Excerto:
«Quando comecei a escrever este texto pensei em chamar-lhe, como título, algo do tipo: «As armadilhas obscurantistas do pós-modernismo académico e o seu papel nada inocente na alienação de movimentos sociais como o feminismo contemporâneo tendo como zonas de guerra os temas prostituição e género». Às tantas, senti que corria o risco de se tornar um título demasiado longo. Sendo este o meu primeiro contributo no Manifesto74, não quis parecer aquilo que sou: uma mulher comunista zangada e snobe. Optei por uma solução mais sintética, mas será sobre tudo isto que tratarão os meus cinco cêntimos para a discussão.
Coloquialismos à parte, vamos aos assuntos sérios.
Como abolicionista que sou, só posso estar na linha da frente no momento de reivindicar estratégias nacionais de saída da prostituição, com todos os acompanhamentos necessários (psicológicos, jurídicos, sociais, etc..), fazendo pressão política para que se consigam alterações na lei ou, sendo mais preciso, fazendo pressão para que se efetuem medidas já previstas em tratados internacionais que Portugal assinou e com os quais está, por isso, comprometido. É exemplo disso a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, assinada por Portugal em 1980, e da qual ainda não vimos efetivadas medidas como o seu artigo 6º: «Os Estados Partes tomam todas as medidas apropriadas, incluindo disposições legislativas, para suprimir todas as formas de tráfico das mulheres e de exploração da prostituição das mulheres». É importante lembrar, para não esquecer, que esta é uma bota que o governo não descalça tão facilmente, apesar de um ou outro partido (a Juventude Socialista e o Bloco de Esquerda) atirar o barro da regulamentação à parede. (...)».
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