quarta-feira, 26 de julho de 2023

GULBENKIAN | JAZZ EM AGOSTO 2023 | «A ideia de transe pela música e o espaço concedido ao talento feminino marcam a 39ª edição do Jazz em Agosto» | ESCREVE RUI MIGUEL ABREU NO SEMANÁRIO EXPRESSO

 



Excerto do trabalho do semanário Expresso:

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Há, portanto, duas orquestras a emoldurarem um festival em cujo ‘retrato’ é notória uma alargada presença feminina, “consequência natural do quanto a música espelha o contexto social em que nasce”, justifica o programa.

“As coisas estão a mudar um bocadinho”, constata Susana Santos Silva (dia 29, Auditório 2, 18h30), uma das mais destacadas instrumentistas portuguesas na agitada cena internacional das músicas criativas. “Sei que ainda é difícil programar muitas mulheres portuguesas neste contexto específico, mas é muito fácil fazê-lo recorrendo a talento internacional, e isso sente-se na programação deste ano do Jazz em Agosto”, afirma ao Expresso a trompetista que regressa ao evento depois de apresentações em diferentes contextos nos anos anteriores. Além da sua performance a solo em que cruzará projeção de vídeo, eletrónica e uma profunda exploração do seu instrumento — a primeira vez que o faz neste festival —, Susana Santos Silva integrará também o eletrificado ensemble Ekhidna (dia 30, Anfiteatro, 21h30), dirigido pela guitarrista norueguesa Hedvig Mollestad: “Conhecemo-nos num ensemble do Mats Gustafsson”, explica a artista, referindo-se ao Nu-Ensemble, “e ela convidou-me porque queria ter um instrumento acústico no meio de toda aquela eletrónica. É, sem dúvida, dos projetos em que toco aquele em que há mais som em palco. Tenho dois monitores com volume bem alto para me conseguir ouvir. É mesmo uma experiência muito diferente do que costumo ter, muito ‘rock and roll’”, diz-nos Susana Santos Silva, que tocará ao lado de dois bateristas e dois teclistas dirigidos pela guitarrista que a revista inglesa “The Wire” descreveu como “geradora de tempestades”.

ESTRELAS DA IMPROVISAÇÃO

Há mais guitarristas mulheres no festival: Tatiana Paris integra a Red Desert Orchestra, que no ano passado lançou “Eurythmia” na editora portuguesa Clean Feed; Julia Reidy (dia 30, Auditório 2, 18h30) é uma emergente guitarrista australiana que atualmente reside em Berlim e que lançou o aclamado “World in World” na Black Truffle em 2022; e, claro, Mary Halvorson, a líder do coletivo norte-americano Amaryllis (5 de agosto, Anfiteatro, 21h30) que lançou na Nonesuch o duplo álbum “Amaryllis/Belladonna”, que muitas publicações, incluindo o Expresso, destacaram como uma das mais importantes edições de 2022. (...)».


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