas: 




Das razões:“This decision is particularly meaningful given the title and framework of my Exhibition, focused as it is on artists who have traveled and migrated between North and South, Europe and beyond, and vice versa. In this sense, my choice rests upon two extraordinary, pioneering women artists who are also migrants and who embody in many ways the spirit of Stranieri Ovunque—Foreigners EverywhereAnna Maria Maiolino (Scalea, Italy, 1942, lives in São Paulo, Brazil), who migrated from Italy to South America, first to Venezuela and later to Brazil, where she lives today; Nil Yalter (Cairo, Egypt, 1938, lives in Paris, France), a Turkish who migrated from Cairo to Istanbul and finally to Paris, where she is based.” - 

STATEMENT FROM CURATOR ADRIANO PEDROSA

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Por outro lado, leia, por exemplo, no Observador:

«Bienal de Arte de Veneza premeia Austrália e projeto da Nova Zelândia

A 60.ª edição da Bienal de Arte de Veneza atribuiu prémios Leão de Ouro à Austrália, pela participação nacional, e a um projeto neozelandês, com o Kosovo a receber uma menção especial». Neste endereço. Donde tirámos o excerto no titulo do post.



sábado, 20 de abril de 2024

CAPICUA |«Que força é essa amiga»







Que Força É Essa Amiga

Vi-te a trabalhar o dia inteiroA limpar a cidade dos homensPor amor, ou por pouco dinheiroFicam velhas as tuas mãos jovensO teu peito, o teu colo é consoloA despeito do teu próprio choro
Que força é essa?Que força é essa, que trazes nos braços?Que só te serve para obedecerQue só te manda obedecer
Que força é essa, amiga?Que força é essa, amiga?Que te faz levar o mundo todo na barrigaQue força é essa, amiga?Que força é essa, amiga?Que força é essa, amiga?
O amor, pra ti, tem costas largasFaz-te doce nas horas amargasInvisível nas noites em claroNinguém paga o que mais te sai caroNinguém sara, essa escara é antigaTens o mundo todo na barriga
Que força é essa?Que força é essa, que trazes nos braços?Que só te serve para obedecerQue só te manda obedecer
Que força é essa, amiga?Que força é essa, amiga?Que te faz levar o mundo todo na barrigaQue força é essa, amiga?Que força é essa, amiga?Que força é essa, amiga?
Vi-te a trabalhar a noite inteiraNão são tuas as horas de ócioTodos mamam, não há quem não queiraQue o cuidado não pago é negócioE no parto ou no quarto, o teu corpoEsteve sempre ao serviço do outro
Que força é essa?Que força é essa, que trazes nos braços?Que só te serve para obedecerQue só te manda obedecer
Que força é essa, amiga?Que força é essa, amiga?Que te faz levar o mundo todo na barrigaQue força é essa, amiga?Que força é essa, amiga?Que força é essa, amiga?
Não me digas que não me compreendesQuando os dias se tornam azedosNão me digas que nunca sentistesUma força a crescer-te nos dedosE uma raiva a nascer-te nos dentesNão me digas que não me compreendes
Fonte: Musixmatch
Compositores: Sérgio Godinho



quinta-feira, 18 de abril de 2024

EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL DE JOANA GALEGO | «Jardins» | GALERIA BELARD | LISBOA

 


