Sinopse
Da autora mais provocadora da literatura francesa, um romance atual sobre a violência das relações humanas.
Rebecca tem 50 anos, é uma atriz famosa e, embora se ache mais atraente do que nunca, começa a sentir na sua própria pele a discriminação da indústria cinematográfica. Oscar é um escritor só um pouco mais novo do que ela, cuja vida pessoal e carreira se encontram num caos ao descobrir-se no centro do mais recente escândalo MeToo. Zoé Katana, feminista e bloguista, é a jovem vítima que regressou do passado para finalmente ajustar contas com ele.
Regresso aguardado e festejado de Virginie Despentes, Caro Idiota é um romance epistolar dos nossos tempos que aborda temas e episódios atuais, um livro de raiva e consolo sobre a violência das relações humanas.
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No semanário Expresso desta semana temos uma entrevista com Virginie Despentes, por Cristina Margato:
«Numa época em
que grande parte das mulheres se convencia de que não precisava de embarcar em
manifestos feministas, por acreditar que a luta estava ganha, pelo menos no
Ocidente, Virginie Despentes fazia questão de lembrar que o feminino era também
o “sexo do medo”. O movimento #metoo, e tudo o que este haveria de revelar,
estava então bem distante, mas a escritora francesa transportava no corpo,
desde a adolescência, a violação, a humilhação, o nojo. Com a publicação de
“Baise-moi”, em 1993, descobriu que muitas outras mulheres, tal como ela,
haviam sofrido o mesmo, e foi isso que a fez olhar para a base do icebergue. A
violação, um “risco inerente à condição de mulheres” e à expressão da
liberdade, correspondia a um trauma que, ao contrário de todos os outros, não
era confessável, “não entrava na literatura”. “Baise-moi” e a universidade
punk-rock, enquanto lugar onde aprendeu a quebrar os códigos estabelecidos,
criou a escritora, mas também a pensadora que haveria de escrever o
ensaio-manifesto feminista “Teoria King Kong”. Livro no qual Virginie Despentes
deixou claro que o corpo da mulher nunca deixou de ser um lugar de violência e
de construção de virilidade. Depois apareceu o thriller punk-rock “Vernon
Subutex 1” e “Vernon Subutex 2”, finalistas do Booker Prize, levados a palco,
por Thomas Ostermeier, na Schaubühne de Berlim, e uma série francesa de
televisão, com o mesmo nome. Durante mais de dez anos partilhou a vida com Paul
B. Preciado, outro grande teórico das questões de género, com quem colaborou em
“Orlando”. Acaba de lançar “Caro Idiota”, um livro que já incorpora a visão
#metoo e que é pretexto para esta conversa. (...)». Se puder não perca a entrevista na integra.
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