Sobre o sórdido caso Pelicot: uma reflexão
urgente, perturbante e corajosa a que
é impossível ficar indiferente
SINOPSE
No outono de 2024, meia centena de homens foram julgados num tribunal do sul de França por um crime que chocou a opinião pública. Gisèle Pelicot fora repetidamente sedada pelo marido ao longo de uma década e oferecida a desconhecidos recrutados na internet para a violarem.
A filósofa Manon Garcia, evocando a memória de Hannah Arendt no julgamento de Eichmann, assistiu presencialmente às audiências em tribunal. Atormentada pelo caso, relata o processo e constata que ele revela - na tolerância com que pôde prolongar-se durante tanto tempo - um profundo problema masculino, um profundo problema social. Saiba mais.
A filósofa Manon Garcia, evocando a memória de Hannah Arendt no julgamento de Eichmann, assistiu presencialmente às audiências em tribunal. Atormentada pelo caso, relata o processo e constata que ele revela - na tolerância com que pôde prolongar-se durante tanto tempo - um profundo problema masculino, um profundo problema social. Saiba mais.
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A autora do livro esteve em Portugal e temos este trabalho no jornal Público
Excerto: "Uma das teses centrais deste livro é a seguinte: o que faz do processo das violações em Mazan um grande processo, no sentido histórico, é, paradoxalmente, o facto de pôr termo à esperança que se centra exclusivamente no sistema judicial. Este é o processo que mostra que os processos nunca serão suficientes: se um só homem, numa pequena comuna como Mazan, consegue fazer chegar a sua casa não menos de 70 homens que vivem num raio de menos de 50 quilómetros (o site Coco funciona por geolocalização, e Dominique Pelicot queria garantir que os homens chegariam depressa), quantos homens em França, se a ocasião se apresentar, estarão dispostos a violar uma mulher inconsciente?", lê-se no livro que foi apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, por Leonor Caldeira e Isabel Moreira. O que poderá fazer a justiça quando os arguidos, apesar das provas, negam os factos e as suas intenções, e não esteja em causa um “coleccionador meticuloso e obcecado com a captação de vídeo” como Dominique Pelicot? (...)».


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