quinta-feira, 18 de abril de 2024

EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL DE JOANA GALEGO | «Jardins» | GALERIA BELARD | LISBOA

 


Na Galeria Belard Jardins, a nova exposição individual de Joana Galego

«Jardins apresenta uma colecção de elementos naturais tocados pela figura humana e vice-versa. Ao pensarmos em jardim, imaginamos uma cerca, um local específico, mas Galego pensa num jardim do tamanho do mundo, o mundo enquanto jardim, as pessoas como jardim, dissolvendo as fronteiras do espaço e do tempo. O imaginário imagético apresentado nasce ao mesmo tempo no Gerês, no Sul de Londres ou em Manali, e a figuras humanas em personagens afectivas, do seu passado e presente, que voltam disfarçadas com nova roupagem. Nesta aparente antítese entre o selvagem e o doméstico, nessa fronteira invisível, o cuidado é o que une e assume o papel principal. “Enterrar os dedos na terra como quem faz um cafuné, ou vice versa.”
A exposição reúne trabalhos iniciados em Portugal, na Índia, em Inglaterra e na Indonésia. Galego coloca assim a possibilidade de fuga e permanência, de poder habitar simultaneamente diferentes lugares. O seu trabalho também fragmenta as fronteiras temporais, uma vez que retratam memórias de infância ou dos seus primeiros anos a viver fora de Portugal. Assim, Galego aponta para um outro mundo dentro deste. “Estar presente em dois lugares. Ou mais do que dois, como aqui! Pinto em Londres a partir de um desenho que fiz na Indonésia, a pensar em Portugal. E posso juntar tudo isso. Talvez não transpareça, mas é isso que acontece no estúdio. O jardim perde os limites.”
Assim como na pintura de Paolo Uccello, Caçada na Floresta, a qual teve influência sobre os trabalhos expostos, Galego apresenta cenas que transitam entre o realismo e o lúdico, onde as actividades recreativas se transfiguram em rituais e o palpável, em fantasia. A floresta sem fim de Uccello revê-se na profundidade do campo visual da artista que leva a fuga do encontro ao desconhecido – a uma liberdade sem fim.
Para a artista, os trabalhos em pintura vêm de um imaginário constructivo, de memórias e pensamentos que escreve, e dos pequenos esboços que dão forma às primeiras camadas de tinta. Os desenhos manifestam-se como fruto da recolha em cadernos ou folhas soltas, como pot-pourri dos elementos que ganham uma nova vida no seu jardim – o estúdio. Com a mistura de muitas técnicas e colagens, Galego transforma-os em algo novo e sugere no espaço negativo a possibilidade de novas figuras.
Jardins apresenta um conjunto de pinturas e trabalhos em papel, resultado de um cuidado em carregar e cultivar ideias que um dia saem, brotam ou simplesmente aparecem, como sementes que foram ali plantadas ou trazidas pelos ventos. Assim como no jardim, no desenhar e no pintar há um elemento de espera e sorte, – uma mancha acidental em que algo próspero acontece. Pela exposição, as figuras ali, habitantes temporários, revelam os seus pequenos mundos delimitados pelo espaço pictórico. Partilham trocas de afetos ou evidenciam o seu isolamento. Na última sala da galeria, a artista traz obras em papel, meio fundamental para o seu trabalho. Caminhar pela galeria é, assim, como uma volta às origens, pois está sempre no desenho o seu próprio ponto de partida».

Rua Rodrigo da Fonseca 103B
1070-239 Lisboa



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