A Beleza sensual das Doce retratada no filme "Bem Bom" (que já está nos cinemas). Leia mais.
Está insuflado por uma estética do brilho, usual na publicidade, e por uma energia videoclípica (apoiadas na experiência do diretor de fotografia, João de Botelho, em tais matérias), em particular nos momentos musicais que preenchem boa parte de “Bem Bom”. Mas quando pausa, quando volta ao que poderemos chamar ‘vida verdadeira’, o filme instila uma realidade áspera, terra a terra, zona de sombra, onde até a paga devida pelas vendas dos discos ou pelos espetáculos é regateada, quando não sofrida.
Digamos que a mão de Patrícia Sequeira balança entre os ímpetos a que as canções e a imagem das Doce apelam e o freio sem o qual o seu filme poderia ser uma banal futilidade. Encontra um justo equilíbrio, até na ponderação entre duas forças contrárias que lá se defrontam. De um lado, o facto de as Doce serem o produto acabado de um certo imaginário masculino, bonecas que sabem ser objetos de desejo, a cantar letras provocantes; do outro, a assunção de um poder feminino com potencial emancipatório na sociedade portuguesa do princípio dos anos 80 que encontra a melhor cristalização no desfecho daquele refrão (“OK põe-me KO/ OK se fores capaz/ OK põe-me KO/ Se souberes como se faz/ Mas se não... então, deixa-me em paz”). A câmara olha, muitas vezes com insistência, para as ancas das artistas? É pecado venial. / JORGE LEITÃO RAMOS».
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