quarta-feira, 13 de novembro de 2024

«ALKANTARA FESTIVAL» VAI COMEÇAR | com a «A Noiva e o Boa Noite Cinderela» | 15 NOV 2024 | CULTURGEST | LISBOA

 



«Estou cansado deste caminho solitário e não quero morrer.
— Wayqeycuna, de Tiziano Cruz

Tenho 91 anos e quero fazer amor todos os dias.
— A vida secreta dos velhos, de Mohamed El Khatib


O programa do Alkantara Festival 2024 traz-nos danças e histórias entre a vida e a morte, a morte e a vida. Em algumas propostas, as vidas carregam o peso da violência, do luto, da injustiça. Noutras, há vida e amor até à última respiração.
Estas são realidades que andam lado a lado, muitas vezes de mãos dadas. Nelas encontramos desilusão. Mas também esperança, a possibilidade de versões mais otimistas do futuro. Versões daquilo que o futuro devia ser para mais pessoas, para todas as pessoas. Esse é o nosso sonho radical.
Um futuro em que envelhecemos, sem que ninguém fique pelo caminho.
Um futuro em que aprendemos sobre o tempo. Em que vivemos plenamente nos nossos corpos e no mundo, para além daquilo que esperaram de nós, para além do que esperámos de nós próprios, de nós próprias.
Um futuro em que temos mães e irmãs e filhas. Em que temos amizades que atravessam oceanos e alianças que mantêm o fogo aceso. Temos casas que são nossas, com paredes e memórias intactas. Temos as nossas línguas, todas as línguas. Gal Costa canta.
Um futuro em que aprendemos coisas, que esquecemos ou que ainda não tínhamos aprendido, sobre as árvores e a água. Em que prestamos homenagem à natureza e a quem já não está aqui. Em que há lugar para rituais, ancestrais ou novos.
Um futuro em que ainda sonhamos, ainda escrevemos, ainda dançamos. Ainda nos encontramos. Ainda contamos histórias.
Um futuro em que tu não morreste. Não morreste e não caminhas sozinho.

 

Carla Nobre Sousa & David Cabecinha
(direção artística)

08.10.2024

 *********************




«Na primeira parte de A Noiva e o Boa Noite Cinderela, a artista brasileira Carolina Bianchi percorre a história da arte, em formato palestra, para se debruçar sobre representações e histórias verídicas de mulheres brutalmente violadas e assassinadas. Uma delas é Pippa Bacca, artista italiana morta durante um projeto artístico em que viajava à boleia pela Europa, vestida de noiva.

O que se segue é a confusão entre realidade e fantasia. Carolina Bianchi prepara e toma uma mistura de boa noite cinderela — ou droga da violação, que deixa as suas vítimas inanimadas e completamente indefesas. O seu corpo fica entregue a oito performers do coletivo Cara de Cavalo, com quem cria o espetáculo. Aqui assistimos à realidade depois do trauma, um lugar onde passado e presente colapsam. Uma jornada para um abismo. Um pesadelo.

Contém descrições detalhadas de violência contra mulheres, feminicídio, drogas, violação, lesões autoprovocadas».



Sem comentários:

Enviar um comentário