domingo, 21 de novembro de 2021

«DIVAS DO CINEMA ITALIANO»|ciclo a decorrer na Cinemateca até ao próximo dia 30

 

Recorte do artigo de Jorge Leitão Ramos no semanário Expresso.

De lá:«(...)As divas no cinema transalpino — outrora um dos mais poderosos da Europa — é, como se vê, um fenómeno de sempre e está a ser celebrado pela Cinemateca Portuguesa, numa parceria com a Festa do Cinema Italiano. Nunca o termo ‘festa’ pareceu mais adequado. Há que vê-las, deidades de um tempo que se esvaiu quando, de Roma a Milão, de Turim a Nápoles, as televisões desreguladas tomaram conta de tudo. Felizmente, os filmes ficam, enquanto as Cinematecas fizerem o trabalho de os preservar. 

Antes de todas, acima de todas, magna mater, Sophia Loren. É a diva com a rota mais típica e jubilosa, nascida em pobre família napolitana, sem pai à vista, belíssima e a usar essa beleza para ser notada. Tem 16 anos, em 1950, quando concorre a Miss Itália — e não ganha. Queda-se pelo troféu secundário de Miss Elegância, o bastante para que fique debaixo de olho de gente que abre portas no cinema. Pequeníssimos papéis que vão definitivamente aumentar quando, em 1951, conhece Carlo Ponti, que a põe sob contrato e lhe impulsiona carreira, fama e proveitos. Muda-lhe o nome — ela que fora Sciocolone, depois Lazzaro, ficaria Loren, nas fitas, para todo o sempre — e muda-lhe a vida. E Sophia vai revelar um prodigioso talento, bem para lá dos dotes físicos com que nascera. Chegará ao cinema americano e ao Óscar — todavia, com um filme italiano de um realizador chave: “La Ciociara”, de Vittorio De Sica (1960). Obra a ver, na Cinemateca, dia 22, às 15h30. Para ficar com vontade de uma retrospetiva onde não faltam obras-primas. (...)».

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Do site da Cinemateca: «Quase a fechar um ano de programação que teve já dois momentos muito importantes dedicados a Itália (com os Ciclos Cinema Italiano, Lado B e Cecilia Mangini), a Cinemateca regressa a esta cinematografia para celebrar algumas das suas mais afamadas intérpretes.
Terá sido no cinema italiano que se deu a conhecer o primeiro star system, dando a alguns protagonistas dos filmes do princípio da década de 1910 um estatuto de especial relevância não só nas narrativas, mas na utilização dessa excecionalidade na relação com o público e enquanto instrumento de marketing muito eficaz. No caso das primeiras mulheres que tiveram esse estatuto, o termo diva (tomado de empréstimo à reputação da ópera e à popularidade das suas maiores intérpretes femininas) ficou como sinónimo do resultado da fusão entre a personalidade carismática de uma atriz e das personagens bigger than life que interpretou, ao ponto de uma e outra dimensão serem indissociáveis (é dessa matéria que se faz uma estrela de cinema como dizia Edgar Morin no seu seminal Les stars). Embora com muitas mudanças e atualizações ao longo da sua história, a importância das divas no cinema italiano permaneceu um elemento de continuidade no imaginário popular dos seus espectadores, dentro e fora de Itália.
O presente Ciclo, coorganizado pela Cinemateca e pela Festa do Cinema Italiano, este ano na sua 14ª edição, traça uma genealogia das divas do cinema italiano, percorrendo cerca de 100 anos dessa cinematografia ao sabor dos nomes das suas atrizes mais consagradas, capazes de disputar a primazia do público com as grandes vedetas americanas ou francesas das mesmas épocas (para ficar apenas pelas duas outras cinematografias que mais marcaram o imaginário popular em Portugal). Num programa com 22 títulos em que tentámos evitar as obras mais conhecidas da carreira de cada diva nele representado (metade dos filmes são inéditos na Cinemateca), veremos a evolução desta classe especial de atrizes desde as primeiras divas do mudo (Lyda Borelli, Francesca Bertini, Pina Menichelli)  até às estrelas de décadas mais próximas de nós (Ornella Muti, Valeria Golino), passando pelas vedetas da “idade de ouro“ do cinema italiano dos anos de 1950 a 1970 (uma longa lista, mas mesmo assim necessariamente incompleta, que inclui os nomes de Anna Magnani, Sophia Loren, Gina Lollobrigida, Alida Valli, Silvana Mangano, Stefania Sandrelli, Claudia Cardinale, Giulietta Masina, Virna Lisi, Mariangela Melato e Monica Vitti).
Complementarmente ao programa de filmes, a Cinemateca acolhe uma conferência do antropólogo Maurizio Bettini sobre o tema do Ciclo e a Festa do Cinema Italiano organiza a exposição fotográfica “Photocall - Atrizes do Cinema Italiano”, realizada em colaboração com o Museu de Cinema de Turim, na Sociedade Nacional de Belas Artes a partir de 5 de novembro». Veja a Programação.


 

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