«Carmen Maria Machado irrompeu na cena literária norte-americana como um furacão, combinando a tradição folclórica com a modernidade, para sondar terrenos minados como a violência doméstica, o patriarcado e o amor tóxico. Se no elogiadíssimo volume de contos o corpo dela e outras partes o fez no campo da ficção, neste livro bastou-lhe escavar na memória.
Partindo da experiência de uma relação asfixiante com uma mulher carismática, porém, volátil, a autora faz uma dissecação inédita dos mecanismos do abuso psicológico, analisando como ela própria se foi transformando nas garras da violência. E deixa um aviso: quem julga entrar na casa dos sonhos pode, afinal, estar a entrar numa casa assombrada.
Da adolescência religiosa aos estereótipos dos relacionamentos lésbicos, dos cânones da sexualidade à violência das relações amorosas, esta narrativa pungente estilhaça todas as ideias sobre o que pode ser um livro de memórias. com uma honestidade e humanidade desarmantes, Carmen Maria Machado desfia uma história que se entranha na nossa pele e passa a ser também a nossa».
Partindo da experiência de uma relação asfixiante com uma mulher carismática, porém, volátil, a autora faz uma dissecação inédita dos mecanismos do abuso psicológico, analisando como ela própria se foi transformando nas garras da violência. E deixa um aviso: quem julga entrar na casa dos sonhos pode, afinal, estar a entrar numa casa assombrada.
Da adolescência religiosa aos estereótipos dos relacionamentos lésbicos, dos cânones da sexualidade à violência das relações amorosas, esta narrativa pungente estilhaça todas as ideias sobre o que pode ser um livro de memórias. com uma honestidade e humanidade desarmantes, Carmen Maria Machado desfia uma história que se entranha na nossa pele e passa a ser também a nossa».
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Se puder não perca, no jornal Público:
«(...) É o espaço doméstico que é aqui indagado nas suas armadilhas e na sua ambivalência. Num capítulo a que chamou Expressão idiomática, escreve: “Sempre achei que a expressão ‘sentir-se em casa’ queria dizer que as casas eram lugares seguros, aconchegantes. É uma ideia bonita, como correr para casa com uma trovoada de fim de Verão a bafejar-nos o pescoço. Eis a casa, à tua espera: uma barreira que protege da natureza, do olhar alheio, das outras pessoas. Parada do lado de dentro do vidro, a observar o céu fustigando a terra como um irmão em jeito de brincadeira.”
Carmen Maria Machado recorda que escreveu o livro em plena efervescência do movimento #MeToo. Apesar de reconhecer que o momento foi “necessário”, considera que, nos Estados Unidos, “acabou depressa demais”, interrompido por um recuo conservador. Esse oscilar entre progresso e retracção marcou o clima em que o livro surgiu — um contexto de urgência colectiva, mas também de saturação mediática.(...)».


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