«O ciclone Sitrang aproxima-se. Nos postes, duas bandeiras vermelhas com quadrados pretos ao centro avisam da força da tempestade. Pior, só quando içarem a terceira. As palmeiras abanam, o céu está fechado, há muita agitação nas ruas. Homens andam de megafone em punho avisando quem passa para ficar abrigado. Reforçam-se pontes e caminhos onde possa haver algum deslizamento de terras.
Por agora, as crianças brincam com o vento. Um pau, um saco de plástico atado numa ponta e uma correria sem destino que faz encher o saco transparente como se fosse um balão vistoso. Riem e falam alto, descalças, quase sem roupa. A pele morena e os cabelos rapados, eles, os lábios vermelhos e pinturas amarelas nas bochechas, elas. Seja em que local for, naqueles 13 quilómetros quadrados de campos que albergam quase um milhão de refugiados rohingya na província de Cox’s Bazar, no Bangladesh, o som que se ouve é o das crianças. A rir, a gritar, a brincar. A chorar muitas vezes. (...)»
Mais adiante: «(...)Toda a vida de Jannat foi, até agora, condicionada pelo incontornável facto de ter nascido mulher. Como ela, milhares de refugiadas rohingya vivem condicionadas pela sharia, a lei muçulmana que as coloca num patamar inferior ao dos homens, donos de todas as liberdades e donos delas também. (...)».
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