quarta-feira, 31 de julho de 2024

INSTITUTO DE HISTÓRIA DA ARTE|«Narrativas do Eu em livros de artistas mulheres» |«Procurando responder à forma como estas práticas contribuíram e contribuem para a emancipação das “subjectividades femininas”»


 

Nynhã Aba = Coração de índio / Ângela Berlinde (n.1975);

 projeto gráfico André Santos. [S.l.] : 2020. 1 caixa : il color. ;

25 x 19,5 cm. (E-LA 213) © Fundação Calouste Gulbenkian

 

«IHA seed-project: Narrativas do Eu entre o público e 
o privado: livros de artistas mulheres na Colecção da Biblioteca 
de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

Descrição: Procurando responder à forma como estas práticas contribuíram e contribuem para a emancipação das “subjectividades femininas”, damos particular ênfase a discursos heterodoxos auto-retratísticos e auto-biográficos. Esta investigação visa estabelecer um enquadramento teórico e metodológico preliminar sobre o tema em estudo, com o objectivo de preparar uma possível candidatura a um Projecto Exploratório de maiores dimensões, a fim de criar um estudo sobre livros e edições de artistas mulheres a nível transnacional. O projecto contribui assim, para a linha temática do IHA Transferências Culturais numa Perspectiva Global; bem como, no quadro dos estudos de género e das mulheres, este seed-project responde à Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável e, em particular, ao Objetivo 5 focado na igualdade de género. A sua intenção é promover uma cultura de equidade e cidadania inclusiva contribuindo para os debates em curso sobre o tema e para o aumento da visibilidade da história da arte portuguesa, abordando especificamente o tema da sub-representação das mulheres no contexto global». Daqui.

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Entretanto, de 30JUL2024, no jornal Público online, no trabalho «Mestres da pintura veneziana e livros de artistas mulheres revelam-se na Gulbenkian»:

«(...) Poucos dias antes, a 11 de Outubro, a Gulbenkian irá inaugurar no átrio do edifício Narrativas do Eu. Entre o Público e o Privado, tendo como ponto de partida a Colecção de Livros de Artista e Edição Independente da Biblioteca de Arte da instituição. A exposição reflecte a investigação desenvolvida no âmbito do projecto do Instituto da História da Arte/NOVA SEED-Project Narrativas do Eu em Livros de Artistas Mulheres».




terça-feira, 30 de julho de 2024

NA FUNDAÇÃO ORIENTE | «Ciclo de Cinema KINUYO TANAKA» | ENTRADA GRATUITA

 


«Kinuyo Tanaka [1909-1977] iniciou-se no cinema como actriz, incorporando um ideal de carácter feminino apelidado “yamato nadeshiko”, a flor do Japão. No entanto, nos seus filmes enquanto cineasta, todos eles povoados por mulheres fortíssimas e todos eles sobre a tragédia de ser mulher, o sacrifício dá lugar a uma desafiante tenacidade que nos incita a interpelar a condição feminina. A primeira mulher a filmar no período do pós-guerra japonês, Kinuyo Tanaka desbravou, sozinha e sem grande continuidade, um terreno quase inteiramente consignado aos homens.

Este ciclo apresenta, na íntegra, as obras de uma realizadora pioneira no cinema japonês».






segunda-feira, 29 de julho de 2024

«Dois Limões em Férias é uma obra insólita, surrealista, ilógica. Mas é uma obra que dá satisfação, que faz sorrir e que nos permite vislumbrar bons mundos e alternativas belas na imensidão de um lago azul. Não sendo verdadeira, ainda bem que foi inventada. E o melhor é que raríssimas vezes pode ser apreciada ao vivo, mas neste momento encontra-se à vista de quem quiser. Mesmo a tempo do Verão»

 

Dois Limões em Férias, de António Dacosta.

