«A EXPOSIÇÃO
Boas
Raparigas. Lamego nas décadas de 1930-1950 por Manuel Pinheiro da Rocha parte
de um conjunto de imagens recolhidas em Lamego, pelo fotógrafo Manuel Pinheiro da Rocha,
um alfaiate que nasce em Lamego, na freguesia de Britiande, em 1893, e que aos
18 anos de idade se muda para o Porto, onde se fixa na rua de Santa Catarina,
como alfaiate e amador de fotografia, por influência do fotógrafo Domingos de
Alvão, que tinha o seu estabelecimento no mesmo prédio da alfaiataria.
Na fotografia,
era primoroso. Um génio. Tinha as melhores lentes, pois dizia que a máquina
estava para o fotógrafo como o pincel para o pintor, escreveria o
filho, Fernando Pinheiro da Rocha, sobre o pai. Com efeito, a amizade com o
fotógrafo e outros conhecidos artistas do seu tempo, como Joaquim Lopes, Acácio
Lino, Jaime Isidoro, Teixeira Lopes ou António Fernandes, com quem
habitualmente dava passeios para pintar e fotografar, seriam decisivos para o
seu percurso na fotografia. Foi sócio fundador da Associação Fotográfica do
Porto e presidente do Grémio Português de Fotografia. Participou em inúmeros
salões de Fotografia, realizado não só em Portugal, mas também pela Europa e
EUA, e expos individualmente, na Galeria António Carneiro (1953), no Clube de
Lamego (1956) e na Sociedade de Belas-Artes de Lisboa (1962). Colaborou em
várias publicações: Boletim da Casa Regional da Beiradouro, A
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e no livro Porto
Capital do Norte – Origem de Portugal (1963). No cinema, colaborou no
documentário de Arthur Duarte e João Moreira, Barqueiros do Douro e
na revista Movimento sobre Cinema.
Sem nunca perder de mira as suas
raízes, Manuel Pinheiro da Rocha deslocava-se frequentemente a Lamego,
fazendo-se acompanhar da inseparável câmara fotográfica, para nos deixar um
legado imenso, de valor documental inestimável, sobre Lamego nas décadas de
1930-1950.
Em 2023, por iniciativa da Junta de
Freguesia de Britiande, com um sentido de homenagem a um filho da terra e,
simultaneamente, rememorar a antiga vila de Britiande, Manuel Pinheiro da Rocha
regressou às origens, através de uma exposição, com curadoria do Museu de
Lamego, que teve lugar na renovada Casa do Povo, composta por um expressivo
conjunto de imagens de Britiande, de sua autoria, que se conservam no Centro
Português de Fotografia.
Dando continuidade ao trabalho de
divulgação em Lamego da obra de Manuel Pinheiro da Rocha, a exposição “Boas
Raparigas” divide-se entre fotografia de reportagem, de retrato e paisagem,
datada das décadas de 1930-1950, para nos devolver imagens de uma cultura
visual da Mulher disseminada durante o Estado Novo, suas representações e
papéis sociais, sustentados por uma estética e sensibilidade marcadamente
masculinas.
Exposição patente até 27 de outubro
de 2024.
A PEÇA DE
TEATRO
Memórias de
uma Falsificadora
Evoca a vida de Margarida
Tengarrinha, sobretudo o longo período em que viveu na clandestinidade
(1954-1974): o seu trabalho como falsificadora, a mudança constante de casa e
de identidade, a morte do companheiro – José Dias Coelho – brutalmente assassinado
pela PIDE, a separação das filhas, o isolamento da família e dos amigos. Numa
relação de grande proximidade com o público, recorrendo a artefactos muito
simples, uma atriz – habituada a fazer-se passar por outras pessoas – recria os
passos mais importantes do percurso de Margarida e dá voz à perspetiva das
mulheres sobre a vida na clandestinidade. Uma vida cheia de privações, mas que,
ainda assim, a autora considera uma vida feliz, plena de sentido. Numa altura
em que vários terrores ameaçam a democracia, é urgente lembrar algumas coisas
que já aconteceram, mas não deviam ainda acontecer – não depois da revolução. É
uma oportunidade de recordar a História recente de Portugal e lembrar que nem
sempre vivemos em democracia. É preciso lembrar para que a História não se
repita!
Adaptação e
Encenação | Joaquim Horta
Interpretação |
Catarina Requeijo
Apoios aos
figurinos | Marisa Carboni
Coprodução | Horta
– produtos culturais; São Luiz Teatro Municipal; Museu do Aljube – Resistência
e Liberdade; Truta
A CONVERSA
Boas Raparigas
A fechar o evento, uma conversa no
feminino, moderada pelo historiador Nuno Resende (FLUP), em torno da exposição
e da peça de teatro, para reflexão sobre a Mulher antes e depois do 25 de
Abril. Participam, a diretora do Museu de Lamego, Alexandra Falcão, a atriz
Catarina Requeijo, Marina Valle, professora e delegada da Liga Portuguesa
Contra o Cancro – núcleo de Lamego, e Rita Maltez, advogada, voluntária do
EPHEMERA, Arquivo de José Pacheco Pereira e autora do livro Amorzinho,
best-seller das edições Ephemera.
A entrada é gratuita».
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