«Este conjunto de «cartas», como as designa a autora, foram escritas no rescaldo do 25 de Abril, a partir de Londres, onde Maria Velho da Costa era leitora de português (King’s College) e vivia desde 1980. Aqui, escreve sobre e para Portugal, descrevendo os hábitos, tiques e outros aspetos da portugalidade». Saiba masis aqui, onde pode ler algumas crónicas
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Pedro Mexia no semanário Expresso de 20 OUT 2023 faz a critica ao livro. De lá:
«Publicadas em “A Capital” entre 1980 e 1982, quando a autora leccionava no King’s College, e coligidas em livro em 1984, estas “cartas de Londres”, às quais não falta a mordacidade queirosiana, têm sentimentos divididos. A uma mulher de esquerda em inícios de 1980 não pode agradar a Inglaterra da Sra. Thatcher, o estado da luta de classes, os recalcamentos pós-coloniais, a boda dos príncipes de Gales, a nostalgia “Brideshead”. Em contrapartida, admira os costumes ingleses, ou aceita-os quando os estranha: a pompa e circunstância gémea de uma vivência urbana campestre, as manifs e os mercados, o brutalismo e as bétulas, a domesticidade cosmopolita, os teatros, os “Sunday papers”.
E a verve, a auto-ironia, o pudor altivo, o distanciamento crítico, a emoção contida. Céptica quanto ao romance inglês, que lhe parece um entretém sossegado, admite que isso não se aplique a quem vem de fora, como Doris Lessing. Politicamente, presta atenção à guerra das Malvinas, que considera uma farsa, e recorda-se que “vêm aí os ingleses” era um eufemismo para menstruação. À medida que avança a custo num novo romance, “Lúcialima”, a cronista declara que “a ficção defende e a crónica desabriga”. (...)».
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