Na Galeria Belard Jardins, a nova exposição individual de Joana Galego

«Jardins apresenta uma colecção de elementos naturais tocados pela figura humana e vice-versa. Ao pensarmos em jardim, imaginamos uma cerca, um local específico, mas Galego pensa num jardim do tamanho do mundo, o mundo enquanto jardim, as pessoas como jardim, dissolvendo as fronteiras do espaço e do tempo. O imaginário imagético apresentado nasce ao mesmo tempo no Gerês, no Sul de Londres ou em Manali, e a figuras humanas em personagens afectivas, do seu passado e presente, que voltam disfarçadas com nova roupagem. Nesta aparente antítese entre o selvagem e o doméstico, nessa fronteira invisível, o cuidado é o que une e assume o papel principal. “Enterrar os dedos na terra como quem faz um cafuné, ou vice versa.”
A exposição reúne trabalhos iniciados em Portugal, na Índia, em Inglaterra e na Indonésia. Galego coloca assim a possibilidade de fuga e permanência, de poder habitar simultaneamente diferentes lugares. O seu trabalho também fragmenta as fronteiras temporais, uma vez que retratam memórias de infância ou dos seus primeiros anos a viver fora de Portugal. Assim, Galego aponta para um outro mundo dentro deste. “Estar presente em dois lugares. Ou mais do que dois, como aqui! Pinto em Londres a partir de um desenho que fiz na Indonésia, a pensar em Portugal. E posso juntar tudo isso. Talvez não transpareça, mas é isso que acontece no estúdio. O jardim perde os limites.”
Assim como na pintura de Paolo Uccello, Caçada na Floresta, a qual teve influência sobre os trabalhos expostos, Galego apresenta cenas que transitam entre o realismo e o lúdico, onde as actividades recreativas se transfiguram em rituais e o palpável, em fantasia. A floresta sem fim de Uccello revê-se na profundidade do campo visual da artista que leva a fuga do encontro ao desconhecido – a uma liberdade sem fim.
Para a artista, os trabalhos em pintura vêm de um imaginário constructivo, de memórias e pensamentos que escreve, e dos pequenos esboços que dão forma às primeiras camadas de tinta. Os desenhos manifestam-se como fruto da recolha em cadernos ou folhas soltas, como pot-pourri dos elementos que ganham uma nova vida no seu jardim – o estúdio. Com a mistura de muitas técnicas e colagens, Galego transforma-os em algo novo e sugere no espaço negativo a possibilidade de novas figuras.
Jardins apresenta um conjunto de pinturas e trabalhos em papel, resultado de um cuidado em carregar e cultivar ideias que um dia saem, brotam ou simplesmente aparecem, como sementes que foram ali plantadas ou trazidas pelos ventos. Assim como no jardim, no desenhar e no pintar há um elemento de espera e sorte, – uma mancha acidental em que algo próspero acontece. Pela exposição, as figuras ali, habitantes temporários, revelam os seus pequenos mundos delimitados pelo espaço pictórico. Partilham trocas de afetos ou evidenciam o seu isolamento. Na última sala da galeria, a artista traz obras em papel, meio fundamental para o seu trabalho. Caminhar pela galeria é, assim, como uma volta às origens, pois está sempre no desenho o seu próprio ponto de partida».

Rua Rodrigo da Fonseca 103B
1070-239 Lisboa



quarta-feira, 17 de abril de 2024

RECORDAR MARIA DE SOUSA

 






«Este livro, que descobri com emoção, revelou a Portugal uma cientista portuguesa que se afirmou na América dos cientistas. E muitos, muitos jovens portugueses acreditaram que poderiam seguir esse caminho. Quando nos conhecemos, só queria falar-me de poesia e literatura e arte. Não tinha um feitio fácil. Já tenho saudades da Amiga.»

Guilherme Valente, editor





sexta-feira, 12 de abril de 2024

«33 FEMALE ARTISTS | Unapologetic WomXn: The Dream is the Truth»

 


«Statement

33 female artists on the subject of female sexuality through our own eyes, giving it more of a humanized and less of an objectifying view of anything the artists focus on; our bodies, our experiences, how women navigate the world within the changes that occur constantly. 

Press Release

During the 60th Venice Biennale “Unapologetic WomXn: The Dream is the Truth,” curated by Destinee Ross-Sutton, NY & Stockholm, presents an international group exhibition, hosted by the European Culture Center at Palazzo Bembo, consisting of 33 female artists on the subject of female sexuality through their own eyes. It creates a humane and curated space of community where artists focus on communicating how women navigate the world within the changes that occur in it constantly and the importance of their artistic practice and art not conforming to the constraints of our societies. These artists break away from traditionally male-dominated societies that still impose an idea of what a woman should be.

The experience of being a woman is multifaceted; many X-factors determine what one’s experience as a woman will look like. From family and society, economic and socioeconomic factors, racial background, skin tone, zip codes, the beauty standards of one’s culture or the culture of the country you live in, politics, and laws that affect your womXnhood. Rarely imposed by you, but the burden is yours to bear. (...)». Continue .



«Mulheres pela Igualdade»

 


Veja aqui
e haverá muitas mais, certamente ...



