São
sobretudo menores, de nacionalidade romena e maioritariamente do sexo feminino
as principais vítimas das redes de tráfico humano forçadas à prática de
mendicidade em Portugal, diz Marta Pereira, coordenadora nacional das respostas
de assistência a vítimas de tráfico de seres humanos da Associação para o
Planeamento da Família (APF). Ainda assim, recusa traçar um perfil-tipo das
vítimas porque as redes e formas de operação “estão sempre a mudar”.
“Estamos
a falar de menores muito jovens, de 10, 11, 12 anos”, refere, acrescentando que
associados estão crimes como servidão e escravidão doméstica, abuso sexual ou
casamento forçado. “Durante este período de exploração há violações constantes,
surgem gravidezes, por vezes precoces e na adolescência, que acontecem
sucessivamente. Paralelamente a esta exploração há ainda os bebés dessas
gravidezes. Portanto, uma só pessoa tem muita rentabilidade nas mãos destes
exploradores.”
Marta
Pereira relata que Portugal é também país de origem de vítimas, com cidadãos
portugueses (menores e adultos) a serem levados para o estrangeiro em situações
de exploração, e de local de passagem para fazer chegar as vítimas a outros
territórios. “Portugal é um país na rota do tráfico.”
Foi
neste contexto que uma rapariga romena de 15 anos foi sinalizada numa rua de
Viseu em 2019. Foi levada pelas autoridades e internada na maternidade Júlio
Dinis, mas antes mesmo de entrar em trabalho de parto foi retirada do hospital
por duas mulheres já identificadas que pertencem à rede de tráfico. Seis anos
depois, foi encontrada na Geórgia, sem o bebé».
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