domingo, 4 de julho de 2021

VOLTEMOS À EXPOSIÇÃO «TUDO O QUE EU QUERO» INCLUÍDA NO PROGRAMA CULTURAL DA PRESIDÊNCIA PORTUGUESA DO CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA | o núcleo «As Mulheres do Meu País»


 Voltamos à exposição «Tudo o que eu quero» - que pode ser vista (Entrada Gratuita) na Gulbenkian  até ao próximo dia 23 de agosto  - incluída no Programa Cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia - veja aqui. Hoje destacamos o núcleo «As Mulheres do Meu País»: 

«Um dos mais extraordinários gestos a favor do conhecimento e da afirmação das mulheres num país deprimido e subjugado por um regime autoritário e por normas morais machistas, o projeto As Mulheres do Meu País, de Maria Lamas, reúne uma extensa recolha de imagens através das quais a autora faz um relato pormenorizado dos costumes, das atividades e das condições de vida das mulheres portuguesas em meados do século XX.

Tendo uma inesperada relação com os projetos fotográficos que deram corpo à chamada Nova Objetividade – com o trabalho de Walker Evans para a Farm Security Administration em posição de destaque – este livro é, mais do que um criterioso e aturado retrato, uma homenagem de Maria Lamas às suas compatriotas, um tributo ao lado mais heroico e abnegado da população portuguesa e uma denúncia do profundo desconhecimento e desconsideração coletiva a que esse mesmo lado tantas vezes é votado».

A exposição também está no Google. Sobre Maria Lamas aqui.

Ainda a propósito do núcleo «As Mulheres do Meu País» visite o Blogue de Alexandre Pomar: Maria Lamas 2021. Excerto: 

«É com muito agrado que vejo a Maria Lamas incluída na exp. "TUDO O QUE EU QUERO - Artistas Portuguesas de 1900 a 2020" que vai inaugurar na Gulbenkian no dia 2. Desde 2008, pelo menos, que fui escrevendo no blog sobre as fotografias que fez para "As Mulheres do meu País" e sobre outras que escolheu para a publicação em fascículos de 1949-50. Muito bem reeditada em facsímili pela Caminho em 2004, com recurso às provas originais (ed. esgotada e últimos exemplares guilhotinados pela Leya.

Em 1947, quando Maria Lamas dá início às suas viagens pelo país para a publicação do inquérito-reportagem 'As Mulheres do Meu País', tem 53 anos, e fora até há pouco directora com muito êxito da revista 'Modas e Bordados', do 'Século', jornalista e romancista - daí afastada por razões políticas. "Resolvi arranjar uma máquina e ser eu, também, fotógrafa", lê-se numa notícia publicada no boletim 'Ler - informação bibliográfica', das Publicações Europa-América (Maio-Junho 1948, pág. 10).

"A obtenção de fotografias, confessa, foi uma das maiores dificuldades que encontrou, pois queria-as ‘verdadeiras, expressivas, com valor documental e inéditas’. Acabará por assumir-se como repórter fotográfica, num trabalho pioneiro" – escreveu-se no ‘O Primeiro de Janeiro', Porto, 28 de Abril de 1948 (entrevista na pág. "Das artes e das letras"). Além das suas fotos escolheu centenas de outras de arquivos que conhecia bem. Mas o livro fotográfico passou em silêncio, mesmo na história do António Sena.

Os seus numerosos retratos de mulheres devem ser vistos como uma grande aventura fotográfica, com um sentido de documentário social, de denúncia e de esperança ou optimismo que tem de ser associado ao neo-realismo, como uma contribuição muitíssimo original (mesmo se não se falou à época de neo-realismo fotográfico). Nunca foram expostas até adiantados os anos 2000 (e seguramente não foram no seu tempo pensados como objecto de exposição, ou colecção, ou edição autónoma), e nem mesmo foram incluídos ou referenciados, ao que julgo, nas exposições documentais tardias sobre Maria Lamas. A fotografia tem por vezes esses invisíveis. (...)». É de lá a fotografia seguinte:



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