«Técnica mista sobre papel #2 – A sensualidade de dois limões

Ninguém espera por uma coisa destas, até acontecer. Não parece verdadeiro, mas podia ser e até gostávamos. Ao estilo displicente do italiano: se non è vero, è ben trovato. São as palavras que me ocorrem perante a pintura Dois Limões em Férias, de António Dacosta.

É um óleo sobre tela de 1983, cujo título, ainda que insólito, reporta exactamente ao que vem. Nem sempre acontece. Mas aqui, são mesmo representados dois limões amarelos, lado a lado, num ambiente refrescante de tons azuis, possivelmente à beira de um lago. Segundo Dacosta: “Não sei como aqueles limões foram ali parar. Não estavam inicialmente previstos. […]. Os quadros são sempre a resposta iludida, furtam-se à intenção”. A intencionalidade primeira desta pintura não saberemos. Mas a existência de uma pintura que leva dois fragrantes limões de férias é o melhor que nos podia acontecer. Porque mostra uma das admiráveis, também, intenções da disciplina da pintura: dar a ver. Perante esta obra de Dacosta, podemos recomeçar a ver. Dois limões são tão figurativos e povoadores de uma paisagem estival, quanto qualquer um de nós. Sendo inteiramente justa, os dois limões podem ser bastante mais merecedores de férias do que muitos de nós. O Verão é uma época de intensivo trabalho para estes citrinos. Limonadas, temperos de saladas, gin tónicos ao final da tarde. Limões também precisam de uma brisa à beira-mar, ou um mergulho no sossego de um lago.

Há uma naturalidade galante na pose dos dois limões, situados no canto inferior esquerdo da composição, juntos, fitando o horizonte amplo do lago. O azul acinzentado, que ocupa quase por completo a inteireza da tela, devolve uma serenidade à cena. O lago parece efectivamente calmo. Os limões, pela posição que ocupam na tela, aparentam fitar o barco a remos com uma figura humana que ali passa. Os remos são longos, e quase que desenham uma linha de horizonte que cria ainda maior planura nesta vista azul. Ao fundo, no canto superior direito, adivinha-se um corpo estranho, talvez seja um papagaio de papel, já que estamos em lides veranis.

Os limões, de cor amarela forte, são sensuais. No sentido em que provocam sensações. A luminosidade vibrante com que se destacam, anima-nos. Desperta-nos felicidade, liberta fragrância cítrica, revitaliza o plano calmo azul dando-lhe uma enfâse enérgica e fresca. O Verão é época de leveza, e o surgimento destes dois limões plenos e radiantes traz frescor. Os limões tornam a cena airosa. É uma pintura prazerosa, e é uma pintura que evoca liberdade. Dos limões, que estão isentos de funções mundanas, e de quem a pintou, que não sabe explicar como eles ali foram parar.

Dois Limões em Férias é uma obra insólita, surrealista, ilógica. Mas é uma obra que dá satisfação, que faz sorrir e que nos permite vislumbrar bons mundos e alternativas belas na imensidão de um lago azul. Não sendo verdadeira, ainda bem que foi inventada. E o melhor é que raríssimas vezes pode ser apreciada ao vivo, mas neste momento encontra-se à vista de quem quiser. Mesmo a tempo do Verão.

Encontra-se no MAAT — Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, na exposição Hoje soube-me a pouco. Até dia 26 de Agosto de 2024».


domingo, 28 de julho de 2024

MÍSIA | deixou-nos.

 



Morreu a fadista Mísia. Voz "fundamental na renovação do fado". Todas as reações à morte da artista - leia aqui. 


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«Mísia apresenta-se nas páginas deste livro como nunca a antes vimos. Com uma carreira consagrada internacionalmente, que a levou a atuar por alguns dos maiores e prestigiados palcos do mundo, abre agora a cortina para nos mostrar um relato honesto e belo.
Filha e neta de artistas, com uma vida rica em histórias e acontecimentos que mais parecem atos de uma peça teatro, Mísia narra nestas páginas as suas viagens mais belas por países tão longínquos como o Japão ou a Argentina, fala-nos da sua paixão incondicional por cidades como Nápoles ou Istambul, mas descreve-nos também a sua luta com a doença oncológica e revela pela primeira vez episódios de desamor, de agressão e de vontade de desistir da vida.
Animal Sentimental é o relato de uma vida em muitas partes, ligada pelos palcos, pela amizade, pela resiliência e pela afirmação de Mísia como fadista e artista, com um cunho muito próprio». Saiba mais.

