terça-feira, 28 de dezembro de 2021

EXPOSIÇÃO | ALICE NEEL | «Las personas primero»| NO GUGGENHEIM DE BILBAO

 


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A propósito da Exposição do que escreve João Pacheco no semanário Expresso - 23 DEZ 2021:«(...) Mesmo quando retratava as pessoas vestidas, expunha a intimidade dos retratados. Mas a nudez faz parte de várias pinturas importantes de Neel, como alguns dos retratos que fez de mulheres grávidas. Ou o retrato de Andy Warhol seminu, que pintou em 1970. Nessa pintura, Warhol está de olhos fechados, de tronco nu e ar frágil. O colete ortopédico colocado no abdómen deixa ver um mapa de cicatrizes no peito, resultantes da tentativa de assassínio que sofrera dois anos antes.

O azul dos contornos é uma marca distintiva de Neel, sendo visível neste autorretrato de 1980 e no retrato de Warhol. Estes traços azuis tornaram-se conhecidos do grande público apenas meia dúzia de anos antes do tal almoço de gala, graças a uma retrospetiva no Whitney Museum of American Art. E também por Neel ter sido adotada como símbolo pelo movimento feminista norte-americano, na década de 70. Até então, vivera sempre com pouco dinheiro e sem grande atenção do meio artístico consagrado. No documentário de 2007 realizado por um neto da pintora, os filhos contam que quando eram pequenos a família dependia de apoios sociais do Estado.

Indiferente às modas vigentes, mais viradas para o expressionismo abstrato e depois para a pop art, a pintora criou uma obra variada e consistente, onde o retrato tanto de vizinhos anónimos como de pessoas famosas ocupa a parte mais celebrada. Agora, e até 6 de fevereiro, será possível ter uma boa ideia do conjunto da obra no Museu Guggenheim de Bilbau, na exposição “Alice Neel: las personas primero”. O nome nasceu do que a pintora disse numa entrevista, em 1950: “Para mim, primeiro estão as pessoas. Tentei afirmar a dignidade e importância eterna do ser humano.” Sobre a versão inicial desta exposição no Metropolitan Museum of Art, a crítica de arte Roberta Smith escreveu um artigo no jornal “The New York Times”, onde situa a pintora entre os grandes: “É a maior retrospetiva de Neel até agora em Nova Iorque e a primeira em 20 anos. Toma conta de metros quadrados preciosos do Met, as Tisch Galleries, que costumam acolher figuras históricas como Michelangelo, Delacroix and Courbet e só agora recebem uma artista mulher. Este tratamento confirma Neel como equivalente ou mesmo como superior a artistas como Lucian Freud e Francis Bacon. Está destinada a um estatuto icónico, como os de Vincent van Gogh e David Hockney.”

No País Basco espanhol, há retratos pintados ao longo das décadas de vida mais difícil e durante o período final em que Neel já era uma artista reconhecida. Muito antes, pintou uma multidão a manifestar-se em Nova Iorque. A palavra de ordem transportada por um dos manifestantes é “Nazis murder jews” (“Os nazis assassinam judeus”) e o quadro está em Bilbau. Quando participou na manifestação e fez esse óleo em 1936, Neel era uma pintora desconhecida. Hitler estava no poder em Berlim, faltavam três anos para o início da II Guerra Mundial. Já neste final de 2021, o pessoal de limpeza protestou à porta do Guggenheim de Bilbau no domingo passado, no contexto de uma greve que dura há meses. Todos tinham T-shirts com esta pergunta: “Is everyone’s work equally important?”».

«Nova Iorque, 1980. O almoço era de gala, de modo a angariar dinheiro para uma escola de música. O mandachuva da bolsa de valores estava entre os convidados. E o choque foi grande perante um quadro ali exposto. Era um autorretrato recente da pintora norte-americana Alice Neel (1900-1984), que também se apresentou para a ocasião gastronómica e social. Neste autorretrato feito aos 80 anos, Neel pintou-se de pincel erguido na mão direita. Como se dirigisse uma orquestra, a partir do cadeirão às riscas onde está sentada. Pormenor importante: com exceção dos óculos, a pintora está nua» . Também de João Pacheco, no Expresso, que como se vê tomámos como legenda do quadro.

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E do que se pode ler no site do Guggenheim Bilbao:

«(...)

INCLUSIÓN

Defensora de las minorías y de los “invisibles”, Neel se centró en la gente anónima, en los inmigrantes, los integrantes de la clase obrera, las prostitutas, los homosexuales y las personas transgénero, y también en artistas, galeristas, curators, etc., independientemente de su procedencia o estatus social.

ACTIVISMO

Sin estar siempre afiliada al Partido Comunista, con frecuencia mostró simpatía por sus ideales. En los años treinta comenzó a frecuentar los círculos comunistas y retrató a varios dirigentes del partido y a intelectuales próximos al mismo. La defensa de los derechos civiles, que refleja su firme preocupación por la justicia social en todos los ámbitos, queda patente en su obra como si de una pintura de historia se tratara.

SEXUALIDAD

Parejas, hombres y, sobre todo, mujeres forman parte de un universo pictórico en el que la sexualidad y la desnudez se muestran con naturalidad y sin prejuicios. Desde una perspectiva femenina y cruda, inexistente hasta entonces en el arte occidental, Neel aborda en su obra temas tabú, como el parto, el embarazo, la maternidad, el erotismo o el deseo sexual».


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