«O que as mulheres realmente querem»

 

na As Escolhas das Editoras -  Newsletter EXECUTIVA



segunda-feira, 8 de abril de 2024

APRESENTAÇÃO | HOJE | 8.ABR.2024 | «Tempestade Perfeita. Como Sobrevivi à Tormenta»| DE BÁRBARA GUIMARÃES

 


«TEMPESTADE PERFEITA. Como Sobrevivi à Tormenta, de BÁRBARA GUIMARÃES, é um testemunho de superação grandioso de uma mulher que descobriu em si própria uma coragem invulgar para enfrentar as adversidades.  
BÁRBARA GUIMARÃES fala-nos nestas páginas da sua experiência na luta contra um cancro da mama particularmente agressivo. Trata-se de um testemunho intenso, pormenorizado e genuíno sobre o longo período em que a apresentadora se sentiu entregue ao que parecia ser a tempestade perfeita.
Este livro, que chega ao mercado no dia 2 de abril, é também a história de vida de uma mulher bem conhecida dos portugueses graças à sua presença de trinta anos na televisão, mas que, num registo marcado pela superação e pela esperança, se revela pela primeira vez em toda a sua plenitude.

A apresentação pública de TEMPESTADE PERFEITA. Como Sobrevivi à Tormenta, de BÁRBARA GUIMARÃES, está marcada para o dia 8 de abril, às 18h30, no Teatro Maria Matos, em Lisboa. O livro será apresentado pelo jornalista e escritor Rodrigo Guedes de Carvalho»
Saiba mais


sábado, 6 de abril de 2024

É NOTÍCIA NO ESPAÇO IGUALDADE DO MINISTÉRIO DA CULTURA DE ESPANHA |«El Ministerio de Cultura y el Museo Reina Sofía adquieren en ARCO 30 obras de 22 artistas, 17 de ellas mujeres, por valor de más de 553.000 euros»

 





JOÃO PINA | «Tarrafal»

 



SINOPSE

Em diálogo com o avô, preso político, e com as únicas imagens do interior do «campo da morte lenta», o fotógrafo João Pina regista em livro a memória histórica do Tarrafal.
No dia em que João Pina abriu uma caixa antiga que guardava negativos, folhas de contacto, gravuras vintage, cartas e telegramas do Tarrafal, iniciou um diálogo epistolar no tempo com o seu avô Guilherme da Costa Carvalho, enviado em 1949 para o campo de concentração do regime fascista português em Cabo Verde, conhecido também como o campo da morte lenta.
Os pais de Guilherme, Luiz e Herculana, foram as únicas visitas familiares ao Tarrafal na sua fase «portuguesa», levando consigo uma providencial câmara fotográfica Rolleiflex para retratar e dar prova de vida de todos os presos políticos do campo, além de fotografar todas as sepulturas dos mortos.
É a estas imagens, os únicos registos visuais feitos à época no interior do campo de concentração, que regressa João Pina, fotógrafo documental, continuando o seu já vasto trabalho de cartografia da memória histórica e das violações dos direitos humanos em forma de livro. À história pessoal e ao arquivo familiar, Tarrafal junta ainda anos de investigação e de colaboração com ex presos políticos, historiadores e famílias cabo verdianas, constituindo se como um documento de referência para, nos 50 anos do 25 de Abril, lembrar as consequências do passado vivido e compreender os desafios que temos pela frente. Saiba mais.
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sobre Guilherme da Costa Carvalho

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Do que se pode ler no semanário Expresso sobre a obra - no Planetário de João Pacheco:

«O filho no campo de concentração


LIVRO — ILHA DE SANTIAGO

Esta é uma imagem do fotógrafo João Pina. E faz parte de um livro que poderia ser amargo, com memórias de opressão. Mas não é, porque nele se declara o amor do autor à dignidade trazida por uma mãe e um pai a um filho preso. E aos outros prisioneiros políticos e às respetivas famílias. O filho no campo de concentração é o avô Guilherme que o fotógrafo não conheceu. No novo livro “Tarrafal”, a imagem enquadra-se num facto: “Vala e muralha construídas pelos presos políticos portugueses, obrigados a picar e a extrair pedras para a construção.”

O neto passou parte de uma noite no Tarrafal, para tentar perceber. E na página anterior espreitam as raízes de uma acácia-rubra, a formar um díptico fotográfico com esta imagem muralhada. Sob a árvore, os presos procuravam sombra. Nestas quase 300 páginas, conta-se como um neto foi conhecer o sítio onde esteve preso o avô, entre 1949 e 1951. A história do militante comunista Guilherme da Costa Carvalho daria um filme de ação, com cenas de fazer chorar pessoas duronas, no escuro do cinema. Os pais de Guilherme não eram do Partido Comunista Português. Sobrava dinheiro ao capitalista Luís Alves de Carvalho e à católica Herculana Jesus da Costa Dias Carvalho, quando o filho esteve preso no Tarrafal. Não se sabe bem como, e contra todas as regras, foram autorizados a visitá-lo. Viajaram duas vezes e fotografaram os presos. A mãe de Guilherme deixou flores nas campas dos prisioneiros mortos. O pai fotografou tudo, para mostrar às famílias. Sim, são fotografias fundamentais do séc. XX português.