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E veja no site Misia



sábado, 27 de julho de 2024

FREI BENTO DOMINGUES|«Fora do Diálogo não há Salvação»

 


Sinopse

Sobre Frei Domingues escreveu Lídia Jorge: «é um poeta que escolheu à partida a luz do princípio iluminado, e fez dele o seu método de clareza». O presidente Jorge Sampaio referiu-se-lhe como «homem de coragem, quando ter coragem significava correr pesados riscos, homem de diálogo quando dialogar equivalia a ficar sob suspeita, homem de convicções mesmo ou sobretudo quando elas não eram dominantes».
São duas das muitas facetas de uma pessoa extraordinária, um monge dominicano que, para os organizadores deste volume, «pratica uma teologia desprovida de seguranças e de vigilâncias institucionais» e possui uma qualidade a que os seus leitores são muito sensíveis: a palavra livre.
Contrariando os que preferem ver o discurso teológico dentro dos muros do privado, Frei Bento Domingues concebe o seu discurso teológico como participação na vida coletiva, mas sem nunca entrar no «mercado contemporâneo das espiritualidades», porque não se oferece para «múltiplas traduções do discurso crente em ideologias do bem-estar interior».
Na entrevista que encerra este volume, Frei Bento Domingues diz a frase que lhe dá título e que resume a sua prática pessoal de muitos anos, e com muitos interlocutores: «fora do diálogo não há salvação». Este é o método que Frei Bento Domingues nos desafia a usar na nossa relação com Deus e com o Mundo. Saiba mais.

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A propósito, se puder,  não perca a entrevista de Frei Bento Domingues no semanário Expresso: 


De lá: «(...) Hoje em dia, o Papa Francisco também tem essa capacidade de mudança?

Acho muita graça que, antes do João XXIII, o Vaticano era conhecido por estar sempre contra as ideias novas, tanto vindas da Igreja como de fora. E devo dizer que o Papa Francisco retomou esse homem [Papa João XXIII], num estilo diferente. As pessoas acham muito que o Papa Francisco tem um grande sentido de humor, mas o Papa João XXIII é que era o humor. Quando lhe perguntaram: “Quanta gente trabalha aqui no Vaticano?”, respondeu: “Mais ou menos metade.” Para tudo, ele tinha respostas humorísticas. E atuava e atuava e atuava... Meu Deus. Agora, como já na altura de João XXIII, a extrema-direita e a direita querem que não apareçam mais Papas como João XXIII e como o Papa Francisco. E estes movimentos que existem contra o Papa Francisco são movimentos financia­dos pelo grande capital, para que não apareça este tropeço que são estes Papas. Muitas vezes até tínhamos medo de escrever, porque o Vaticano era todo conservador. Mas agora não é assim. De repente, esta é a situação atual: a vanguarda da Igreja passa a ser o próprio Papa. Quer dizer, o que se temia era sempre a cúria romana e tudo isso, as condenações foram tantas. Proibiram teólogos, sobretudo de países do Terceiro Mundo, mas também do centro da Europa. Excomungavam-nos, punham-nos fora. Mas agora é o contrário. [O Papa Francisco] procurou pessoas que sejam capazes de sair para um futuro diferente. A Igreja de saída, como se costuma dizer. E depois, repare, quantas vezes ele não morreu já durante este tempo? Dizem: “Ah, ele está com uma doença, agora vai...” E não, ele persiste. Acho que está a fazer uma coisa que é extraordinária: o diálogo com os muçulmanos, o diálogo com os judeus, o diálogo com todos... É ele. Ele quer uma Igreja aberta a todas as tendências, a todos os grupos. Só uma vez disse: “Da direita eu não sou, nunca fui.” E é verdade.

