Excertos do artigo a que se refere a imagem: «Na noite desta quinta-feira, dia 19 de janeiro, a peça de teatro "Tudo Sobre a Minha Mãe", em cena no Teatro São Luiz, em Lisboa, foi interrompida pela performer e atriz travesti brasileira Keyla Brasil. A ativista invadiu o palco seminua e gritou "transfake", em referência ao facto de uma das duas personagens trans ser interpretada por um ator cisgénero, André Patrício. "Transfake! Desce do palco! Tenha respeito por este lugar", gritou». (...)
Esta sexta-feira, 20 de janeiro, o site do Teatro São Luiz anunciou que a contestação levou a uma mudança no elenco. "No seguimento de vários atos de contestação pela representação de uma personagem trans por um ator cis e pela criação de condições de acesso e representatividade para pessoas trans, o Teatro do Vão decidiu alterar o elenco do espetáculo Tudo Sobre A Minha Mãe, texto de Samuel Adamson, a partir do filme de Pedro Almodóvar, com encenação de Daniel Gorjão, integrando a atriz trans Maria João Vaz na interpretação da personagem Lola. Esta possibilidade torna-se agora viável pelo empenho do Teatro São Luiz e do Teatro Municipal do Porto", pode ler-se na página do teatro».
Transfake: a exclusão de pessoas trans que fortalece os estereótipos na arte
Em analogia ao blackface, o termo é referente à interpretação de personagens transgêneros por atores e atrizes cisgênero
CISGÉNERO
Dito de outra forma: «Você já ouviu os termos cisgênero e transgênero? Esses nomes referem-se ao que é conhecido como identidade ou expressão de gênero, ou seja, à maneira como uma pessoa identifica-se. O ser humano pode identificar-se com seu sexo de nascimento (macho ou fêmea, masculino ou feminino), com o gênero oposto ao seu biológico ou apresentar características dos dois tipos». Daqui
Densifiquemos: «Eu sou a Minha Própria Mulher”, neste caso protagonizada por Marco D’Almeida, foca-se na vida de Charlotte von Mahlsdorf, uma pessoa transgénero que viveu sob o regime nazi, primeiro, e depois na Berlim Oriental da República Democrática Alemã. A peça estreou-se nos Estados Unidos em 2003, e venceu vários prémios, incluindo um Pulitzer de Teatro e um Tony Award. A encenação de Carlos Avillez, na qual Marco D’Almeida interpreta 35 personagens, abriu em fevereiro a temporada 2022 do Teatro Experimental de Cascais (TEC)».
E a juntar à linha de raciocinio que tentamos desenvolver nesta parte do post, mais isto: «Por que atores cisgêneros não devem mais aceitar personagens trans? - O ator Eddie Redmayne ganhou um Oscar por seu papel em A Garota Dinamarquesa (2015). Hilary Swank também levou uma estatueta pelo filme Meninos Não Choram (1999), assim como Jared Leto por Clube de Compras Dallas (2013). Felicity Huffman não venceu, mas foi indicada por seu trabalho em Transamérica (2005). Em comum, todos são atores cisgêneros interpretando personagens trans. Uma situação que não pode mais ser encarada como normal».
******************
No deambular pela internet em busca de argumentos em torno do Transfake e do seu contexto este encontro:
«Acho que o meu maior sonho seria ser apenas uma artista, mas ainda sou e somos a artista ‘trans’»
Maria Lucas - Daqui, ou seja, deste «papo»:
Nesta circunstância particular lembrámo-nos da questão das QUOTAS de maneira a equilibrar as situaçoes entre HOMENS e MULHERES em lugares de trabalho. Quem sabe se pode ir a esse debate - ampliá-lo? - para o que agora nos está aqui a ocupar... De momento nem nos lembramos quem o disse mas veio-nos também à memória esta posição: eu não gosto de quotas, mas gosto do que elas provocam. Talvez se adeque à discussão que agora nos move.
******************
O post já vai longo, vamos rematar, assim:
- As «igualdades/desigualdades» devem ser discutidas em toda a parte. Defendemos que as ORGANIZAÇÕES quaiquer que elas sejam (por conseguinte também as de cultura e artes) são sedes de excelência em alternativa a um debate generalista embora não se exclua, naturalmente. E para isso é útil ter presente o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL em que as igualdades e diversidades estão presentes e constam da seguinte formulação:
- Em termos institucionais, e para o nosso País, lembrar que existe a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, a «A Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação 2018-2030 «Portugal + Igual», e o Plano de Ação para o Combate à Discriminação em razão da Orientação Sexual, Identidade e Expressão de Género, e Características Sexuais. Não nos parece descabido que se questione que atividades há neste dominio particular.
- Por fim, impõe-se que o Ministério da Cultura nos diga o que tem a dizer sobre tudo isto, nomeadamente como estas problemáticas têm expressão no MODELO DE APOIO ÀS ARTES e divulguem as reflexões e estudos em que se apoiam.
*
* *
Ainda, na Nações Unidas os assuntos abordados neste post fazem parte de diferentes agendas. Apenas atitulo de ilustração na UN WOMEN:
Veja aqui
Sem comentários:
Enviar um comentário