Este Campo da Morte Lenta funcionou na colónia portuguesa de Cabo Verde. E pode ser visitado na ilha de Santiago, junto à povoação do Tarrafal. Foi criado em 1936, para aclimatar presos incómodos à nossa ditadura de inspiração fascista, liderada por António de Oliveira Salazar. A localização aliava a distância de Lisboa a um clima inóspito. Ninguém fugiu, entre torturas, doenças e fome. (...)».

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Atualizado


quinta-feira, 4 de abril de 2024

SARAH BERNSTEIN |«Manual para a Obediência»

 

SINOPSE

Uma obra-prima de uma das mais estimulantes novas vozes da literatura em língua inglesa, finalista do Prémio Booker 2023. Uma jovem mulher muda-se da sua terra natal para a remota região setentrional dos antepassados, para ser governanta do irmão, recentemente abandonado pela mulher. Pouco tempo depois da sua chegada, ocorrem vários acontecimentos inexplicáveis: histeria bovina coletiva, morte de uma ovelha e do respetivo cordeiro enquanto nascia, prenhez fantasma de uma cadela, penúria de batatas…
A mulher dá-se conta de que as suspeitas sentidas pelos habitantes em relação a estrangeiros em geral parecem dirigir-se para ela com alguma intensidade, e pressente uma ameaça crescente que jaz «logo ali a seguir ao portão do jardim». À medida que a hostilidade se avoluma, empurrando os limites da propriedade do irmão, o receio da mulher aumenta: caso os rumores que correm na vila se cristalizem numa forma mais definida, o que poderá acontecer, do que serão capazes os habitantes?
Com perspicácia e lirismo, Sarah Bernstein aborda as questões de cumplicidade e poder, desenraizamento e legado. Manual para a Obediência é um romance minucioso e perturbador, uma obra-prima que confirma Bernstein como uma das mais estimulantes novas vozes da literatura em língua inglesa. Saiba mais.



«Night Trees»

 





quarta-feira, 3 de abril de 2024

É SOBRE KIM GORDON | «A ironia, a raiva, o feminismo, a ansiedade do século XXI são temas-chave de um álbum que soa tão mas tão de acordo com o ar do tempo que nos esquecemos que esta mulher tem 70 anos»



E o que escreveu João Pedro Barros

Editor Online do Expresso

numa Newsletter:


«O QUE EU ANDO A OUVIR

“The Collective”, de Kim Gordon, é rock, é hip-hop, é trap, tem como base um pesado ambiente industrial. Pode não agradar a nenhum dos fãs destes géneros, pode soar como uma manta de retalhos bizarra a um ouvinte que esteja à espera de algo reminiscente dos Sonic Youth (só me aguentei 48 palavras até mencionar a ex-banda), mas também corre o sério risco de expandir os universos sonoros de todas estas tribos.
Confesso que de início fui atropelado por este rolo compressor em forma de álbum, mas assim que passou a estranheza inicial fui absorvendo as várias subtilezas e estou rendido. Gordon utiliza as guitarras para dar textura a batidas do produtor Justin Raisen – o método de trabalho é mais ou menos explicado nesta entrevista à Blitz –, usa e abusa da distorção, do feedback e até do auto-tune, mas no meio desta amálgama consegue dar às canções um cariz pop q.b. Dei mesmo por mim a repetir em voz baixa as frases que Kim Gordon vai murmurando.
“BYE BYE”, por exemplo, é mesmo um grande single (e vejam como soa inesperadamente bem ao vivo), cuja letra se baseia numa lista de itens para levar numa mala de viagem. A ironia, a raiva, o feminismo, a ansiedade do século XXI são temas-chave de um álbum que soa tão mas tão de acordo com o ar do tempo que nos esquecemos que esta mulher tem 70 anos. No TikTok, tornou-se viral este post em que uma jovem música diz que Gordon “curou” o receio que tinha de envelhecer. O “New York Times” diz que este disco é a coisa mais “cool” (“fixe” parece-me pouco como tradução) que Kim Gordon já fez. Amem ou odeiem, mas ouçam».