quarta-feira, 25 de novembro de 2020

PAPA FRANCISCO | « Ficai atentos a isto: com a exclusão é atingida, na própria raiz, a pertença à sociedade em que se vive, a partir do momento em que já não se está nos subúrbios, na periferia, ou sem poder, mas fora dela.»

Outra passagem:

«(...)

 Em pleno século XXI já não se trata simplesmente do fenómeno da exploração e da opressão, mas de algo novo: com a exclusão fica afetada na mesma raiz a pertença à sociedade em que se vive, pois já não se nela abaixo, na periferia ou sem poder, mas de fora. Ficai atentos a isto: com a exclusão é atingida, na própria raiz, a pertença à sociedade em que se vive, a partir do momento em que já não se está nos subúrbios, na periferia, ou sem poder, mas fora dela. É a cultura do descarte, que não só descarta, como obriga a viver no próprio descarte, deixando as pessoas invisíveis atrás do muro da indiferença ou do conforto.

Recordo a primeira vez que vi um bairro fechado. Não sabia que existiam. Foi em 1970. Tive que ir visitar alguns noviciados da Companhia [de Jesus], e logo, ao passar pela cidade, disseram-me: «Não, por aí não se pode ir, porque é um bairro fechado». No interior havia muros, e dentro estavam as casas, as ruas, mas fechadas: quer dizer, um bairro que vivia na indiferença. Impressionou-me muito ver isto. Mas depois isto aumentou, aumentou... e estava em todo o lado. E eu pergunto-te: o teu coração é como um bairro fechado? (...)».


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