sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

UM ARTIGO QUASE MANIFESTO QUE PODE SER PONTO DE PARTIDA PARA REFLETIR O PAPEL DAS MULHERES NO MUNDO DE HOJE |«2024: o reinado das mulheres num mundo pouco verde brat» |É DE MARIANA DUARTE NO JORNAL PÚBLICO

 


Como se pode ver o trabalho é «exclusivo» mas temos ideia que há possibilidades gratuitas. Ao nosso olhar,  é um artigo a não perder. Extenso, com ligações, que prende. De que precisávamos. Centra-se na música mas facilmente pode ser ampliado. Passagem:


«(...)Por um lado, é relativamente seguro afirmar que a indústria musical tem vindo a caminhar para um cenário mais equilibrado, não só em termos de género, mas também do ponto de vista racial. De acordo com um relatório publicado este ano pela Annenberg Inclusion Initiative da Universidade do Sul da Califórnia, “pelo segundo ano consecutivo a percentagem de mulheres artistas nas tabelas de popularidade aumentou após anos de estagnação”, sendo que os números actuais “ainda estão longe de representar os 50% de mulheres na população e no público melómano”.
Por outro lado, o desafio de entrar no circuito, manter um lugar e receber honorários justos continua a ser uma batalha – sobretudo na cadeia alimentar abaixo das estrelas pop e dos/as poucos/as que conseguem obter retorno financeiro em plataformas de streaming como o Spotify, cujas políticas de remuneração são, no mínimo, vampíricas. Segundo o inquérito Be The Change: Women Making Music, também deste ano, 81% das entrevistadas considera ser mais complicado para as mulheres navegar os meandros da indústria musical, identificando como principais barreiras o assédio sexual, a misoginia e o domínio masculino nos cargos de poder.
Optimismo? Pessimismo? Se sairmos da bolha – sorry not sorry, mas é nela que estamos, mesmo se ouvirmos Beyoncé ou Charli XCX todos os dias –, é difícil não ceder ao desencanto, mesmo com todas as conquistas do movimento #MeToo. À boleia da ascensão da extrema-direita, a misoginia violenta, que nunca se evaporou, está a sair da toca e dos cantos escuros da Internet.
Está a ganhar eleições, a receber palmadinhas nas costas em praça pública, a ganhar tracção no mundo digital (hoje, o mais real), do Telegram a redes sociais com o TikTok, onde se multiplicam fóruns de incels e grupos de exploração sexual ou de exposição não consentida de fotografias íntimas de mulheres. E sim, muitos dos participantes da chamada "manosfera" pertencem à Geração Z, a mesma sem a qual não teria sido possível o triunfo do brat summer desbragadamente queer e libertário, galvanizante e party animal de Charli XCX (brat significa pirralho/a, mas por causa da cantora e compositora britânica até o dicionário Collins já redefiniu o termo para “atitude confiante, independente e hedonista”). (...)».


Na nossa leitura, é mesmo bom, este trabalho. Em especial, CIG - Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género - e organizações equivalentes, não o ignorem. Na nossa avaliação bom contributo para revolucionar a intervenção, nomeadamente institucional, na esfera da(s) IGUALDADE(S). Em torno da Cultura e das Artes. Ministério da Cultura, façam a vossa parte. Voltamos a perguntar, onde temos, por exemplo, um PLANO PARA A IGUALDADE NO SETOR? O que é feito dos esforços passados nesse sentido? 

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