quarta-feira, 4 de setembro de 2024

MULHERES EM DESTAQUE | «AnaMary Bilbao ganha Prémio Aquisição Fundação EDP / MAAT no FUSO 2024 com o vídeo “Prelude”»

 


«(...)“A obra premiada amplia o trabalho de AnaMary Bilbao da sua dimensão plástica, mais conhecida, para uma dimensão onde se revela uma para-narratividade, por vezes já intuída na restante obra. Personagens caricaturais e diabólicas (espécie de duendes vermelhos) protagonizam pequenas cenas que articulam, como entremezes de teatro medieval, momentos mais abstratos (verdadeiros exercícios de cor-luz) ou registos fragmentários de uma natureza-morta nunca percebida na sua totalidade.”, afirma João Pinharanda, diretor do MAAT, que decidiu atribuir também uma Menção Honrosa a “Run, Snail, Run” de João Francisco Correia, pela “criatividade demonstrada na construção da narrativa e na solução visual do conjunto.” (...)

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Saiba mais no site da artista. De lá:
«(...)” Participando naquilo a que a inteligência artificial chama de "aprendizagem profunda" (conceito usado pela primeira vez na pedagogia centrada no ser humano), o DALL·E recolhe referências do arquivo inesgotável da Internet ao mesmo tempo que aprende com os dados que os utilizadores introduzem. Assim, a busca da artista pelo limite da capacidade de criação da inteligência artificial não a conduziu a um vazio abstrato, como ela esperava, mas sim ao expoente do capitalismo: o logotipo com os Arcos Dourados da McDonald's, a tão conhecida rede multinacional estadunidensenorte-americana de fast food. A referência da figura é claramente Ronald McDonald, mas a semelhança é assustadora: as feições aparecem distorcidas, como se estivesse a derreter, e ela paira no vazio como um boneco semelhante a um palhaço. Talvez Bilbao tenha encontrado o fim, ou um possível fim, na forma de uma representação simbólica pós-apocalíptica do Capitaloceno.
“La mort” no final de Prelude articula um trocadilho com “L’art" (as imagens em movimento são o resultado da manipulação que Bilbao faz de uma cena do filme Pierrot le Fou, de Jean-Luc Godard, onde “la rt” é transformado em “la mort”) – a morte da arte, esclarece  a artista em conversa comigo, dada a criação da experiência estética mercantil pela inteligência artificial. No entanto, penso nas possibilidades artísticas post mortem produzidas pela IA. Há quase um século, Walter Benjamin expôs a célebre ausência de aura em imagens de reprodução mecânica, uma afirmação que tem sido incessantemente contestada pelos amantes e criadores de fotografia e da imagem em movimento. Até onde poderá, então, uma prática artística baseada na IA levar-nos esteticamente? (...)».


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