sexta-feira, 27 de setembro de 2024

LUISA COSTA GOMES |«visitar amigos _ e outros contos»

 

Sinopse

«Visitar Amigos reúne treze contos inéditos. Sem ter um fio condutor, a colecção revela, no entanto, certa homogeneidade nos temas e nas abordagens. Alguns contos propõem a revisitação de ideias e linguagens de época, outros vivem do presente e pensam sobre heranças e renovações. Uns mais vincadamente e acidamente humorísticos, outros de carácter sobretudo perplexo, terão como pano de fundo sempre o tempo e a História, e a acção que por acaso ou por necessidade vamos tendo nela». Saiba mais.


E temos uma entrevista no Jornal Público - no Ípsilon. A não perder. Excerto:

 «(...) Às vezes, tal como a protagonista do conto Visitar Amigos, que se depara com a dificuldade de ser visitante dos horrores do Holocausto em Berlim, sustém-se o fôlego. “Colo o nariz ao vidro da janela e esforço os olhos para verem o mais que podem.” Somos nós perante esse tecido que ameaça esvair-se, deslassar. O tempo como o traz Luísa Costa Gomes e do qual fala na casa onde vive desde 1986, num bairro operário perto da Costa da Caparica. Interrompeu a revisão de uma tradução de Gertrude Stein e limpou a mesa para a conversa com vista para as hortas do vale. Do outro lado, é o mar. A janela dá para o jardim onde tem plantas suculentas, uma árvore a que chama Fénix, e outra híbrida que dá uns frutos incomestíveis aparentados com a tangerina. Por cima, passam aviões, muitos, e a conversa presta-se a ter vazios. Um deles foi provocado e por ele entrou cante alentejano.

O ano de 2024 é um ano redondo para si...
É, fiz 70 anos.
E como se sente aos 70 anos?
Tenho ainda sentimentos ambivalentes em relação à coisa. Os 50, os 60, nunca liguei, mas os 70 fizeram diferença porque fiquei muito doente. Foi uma espécie de átrio da velhice, aquela coisa que o meu pai costumava dizer: “Isto nunca me aconteceu...” Há uma certa fragilidade, com a qual temos de aprender a lidar. É só isso e é muito. Há uma gestão da energia que tem de se aprender. Mas com a experiência de vida aprendemos que nós e o tempo não andamos sempre numa mesma direcção; que muitas vezes estamos com 70 anos e no dia seguinte temos 15 e depois temos 100, e há momentos na vida que são erupções de juventude e de uma certa juventude contra natura, da recuperação de uma energia vital. (...)».


 




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