Fazem falta mulheres na Igreja?

Tenho uma teoria sobre isso, já escrevi várias vezes. Acho absolutamente estúpido que por se ser mulher não se tenha acesso aos vários ministérios na Igreja. Acho uma coisa horrorosa, e o meu argumento é muito simples: não há dois batismos, um para mulheres e outro para homens. Para nós, que acreditamos em Deus, as mulheres são seres extraordiná­rios que encontramos. Não sou capaz de perceber, porque eu era de uma aldeia onde havia um casal em que eram maus um para o outro. Mas as pessoas até desprezavam isso, achavam-nos tolos. Agora, porque é que este Papa não faz realmente uma proposta não só de abrir mas também de discutir as coisas todas da Igreja? Era necessário recuperar séculos de mulheres desprezadas. E porque é que ele não o faz? Eu creio que muitas vezes as pessoas não ligam a isso, mas o Papa João Paulo II disse: “As mulheres nunca, nunca.” Ora, este Papa [Francisco] sucede a esse e não pode dizer [o contrário], isso era uma revolução. Porque ele tem dito muitas coisas que dizem que não se pode dizer... E aqui, neste caso, tropeça sempre. Dá cargos a mulheres no Vaticano, está a abrir muita coisa. Mas serem ordenadas presbíteros, quer dizer pessoas que podem presidir à eucaristia e tudo... Isso não. Muita gente não compreende, mas eu compreendo. Se um Papa tão vizinho no tempo fizesse isso, então não seria uma evolução, seria insuportável. Não é para desculpar o Papa Francisco, mas ele tem aí um nó na garganta que não é capaz de desatar. O que me irrita nisso é que as pessoas dizem: “Ai, isso... Cristo não ordenou nenhuma mulher.” Mas esta gente em que mundo vive? Porque, sob o ponto de vista social, económico e político, as mulheres têm dificuldades, mas já estão a caminho. E então a Igreja fica para trás na renovação? Não pode ser. Creio que o grande problema é contrariar abertamente. E também é necessário dizer que há muitíssimos católicos e católicas que não querem sequer ouvir falar disso. Não há uma unanimidade na Igreja acerca disso. «(...)».


sexta-feira, 26 de julho de 2024

ESSE TEMPO ESTÁ A ACABAR | «(...)Talvez alguns de vós tenham a consciência de que o Jazz sempre foi tocado quase exclusivamente por homens (ainda que com honrosas excepções) (...)» | NO LOULÉ JAZZ 2024 DOIS QUINTETOS LIDERADOS POR MULHERES INSTRUMENTISTAS|AMANHÃ DIA 27

 



de lá:


(...) Talvez alguns de vós tenham a consciência de que o Jazz sempre foi tocado quase exclusivamente por homens (ainda que com honrosas excepções) e só enquanto cantoras ou pianistas seria provável encontrar intérpretes femininas. Esse tempo está a acabar e isso é uma óptima, e muito aguardada, notícia. O Loulé Jazz 2024 reflecte essa evolução e orgulha-se de ter, pela primeira vez, no dia 27, dois quintetos liderados por mulheres instrumentistas, a baterista portuguesa Maria Carvalho e a saxofonista chilena Melissa Aldano. (...)».

quinta-feira, 25 de julho de 2024

FILME| Completamente Passado! |«DIVERTIDO, INTELIGENTE, CALOROSO E EMOCIONAL»





