domingo, 19 de julho de 2020

BRUNO VIEIRA AMARAL | «uma ida ao motel/ e outras histórias»






Sinopse
«O mundo em redor de Lisboa, a Margem Sul, as famílias dos bairros suburbanos, as personagens que encontramos todos os dias - e que escondem os seus dramas, revelados neste livro.
Para compor o mosaico das suas personagens, Bruno Vieira Amaral não recorre à literatura e à sua solenidade, mas aos bairros onde viveu e que fazem já parte do universo dos seus romances, As Primeiras Coisas e Hoje Estarás Comigo no Paraíso. São pessoas perdidas, com vidas amargas que raramente aparecem nas páginas dos jornais a não ser para ocuparem espaço nas secções de crime ou das tragédias familiares: mulheres e homens que conhecem a pobreza, os transportes suburbanos, os sonhos que nunca se realizam, as famílias desfeitas, os amores impossíveis - e os desejos sem nome.
Há as mulheres desprezadas por maridos cruéis ou apenas distraídos, as avós guerreiras, os suicidas previsíveis, os pobres que resistem às adversidades, os adolescentes negros dos bairros da Margem Sul, prostitutas, doentes sem companhia. E uma ironia que festeja a salvação iminente, o espírito de combate, a luz do dia». Saiba mais.


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E da critica de Pedro Mexia no Expresso desta semana:
«Invulgarmente bons, os dois romances de Bruno Vieira Amaral (“As Primeiras Coisas”, 2014, e “Hoje Estarás Comigo no Paraíso”, 2017) manifestaram uma vontade de resgatar para a nossa ficção os subúrbios e as gentes desfavorecidas, sem pietismos marxistas ou católicos. Em ambos, as fronteiras entre o biográfico e o imaginado, como entre os géneros, eram incertas (romance?, memórias?, reportagem?, investigação?). “Uma Ida ao Motel e Outras Histórias” não tem essa ambiguidade. Partindo de referências imediatamente situáveis (as “trusses” e as marquises de alumínio, as lojistas e as videntes, Ana Malhoa e a Baixa da Banheira), os textos descrevem, mais do que determinado meio, determinadas situações (traumas de infância,
ressentimentos conjugais, encarregados de educação ineptos, iniquidades laborais, as sogras com faro “para a podridão moral”, a “sombra tétrica” do coito, o “fordismo fodista” dos motéis). Se alguns contos não vão além do fragmento sociológico, com a violência como remate abrupto e insatisfatório, outros têm momentos de verdadeira força expressiva, como os nomes índios de uma empregada de restaurante (já se chamou “Catorze Anos”, agora chama-se “Cinquenta Almoços”), o jovem negro que fala como o estereótipo que esperam que seja, os estudantes no refeitório da escola que saciam uma fome que vem de casa, a miúda que devolve presentes a um admirador mas guarda um casaco (“como recordação platónica e por ser quentinho”). Bem escritos, sem literatice ou sentimentalismo,  (…)».

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