«(...)La primera exposición que organiza el Museo Nacional del Prado tras su reapertura, “Invitadas”, tiene como objetivo ofrecer una reflexión sobre el modo en el que los poderes establecidos defendieron y propagaron el papel de la mujer en la sociedad a través de las artes visuales, desde el reinado de Isabel II hasta el de su nieto Alfonso XIII. En este tiempo el Museo del Prado se convirtió en elemento central de la compra y exhibición de arte contemporáneo y desempeñó un papel sustancial en la construcción de la idea de escuela española moderna. (...)». Leia mais.
«O Museu do Prado resolveu não só reabrir as suas exposições como apresentar uma faixa menos conhecida da arte espanhola cobrindo quase todo o século XIX e o primeiro terço do XX; mas não mostrou à toa, apresentando apenas a qualidade e variedade da pintura dessas épocas, mais alguma escultura e artes decorativas, traçou um propósito e investigou um tema e uma mentalidade com documentos figurativos exemplares, independentemente das opções estéticas que iam variando, romantismo, realismo burguês, naturalismo... “Fragmentos” lhe chamou, com inteira pertinência, pois a multiplicidade dos temas e das obras divide-se em diversos capítulos, 17 no total: sobre o olhar e o poder masculino nas artes plásticas e a submissão, real ou fictícia, da mulher até às manifestações de revolta e, sobretudo, de independência de algumas mulheres artistas.
O percurso, num claro audioguia, vai da imagem da rainha à da prostituta, pobre ou de luxo, do retrato de aparato ao voyeurismo do nu, este com os mais diversos pretextos, da saída do banho à representação “histórica” da escrava, da mulher feita à criança impúbere, em imagens de uma pedofilia apenas disfarçada, impraticável no nosso tempo. Pedofilia e agressão que uma obra bem significativa documenta: “O Sátiro” (1908), de Antonio Fillol (1870-1930); imagem de um pátio de prisão onde uma menina se recusa a olhar para uma fila de reconhecimento onde se encontra o seu agressor. Acontece que, ao contrário das obras “pedófilas”, esta foi recusada por um júri.
Da mulher modelo, a mostra passa à mulher artista remetida a géneros considerados menores, a cópia, a natureza-morta, a miniatura, ou a artes “menores” também; não esquece, porém, aquelas mulheres artistas que souberam afirmar-se tantas vezes tendo o autorretrato como arma e manifesto de independência, como acontece com uma artista nascida em Portugal, Maria Roësset (Espinho, 1882-Manila, 1921)». Luís Porfirio | Expresso | 12|02|2021.
Sem comentários:
Enviar um comentário