Sobre o espetáculo
«dirty shoes don’t go to heaven mistura textos da dramaturgia clássica grega que afloram o tema da mulher na sociedade clássica e com um olhar específico para os textos que foram usados e levados à cena por Fernanda Lapa, fundadora e directora da companhia Escola de Mulheres até 2020. Mais do que querer ser algum tipo de espectáculo-homenagem a uma pessoa ou a uma obra, dirty shoes (…) toma para si um assunto tão fundamental e canónico na tradição teatral ocidental, a tragédia grega clássica, como matéria de actor, primeiro, para a partir daí tratar em intertextualidade os diferentes arquétipos femininos e masculinos, trágicos, numa incursão prática sobre o imaginário da tragédia clássica e da sua iconografia, da sua função enquanto evento performativo e socializante, esboçando uma perspectiva feminina sobre a situação da personagem trágica – onde sempre estão presentes a morte e a perda como motores da lírica apiedante da tragédia.
Uma revisitação estilística de cânones temáticos e formais para a constituição de um discurso cerimonial, dramático, melodramático – no sentido etimológico da palavra – coral, brincado e jogado para dar voz à riqueza de registos e expedientes dramáticos da tragediografia grega e ao pensamento que os seus autores exercem sobre as “leis divinas” que regem a psique e a sociedade humanas.(...)».Leia na integra.
«sobre o
projeto artístico da companhia para 2023
Desenhamos para o quadriénio de 2023-2026
um projeto artístico assente na temática da MEMÓRIA, transversal a toda a atividade
da Escola de Mulheres, da criação à programação. Neste ano e tendo por
referência os textos da Tragédia Clássica que marcaram, desde sempre, o
percurso da companhia e de Fernanda Lapa, sua directora artística até à data da
sua morte em 2020, consideramos ser o momento para os revisitarmos em duas
novas criações, uma pela mão de David Pereira Bastos, encenador convidado e
outra pela de Marta Lapa, directora artística da companhia.
Se nesta primeira criação, dirty
shoes don’t go to heaven, a dramaturgia é criada a partir
dos textos clássicos de algumas das obras de Eurípides (As Bacantes; As
Troianas e Hécuba) e de Sófocles (Antígona), na
segunda, a estrear em outubro, em coprodução com o Teatro Diogo Bernardes, em
Ponte de Lima, convidamos a autora Lígia Soares a escrever um texto inédito
inspirado na figura das Mulheres Trágicas, uma aposta constante da companhia no
fomento da escrita original para ser levada à cena.
São vários os textos de Tragédia Clássica
levados à cena pela companhia com encenação de Fernanda Lapa: As
Bacantes, espetáculo que marcou o nascimento da companhia em 1995, no
âmbito dos encontros ACARTE; Medeia (Teatro Nacional D. Maria
II - 2006) e Hécuba, o sofrimento desmedido (coprodução Escola
de Mulheres e São Luiz Teatro Municipal - 2015), textos de Eurípides, autor de
eleição da encenadora. O último levado à cena pela companhia, em 2017,
foi As Fúrias, ou de como o pai matou a mãe, a partir de As
Euménides, de Ésquilo.
Marta Lapa e Ruy Malheiro»
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