Excerto: « (...) Mas vamos aos pontos fulcrais da narrativa que Saeed Roustayi nos propõe em LEILA E OS SEUS IRMÃOS. Primeiro, debrucemo-nos sobre Leila (uma excelente interpretação da conhecida actriz Taraneh Alidoosti). Por contraste com os seus irmãos, Leila mantém um emprego relativamente estável numa moderna e grande empresa comercial de Teerão. Na prática, ela será a única capaz, com o seu salário regular, de manter a família num patamar mínimo de sobrevivência, sem grandes sobressaltos ou humilhações de carácter social. Por isso ela ganha algum ascendente sobre os irmãos, mas igualmente sobre os progenitores, mesmo quando respeita a hierarquia paterna no quadro de uma cultura que já antes da revolução islâmica privilegiava o papel do homem e dos mais velhos. Ou seja, a mesma cultura que leva o indolente e incompetente pai a sonhar com o papel de patriarca, por ser o mais velho, não obstante ser o mais segregado e ostensivamente afastado das grandes decisões pelos representantes do seu singularíssimo e corrupto ramo familiar. Dos irmãos de Leila, o mais próximo dela, Alireza (magnífico Navid Mohammadzadeh), acaba de ser dispensado da fábrica onde ganhava o pão de cada dia como simples operário, um dos muitos que fugiram aos protestos desencadeados pelos colegas que de forma violenta se batiam contra a polícia de choque, reivindicando os ordenados em atraso. Dirá ele a certa altura, demonstrando que a sua consciência pertence a alguém que não assume as responsabilidades, que hesita permanentemente: “Fui dispensado e não despedido”. (...)».
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