quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Numa entrevista a Henrique Tavares Ferreira | «a domesticidade»

 



« (...)Neste projeto despertou também um conceito que o tem acompanhado desde então, a domesticidade.

Na verdade acontece ainda antes, quando estava em residência em Alpedrinha, no Fundão, vila onde anualmente se comemora a transumância: uma tradição secular ibérica que celebra a passagem do pastoreio ovino/caprino da montanha para o vale, e vice-versa. É aí que começo a dedicar-me ao natural e ao humano, ao que é da natureza e ao que é transformado, tanto em simbiose, como em rutura total. Mais uma vez a atração pelo arquitetónico e o sociológico: as casas de recolha dos rebanhos, a receção dos pastores, a comemoração… Debruço-me sobre a arquitetura, mas interessa-me retirar-lhe o caráter formal do desenho, e vê-la pelo seu lado mais emocional, de quem a ocupa, as suas razões, adaptações, usos… Veja-se o domus na antiga Roma – a casa, o local de proteção do exterior. Uma privacidade arquitetónica com função de resguardar o amor, o ócio, a doença, a intimidade. Isto levou-me a pensar o quarto/cama como sendo o espaço mais íntimo e a recorrer a referências deste espaço e das ações que lá ocorrem, desde o nascimento à morte; cuja materialização abarca elementos deste mesmo imaginário como lençóis, bordados, rendas… (...)». Veja mais.





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