segunda-feira, 26 de julho de 2021

ISSA WATANABE |«Migrantes» | "um livro silencioso e um poema ilustrado. Onde a coragem e a esperança são a jangada; onde a empatia e o amor são a nossa salvação"

 


«Quantas fronteiras teremos de cruzar para chegar a casa?»
Theo Angelopoulos

«Migrantes, refugiados, deslocados. Órfãos e viúvas, filhas e pais.Naufragados? Resgatados? Apátridas, desaparecidos, ilegais. Campos e montanhas, rios e correntes, mares e muros. Êxodo, guerra, terror. Fome. Crise? Pacto? Direitos humanos? Silêncio.Migrantes, um livro silencioso e um poema ilustrado. Onde a coragem e a esperança são a jangada; onde a empatia e o amor são a nossa salvação. PRÉMIO SORCIÈRES 2021».Saiba mais.

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No semanário Expresso (revista) desta semana: «(...). Quando surge um livro como “Migrantes”, as categorias desarrumam-se, com proveito para quem acredita que os livros, não tendo de servir para nada, ganham muito em ser fonte de inquietação, questionamento e confronto. Sem palavras, a narrativa que a artista peruana Issa Watanabe cria é aberta, quer no desenlace, quer ao longo dos seus diferentes passos. Um conjunto de animais prepara-se para uma travessia sob os augúrios de um enorme íbis — esse animal que a mitologia egípcia consagrou à sabedoria e a Bíblia às capacidades divinatórias — e de uma representação óbvia da morte, um esqueleto de vestido florido que não cumpre tanto o papel de ameaça mas antes o de incontornável presença, um memento mori. Há uma beleza delicada no realismo que compõe as feições dos animais, em contraste com o fundo negro onde tudo pode habitar — perigo, esperança, nada. Depois da travessia, representada com gestos e fisionomias que demonstram o seu risco, alguns animais perecem e são recolhidos pelos companheiros. Outros salvam-se com a ajuda de quem os acompanha ou recebe. As imagens das pessoas que tentam atravessar o mar rumo à Europa são convocadas, pelo menos por um leitor adulto, que saberá ler nelas a imagem de outras travessias, mais antigas. Este livro merece o exercício da leitura de imagens sem a desvalorização que lhe é associada, merecendo igualmente leituras partilhadas com os mais novos. É a eles que se dirige, mas talvez este seja sobretudo um livro feito ponto de encontro, confirmando que partilhar inquietações é uma das formas mais proveitosas de ler. / SARA FIGUEIREDO COSTA


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