sexta-feira, 26 de maio de 2023

«Elas quebraram o tabu do envelhecimento»


 


«Envelhecer já não é o que era e pode até ser fashion. Recuemos meia dúzia de anos quando a revista feminina norte-americana Allure baniu o termo antienvelhecimento do seu vocabulário. Isso fez as pessoas falarem. Bastante. Em todo o mundo. Provocou discussões sobre a linguagem e o sexismo no envelhecimento. É certo que as atitudes não se transformam de um dia para o outro, mas este movimento pela aceitação da idade está a tornar-se cada vez numa tendência global. A prova disso é que aos 81 e aos 106 anos duas mulheres fizeram história ao tornarem-se as modelos mais velhas de sempre a posarem para as capas de duas revistas de referência.  
Apresentadora de programas icónicos de culinária e decoração, cozinheira e guru de lifestyle, Martha Stewart é a estrela deste mês da edição especial dedicada a fatos de banho da Sports Illustrated Swimsuit, publicada anualmente por esta revista de desporto. Aos 81 anos, Martha Stewart prova que as mulheres se podem reinventar as vezes que entenderem. “A minha motivação foi mostrar que as mulheres da minha idade ainda podem ser bonitas e sentir-se bem”, declarou num vídeo promocional da revista. A empresária norte-americana, que foi modelo durante a adolescência e corretora de investimentos em Wall Street, viu a sua fama crescer na década de 1980 quando se tornou numa chef de renome, e o seu negócio de lifestyle se transformou num império milionário, em menos de uma década. Depois de se ver envolvida num escândalo de venda de ações e de ter sido presa, em 2004, tem procurado reconstruir a carreira e a sua imagem pública com vários projetos televisivos e nas redes sociais. 

Apo Whang-Od nasceu há 106 anos nas Filipinas e ao título de tatuadora mais antiga do seu país junta agora o de mulher mais velha de sempre na capa da prestigiada revista Vogue. A fotografia do seu corpo tatuado, que protagonizou a edição filipina de abril, tem corrido mundo e não deixa ninguém indiferente. Mais do que contar a sua história de vida, Apo quer dar a conhecer as batok, as tatuagens tradicionais das Filipinas, que aprendeu a fazer com o pai, aos 16 anos, tornando-se na primeira mulher mambok — nome dado aos tatuadores — no país. Agora, é a última da sua geração que ainda faz tatuagens, ensina a sua arte às sobrinhas e garante que só vai parar de tatuar quando já não conseguir ver mais. Em declarações à CNN, a editora executiva da Vogue filipina, Bea Valdes, afirma que a tatuadora indígena centenária representa os ideais do que há de belo na cultura filipina. “O conceito de beleza precisa de evoluir e de se tornar mais inclusivo e com rostos diversos"». 

        (Newsletter de 26 MAIO 2023 da EXECUTIVA)


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