E da intervenção de ontem de Jerónimo de Sousa no museu do Neo-Realismo:
«(...)Sofia Ferreira nasceu em Alhandra no dia 1 de Maio de 1922. Filha de trabalhadores agrícolas, apenas com 10 anos conheceu as durezas do trabalho nas lezírias do Ribatejo. Esse mundo do proletariado rural, particularmente explorado na dureza da faina exercida, de sol a sol. Essa vida que a actividade criadora dos autores e artistas na pluralidade das suas vozes, que este Museu do Neo-Realismo que nos acolhe representa, projectaram reflectindo o mundo objectivo do trabalho nos campos, nas fábricas, nas pescas e da vida da parte maioritária do povo que por aqui e por outras paragens mourejava, que tinha salários infames, assolado pela miséria e pela violência dos poderes dominantes.
Sim, Sofia Ferreira que nasceu nestas terras de inspiração de Soeiro Pereira Gomes bem podia, em criança, ser uma daquelas personagens dos seus livros que não tiveram tempo de ser meninos.
Cedo foi levada para Lisboa para trabalhar numa casa particular, como empregada doméstica. O contacto com a sua família de comunistas, em particular com as suas irmãs, nunca se perdeu. Foi através delas e da Organização de Vila Franca de Xira que tomou contacto com o Partido. A separação dos pais, já idosos, e com duas filhas já na luta clandestina do Partido, não foi fácil.
Sofia Ferreira adere ao PCP em 1945. Aderiu num tempo negro, marcado pela opressão generalizada, mas também por intensas lutas, muitas das quais com forte expressão nesta região de Vila Franca de Xira.
Aderiu ao PCP num momento político crucial no plano internacional marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial e pela derrota do fascismo na guerra, e no plano interno por uma crescente afirmação do PCP como a grande força da resistência ao fascismo no nosso País e pronta para todos os combates. Combates que exigiam organização, quadros valorosos e ligação estreita à classe operária, ao campesinato, às mais diversas camadas do nosso povo.
Sofia Ferreira entra na clandestinidade, como funcionária do Partido, tinha 24 anos, um ano após ter vindo ao Partido no quadro desta exigência da luta, exercendo tarefas numa tipografia clandestina na Figueira da Foz onde se imprimia O Militante e outras obras do Partido. (...)». Pode ler na integra aqui.
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