«Desde a morte da sua mulher que Andrew Blake, um britânico de sucesso perdeu o gosto pela vida. Um último impulso leva-o a regressar a França, a terra natal da sua falecida mulher, para ficar hospedado na propriedade onde se conheceram, para estar mais perto da memória da sua felicidade perdida. Ao embarcar nesta peregrinação, nada corre como planeado e, na sequência de um mal- entendido, Andrew dá por si na mansão Beauvillier... mas como mordomo estagiário».
No JN sobre o filme:

quarta-feira, 24 de julho de 2024

CONFERÊNCIAS A TER EM ATENÇÃO AINDA QUE SEJA «À DISTÂNCIA» | é o caso da «Massachusetts Conference for Women» que na Newsletter mais recente nos leva à Dr. Mary Claire Hever e nos diz isto: «Her mission? To make modern menopause care easy and accessible to all women»

 


 


 

« BREAKOUT SESSION HIGHLIGHT 

 

Attend the MA Conference for Women on December 12th and learn how to turn a once-taboo life change into a powerful career advantage! 


Dr. Mary Claire Haver, MD, FACOG, CMP is a board-certified Obstetrics & Gynecology specialist, author of The New Menopause, and a leading voice in transforming menopause healthcare. 
This December 12th, she'll lead the session 
How Menopause Can Boost Your Career Progression.
Dr. Haver, the founder/creator of The 'Pause Life, the Galveston Diet, and the Mary Claire Menopause Clinic, now has millions of followers on TikTok & Instagram.
Her mission? To make modern menopause care easy and accessible to all women.
With the latest science, practical strategies, and empowering advice, Dr. Haver will help you navigate menopause with confidence — and turn it into a time of renewed energy and focus».

 

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segunda-feira, 22 de julho de 2024

SIMONE WEIL |«A EXPERIÊNCIA DE DEUS»|«(...)Simone Weil foi uma helenista a quem não era indiferente o destino das heroínas de Sófocles, como era o caso de Antígona. E, à medida que foi compreendendo o que considerava as riquezas espirituais do catolicismo, a proximidade das intuições pré-cristãs com os ensinamentos de Cristo surgiu-lhe com nitidez»

 



«Este texto faz parte dos Cadernos de Marselha, escritos por Simone Weil no inverno de 1941-42.
Simone Weil deixara Paris na companhia dos pais em junho de 1940, dirigindo-se a Marselha, etapa quase obrigatória para os que desejavam abandonar a Europa em guerra.
Relacionou-se aí com um grupo de resistentes enquanto aguardava a partida para Nova Iorque, que só iria ocorrer em maio de 1942.
Marselha transformou-se numa espécie de cidade de acolhimento e uma das etapas mais fecundas na evolução do seu pensamento.
Simone Weil foi uma helenista a quem não era indiferente o destino das heroínas de Sófocles, como era o caso de Antígona.
E, à medida que foi compreendendo o que considerava as riquezas espirituais do catolicismo, a proximidade das intuições pré-cristãs com os ensinamentos de Cristo surgiu-lhe com nitidez». Saiba mais.


TAMBÉM QUEREMOS! | O EQUIVALENTE AO «SOME OF US» DE FRANÇA |«which brings together the works of women artists from the first twenty-one years of the 21st century, is an exciting sum, to explore without moderation, and will undoubtedly be widely used by historians»

 



«Equality diversity: documenting the share of contemporary artists

The contemporary art anthology «Some of us», which brings together the works of women artists from the first twenty-one years of the 21st century, is an exciting sum, to explore without moderation, and will undoubtedly be widely used by historians.

Published on 

(...)» - Leia no site do MInistério da Cultura de França


De lá:





sábado, 20 de julho de 2024

«Os ciganos até têm medo de voltar!»

 



Bem sabemos, nem tudo é como o sol, e  há coisas que quando nascem não são para todos. Vem isto a propósito da Newsletter da imagem que, como se pode verificar, é exclusivo para assinantes. Em regra, lemos com interesse e proveito. E «a beleza das pequenas coisas» cativa-nos em especial. Neste quadro, apenas um excerto abaixo (mas se bem interpretamos não se está impedido de divulgar) do  mais recentemente recebido e até pode ser que leve a um novo/a assinante - e a comunicação social bem precisa, no limite todos nós. Assim: 

“Aqui os ciganos foram todos expulsos!”

