segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Mulheres no Festival de Teatro de Setúbal

 


Veja o Programa do Festival na integra



Sobre o Festival de Teatro de Setúbal podemos ler de JOÃO CARNEIRO no semanário Expresso desta semana - excerto: «(...) O festival abre com um espetáculo de canções, pelos Delamotta — João e Gonçalo Mota (CCJ — Claustros dos Conventos de Jesus, quinta). Mas abre, também, no mesmo dia, com “Mulheres Móveis”, um espetáculo com dramaturgia e encenação de Fernando Moreira; tem a ver com memórias, com testemunhos, com atividades concretas de um grupo de pessoas, num dado momento. Eram mulheres que, no concelho de Paredes, transportavam móveis à cabeça. Mobiliário. Ninguém fala destas coisas, ninguém pensa que falar de mesas, cadeiras, armários e afins tenha a ver, também, com uma maneira de transportar essas coisas, da maneira mais elementar. Com muito esforço, e com pouco proveito. “Mulheres Móveis”, um título quase literal, é um espetáculo de teatro documental. Mas não é só isso. No texto que integra a apresentação do espetáculo, é utilizada a expressão “a pobreza ajuda à fantasia”; é uma expressão que só pode ser usada por quem tem da pobreza uma visão crítica, evidentemente; não se trata de fazer a apologia da desgraça. Mas trata-se, sim, de acrescentar a “fantasia”, no melhor sentido da palavra, a uma pobreza que, além de documento, é transfigurada pela arte, e, muito particularmente, pelas palavras de Tonino Guerra, o grande escritor italiano (FMLT — Fórum Municipal Luísa Todi, quinta). Há outros espetáculos de carácter mais ou menos documental; políticos, no sentido de uma noção alargada do termo “político”. “Heroínas Sem Nomes”, do Grupo Teatral Damba Maria, que lida com o papel das mulheres no processo de pacificação em Angola, através da criação de três personagens emblemáticas — Angola da Paz, Angola das Dores e Angola Corrupta (ESSG — Escola Secundária Sebastião da Gama, dia 19); “Efeito Berbereta”, de Inês Marques e Joana Brito Silva, que encena questões de género e de organização ideológica das relações de parentalidade (ESSG, 24); “Noite”, de Carla Madeira, que convoca narrativas de carácter biográfico para mostrar a génese da intolerância, quer na família quer em grupos sociais alargados (ESSG, 26). (...)».



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