«1926-2022 Uma das melhores atrizes gregas da sua geração
Acossada pela doença de Alzheimer desde 2013 e há muito afastada de olhares e convívios públicos, Irene Papas (ou Pappas, ou Pappás), considerada uma das melhores actrizes gregas da sua geração, faleceu dia 14 passado em Chiliomodi, aldeia nos arredores de Corinto, ao Peloponeso, onde nascera 96 anos antes e que escolhera como refúgio nos últimos tempos de vida.
Era filha de uma professora primária, Eleni Prevezanou, e seu pai, Stavros Lelekos, dava aulas de teatro clássico em Corinto, sendo essa, provavelmente, a razão explicativa para o facto de Irene ter desde criança a paixão das artes cénicas, primeiro na companhia de bonecas de trapos que ela própria fabricava e depois, a partir dos 15 anos, como aluna da Real Escola de Arte Dramática de Atenas, cidade para onde a família se mudara tinha ela sete anos. Aos 18 já encarnava Electra e Lady Macbeth em palco, mas o seu primeiro papel profissional só surgiria em 1948, o ano em que se formou — e foi o de uma socialite atontada numa comédia musical.
Nesse mesmo ano estreou-se no cinema com um pequeno papel em “Hamenoi Angeloi” (“Anjos Caídos”), de Nikos Tisforos, mas a fama só viria em 1952, com o filme “Cidade Morta”, de Frixos Iliasis, que a levou até ao Festival de Cannes, onde seria fotografada na companhia de Aga Khan IV, um descendente do Profeta que nunca desdenhou as delícias profanas. De seguida, meteu-se na pele de muitas mulheres clássicas, quase todas gregas e trágicas, de Antígona a Clitemenestra, passando por Electra ou Helena de Tróia (esta no filme “As Troianas”, de 1968, em que, numa das melhores interpretações da sua carreira, contracenou ao lado de Katharine Hepburn, que a qualificou como “uma das melhores actrizes da história do cinema” e de quem ficaria amiga íntima). (...)». António Araujo, no Expresso desta semana
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