 


«Vou partilhar-vos um momento que não me sai da cabeça. E que se passou há semanas numa viagem de carro rumo ao Alentejo.

Eu estava no lugar do morto. Ou do pendura. Como lhe queiram chamar. E ao volante do veículo estava ‘Maria’, chamemos-lhe assim, uma mulher alentejana muito castiça e genuína, que carregava no sotaque, no acelerador e na simpatia. No banco de trás, seguia uma das escritoras que mais adoro ler e escutar, Lídia Jorge.

Seguíamos rumo à biblioteca municipal de Beja, no Alentejo, para nos juntarmos a um ciclo de conversas no dia em que se celebrava o centenário desse lugar com muita história, livros e cultura de comunidade.

‘Maria’, a motorista alentejana

‘Maria’, motorista de profissão, dava-nos conta que anda há uma vida nesta coisa dos festivais literários e ciclos de conversas, a fazer piscinas de asfalto entre Lisboa e Beja, noite e dia, e que já perdeu a conta às tantas madrugadas passadas em claro, a desafiar o sono e cansaço, para trazer escritoras e escritores para o interior do alentejo, de modo a espantarem o isolamento e criarem mais pontes daquela população com o mundo.

A motorista ‘Maria’ comentou que conhece muitos escritores só pelo primeiro nome, não sabe os seus apelidos, nem o que escrevem. Basta-lhe a morada e o contacto da dona Lídia, do senhor Gonçalo, do senhor José Luís, e por aí fora.

Recordei-me nesse momento do que me dissera, numa entrevista, o escritor e poeta surrealista Alberto Pimenta, que quando esteve doente, deitado numa maca do hospital, o tratavam apenas por “senhor José”, o primeiro nome registado no seu Cartão de Cidadão.

O que lhe trazia a noção precisa de que nada valem presunções, medalhas e águas bentas - a chatice do ego e da pedantice de uns e outras - na hora da doença ou da morte.

Mas voltemos à viagem de carro que estava a relatar. A dado momento, quando passámos por um determinado vilarejo alentejano, ‘Maria’ atirou uma frase que entrou como uma bala na minha orelha. Não fez sangue, mas fez comichão.

“Os ciganos até têm medo de voltar!”

“Aqui nesta aldeia os ciganos foram todos, todos expulsos.” Como? Mas qual a razão para esse episódio insólito? - quisemos saber. “O pessoal aqui não brinca. Os ciganos até têm medo de voltar.”- relatou ‘Maria’.

E deu conta que aquela população, especificamente de uma determinada vila, “não gosta de misturas”, e que por alguns desaguisados, estranhezas ou mal entendidos resolveram a coisa de forma radical. E expulsaram a comunidade cigana que ali vivia. ‘Maria’ não precisou quando isso aconteceu, apenas que aquela população não gostava de ter ciganos por perto.

Lídia, sábia a gerir a escuta, rompeu o silêncio desconfortável que se instalara com a pergunta: “Mas a comunidade cigana como se costuma dar com a restante população alentejana?”

A resposta foi surpreendente. “Muito bem. Até se dão muito bem.” E indicou outras zonas da regiões, onde a comunidade cigana se relaciona de forma pacífica, e até cúmplice, com a população local. E contou que, a seu ver, eram “boa gente”. (...)».

A lenga-lenga do costume

Embora tenha também relatado a estranheza de não saber ao certo onde obtêm dinheiro, de que acha que “trabalham pouco, são ricos, têm bons carros”, e que alguns “vivem à conta dos subsídios”, e não andam a dar no duro como ‘Maria’. Mas tem a certeza disso? “Não. Mas é o que todos dizem.” E referiu que agora é comum também se ver muitos imigrantes do Paquistão e da Índia nas ruas. “Agora só se vê disso.”

