«(...) Pode ser porque o país se tornou mais realista. Grande parte dos nascidos em 70 com uma história digna de ser ouvida ainda vem do privilégio. Os Filhos da Madrugada ainda são, sobretudo, filhos da burguesia. Se insistem tanto nos que tiveram uma história de sucesso, pode bem ser porque a geração de 70 também conta a história de um momento em que se acreditou que todos podiam superar as suas circunstâncias. Uma ilusão que, a partir dos anos 90 e com o virar do século, os números encarregaram-se de desmentir. O país sabe hoje que a pobreza cola de tal forma aos pés dos mais desfavorecidos, que são precisas cinco gerações de falhanços para que apareça a tal história de sucesso. Aprendeu que não chega abrir as portas da escola para que todos os que aí entram tenham as mesmas oportunidades. É também preciso ir ao encontro dos que nasceram no lugar errado e dar-lhes as cartas que raramente têm na mão. (...) - Recorte do artigo de opinião UM PAÍS QUE JÁ NÃO PROMETE de Eugénia Galvão Teles no semanário Expresso desta semana.
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