terça-feira, 2 de junho de 2020

JOÃO MIGUEL FERNANDES JORGE |«À Beira do Mar de Junho»




«(…)
E será de unidade em unidade, de memória em memória, de objeto em objeto, que À Beira do Mar de Junho irá recompor a sua paisagem singular de afetos, partindo do lastro de ausência deixado pelas coisas e pela passagem inexorável do tempo. Daí que os demonstrativos desempenhem na poesia uma função, talvez, timidamente desesperada: o real foge-nos, emudece-nos, ainda que diante a possibilidade de recombinações e acrobacias verbais para entulhar o horror ao vazio e ao silêncio – mas escrevendo-se “este rosto” sonha-se com uma proximidade, um efeito de evidência. A palavra fixa ilusoriamente o que está por natureza em insolvente travessia, garantindo-nos uma sobrevivência, uma pequena vida excedente à tirania da morte: “Olhar limpo tudo / o que não vai morrer / connosco”. (...)».



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