A lenga-lenga do costume, que continua a sobressair nos estudos. Na política e no preconceito, a percepção é sempre mais gulosa e eficaz do que a realidade. E cada pessoa acredita no que quer acreditar.

Mas ‘Maria’ sublinhou com sotaque cerrado que, no fundo, se dava bem com os ciganos do Alentejo, “pessoas gentis”.

“Um sotaque que encerra uma alma aberta”, comentou Lídia comigo.

Carentes de misericórdia

E Lídia partilhou ainda depois que o título “improvável” do seu último romance “Misericórdia”, o qual temia que fosse visto como um livro beato, ganhou outras dimensões e significados nestes tempos mais polarizados.

“As pessoas estão carentes de uma atitude de misericórdia umas em relação às outras. Com um mundo tão extremado, com ódio, guerra, e apesar do sagrado egoísmo das nações, as pessoas estão a clamar baixinho por misericórdia.”

Certo é que a realidade da ciganofobia no Alentejo, que André Ventura tem sabido manipular como ninguém, há muito que é notícia e dá conta de mais almas fechadas do que seria razoável. “Há muita gente daqui que só vota em quem diz mal dos ciganos. E essa pessoa é André Ventura.”, esclareceu ‘Maria’.

Em 2009, o antropólogo André Correia reportava no ciclo de palestras Pobreza e Comunidades Ciganas que no Alentejo, famílias ciganas pobres, sem casa, tinham dificuldade em fixar-se e eram "forçadas" a circular como nómadas pela região, confrontando-se com a "tolerância temporária" ou com a "expulsão rápida".

Portugal devia “pedir desculpa aos ciganos”

Dez anos depois, o antropólogo e investigador José Pereira Bastos, afirmava que Portugal devia “pedir desculpa aos ciganos” e considerava que no nosso país, os ciganos “são aquilo que em psicanálise se chama o ‘mau objecto'”.

E recordou um estudo que fez sobre as “Minorias Étnicas em Portugal” que veio mostrar que “não há qualquer comparação” entre o racismo de que é alvo a comunidade cigana e qualquer outra comunidade.

Nas legislativas de 2019, a jornalista Liliana Valente deu conta desta mesma alienação e crença de certas regiões alentejanas que foram sensíveis ao discurso populista e ciganofóbico de André Ventura.

Recordo que no concelho de Moura foram precisamente as freguesias com comunidades ciganas mais relevantes, aquelas em que a população mais colocou a cruz em Ventura. E ali, o discurso passava mais pela percepção do que pela realidade.

Neste conflito o que funciona como gasolina para a fogueira do ódio é precisamente a questão do rendimento.

“O discurso de Ventura, que repete à exaustão, de que há metade a trabalhar para a outra metade que não trabalha, é fósforo a pegar no rastilho.” E se os dados mostram que a comunidade cigana recebe uma ínfima parte do Rendimento Social de Inserção, apenas 3,8%, o que vale é a percepção de que os ciganos recebem mais do que quem trabalha.

Ciganos sem acesso ao trabalho

De acordo com o relato da bibliotecária de Moura, Zélia Parreira, nessa tal peça jornalística publicada pelo Expressoos vizinhos quando viam pessoas da etnia cigana a levantar os cheques do RSI nos correios, ficavam com a ideia de que lhes estava a ser dado dinheiro por nada. Mas essas pessoas não trabalham porque "não têm acesso ao trabalho, não vamos fingir que têm".

Quem dá trabalho aos ciganos? As respostas foram dadas pela ativista cigana Maria Gil e por mim, também em 2019, aqui neste vídeo “2:59 para explicar o mundo”.

Importa dar conta que durante o período da pandemia o populismo cresceu muito, sobretudo direcionado para a população cigana, acompanhado de “discursos de ódio e de incitamento ao ódio", em Portugal e na Europa que retiram características humanas às pessoas ciganas.

