«(...)Três eixos emergem da Coleção e dão nome a esta exposição. “Festa. Fúria. Femina.” dialogam e geram ideários: celebram a coleção, evocam a dimensão de performatividade inerente às práticas artísticas contemporâneas e destacam a dimensão feminina, exigindo um renovado olhar sobre a história de arte que tanto escamoteou as artistas.
(...)Refiram-se três saliências que emergem da Colecção nesta proposta de exposição: Festa. Fúria. Femina. Não se excluem, pelo contrário, dialogam e geram, umas vezes parcerias semânticas, outras vezes tensões que produzem sentidos.
Se a modernidade se fez acompanhar da ideia de liberdade e de igualdade, nem sempre esta esteve subjacente à educação cultural e artística. A dimensão feminina, cuja presença nos museus ainda hoje é diminuta, exige com urgência uma postura de resgate face a uma história de arte que tanto escamoteou as artistas, pondo em destaque as suas obras num dispositivo de visibilidade como é uma exposição.
Trinta e quatro anos depois do início da colecção FLAD, o país tem uma composição populacional multicultural, com a emergência de artistas oriundos das mais variadas regiões e geografias e descendentes de outras práticas culturais.
Nesta nova geração de artistas, cada vez mais transfronteiriços e interdisciplinares, a presença de artistas mulheres não só não pode ser escamoteada, como a sua produção é determinante na cena artística internacional.
Com o retomar das aquisições de obras, e considerando as muitas mutações da cena cultural e das artes em Portugal, pretendeu-se recuperar o conceito de Colecção delineado por Manuel Castro Caldas, que pensou uma coleção “para poder fazer agulhas em várias direcções e em várias alturas sem que isso a venha desvirtuar. Pode decidir-se prolongar esta ou aquela linha, prosseguir numa exploração mais intensiva disto ou daquilo, sectorialmente... pode-se mesmo criar novas opções temáticas que enriqueçam os contos já existentes. Foi pensada como uma colecção em aberto”.
É esta transversalidade que esta exposição pretende mostrar.
António Pinto Ribeiro e Sandra Vieira Jürgens
(excerto do texto de curadoria da exposição)»
Sem Título, José Loureiro, 1990 © João Neves, FLAD.
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