No final do ano passado, uma pesquisa do Instituto de Ciências Sociais (ICS), publicada pelo Expresso, do investigador Pedro Magalhães e de Rui Costa Lopes, dava conta que a nível nacional, a prevalência da discriminação contra esta minoria étnica é estimada em 30%

Aumento do anti ciganismo

E se a ciganofobia é evidente em todos os estudos que abrangem estas comunidades, deve estar pronto em 2026 uma nova investigação sobre a comunidade cigana em Portugal.

A investigadora do projeto, a socióloga Maria Manuela Mendes, alertou o Expresso este ano para o aumento do anticiganismo que existe de “forma descarada” e para a "urgência" da crise da habitação desta população.

Chegados à Biblioteca Municipal de Beja para ouvirmos Lídia Jorge, que além de uma extraordinária escritora é uma pensadora de excelência, dei de caras com uma frase de José Saramago na parede, que parecia dar um remate ao que tinha sido comentado no carro:

“… Seria perfeito reunir em um só lugar, sem diferenças de países, de raças, de credos e de línguas, todos quantos me lêem e passar o resto dos meus dias a conversar com eles.”

Bem sei que a literatura tantas vezes é um sismógrafo ou uma lanterna a apontar na escuridão. Precisamos discutir mais a partir desse lugar de utopia. (...)».


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Deve ser por trabalhos como este que por aqui não se consegue viver «sem jornais» ...

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Uma confidência: «a beleza das pequenas coisas» com frequência nos  leva ao inesquecível livro «O Deus das Pequenas Coisas». Se não leu não perca. Nas livrarias até está a um «preço simpático», mas  pode ser que exista numa Biblioteca perto de si.



Sinopse

O Deus das Pequenas Coisas é a história de três gerações de uma família da região de Kerala, no Sul da Índia, que se dispersa por todo o mundo e se reencontra na sua terra natal. Uma história feita de muitas histórias. As histórias dos gémeos Estha e Rahel, nascidos em 1962, por entre notícias de uma guerra perdida. A de sua mãe Ammu, que ama de noite o homem que os filhos amam de dia, e de Velutha, o intocável deus das pequenas coisas. A da avó Mammachi, a matriarca cujo corpo guarda cicatrizes da violência de Pappachi. A do tio Chacko, que anseia pela visita da ex-mulher inglesa, Margaret, e da filha de ambos, Sophie Mol. A da sua tia-avó mais nova, Baby Kochamma, resignada a adiar para a eternidade o seu amor terreno pelo padre Mulligan. Estas são as pequenas histórias de uma família que vive numa época conturbada e de um país cuja essência parece eterna. Onde só as pequenas coisas são ditas e as grandes coisas permanecem por dizer. Saiba mais.


quinta-feira, 18 de julho de 2024

«AS REVOLUCIONÁRIAS / Doze Mulheres Portuguesas Desobedientes»

 



«As Revolucionárias - Doze Mulheres Portuguesas Desobedientes

Elas ousaram ser médicas, advogadas, jornalistas, professoras universitárias, cineastas, intelectuais, numa época em que essas actividades estavam proibidas às mulheres. Desobedecendo aos estereótipos do «feminino», dizendo-se ou não feministas, elas fizeram avançar o mundo. Foram pioneiras, desbravadoras, valentes, ousadas e solidárias.A escritora Maria João Lopo de Carvalho investigou a fundo a vida e a obra de doze extraordinárias portuguesas que fizeram a travessia do século XIX para o século XX e da Monarquia para a República. São elas Maria Amália Vaz de Carvalho, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Angelina Vidal, Adelaide Cabete, Domitila de Carvalho, Ana de Castro Osório, Virgínia de Castro e Almeida, Carolina Beatriz Ângelo, Virgínia Quaresma, Irene Lisboa, Regina Quintanilha e Maria Lamas». Saiba mais.


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E ocorreu-nos trazer para aqui,

 uma vez mais, o blogue 

«Silêncios e Memórias»

onde encontramos

Mulheres e Homens a não esquecer