domingo, 31 de outubro de 2021
«WOMEN, BUSINESS AND THE LAW 2021»
«Women, Business and the Law 2021 is the seventh in a series of annual studies measuring the laws and regulations that affect women’s economic opportunity in 190 economies. The project presents eight indicators structured around women’s interactions with the law as they move through their careers: Mobility, Workplace, Pay, Marriage, Parenthood, Entrepreneurship, Assets, and Pension.
Amidst a global pandemic that threatens progress toward gender equality, Women, Business and the Law 2021 identifies barriers to women’s economic participation and encourages reform of discriminatory laws. This year, the study also includes important findings on government responses to the COVID-19 crisis and pilot research related to childcare and women’s access to justice.
By examining the economic decisions women make throughout their working lives, as well as the pace of reform over the past 50 years, Women, Business and the Law makes an important contribution to research and policy discussions about the state of women’s economic empowerment. The indicators build evidence of the critical relationship between legal gender equality and women’s employment and entrepreneurship. Data in Women, Business and the Law 2021 are current as of October 1, 2020».
sábado, 30 de outubro de 2021
«(...) Ensuring female-led businesses have the same opportunities as male-led businesses is not only the right thing to do, but it makes economic sense as well. (...)»
«At its core, the Female Founders Forum is a group of some of the UK’s most successful female entrepreneurs. More broadly, we are a group of key figures from within the financial industry, politicians, journalists and aspirational entrepreneurs on the cusp of growth».
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FOREWORD
«(...) Ensuring female-led businesses have the same opportunities as male-led businesses is not only the right thing to do, but it makes economic sense as well. The Alison Rose Review of Female Entrepreneurship discovered that “up to £250 billion of new value could be added to the UK economy if women started and scaled new businesses at the same rate as UK men.”ii2 This is a figure I think we should keep reminding ourselves of. (...)».
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A propósito:
SE PUDER NÃO PERCA UMA ENTREVISTA A JESSICA ATAÍDE NO SEMANÁRIO EXPRESSO | onde nomeadamente a futebolista refle sobre discriminação ... | A NOSSO VER VALE MAIS DO QUE MUITOS DISCURSOS
Sim, sem dúvida alguma. Eu digo que sou atleta, que sou desportista, e perguntam o que faço: “Jogo futebol.” “Futebooool?” [inclina a cabeça e torce o nariz]. Ou seja, não está completamente ultrapassado, mas é algo que se vai ultrapassando passo a passo. Aqui estamos nós, jogadoras, a lutar todos os dias para contrariar esse pensamento, essa discriminação que ainda existe. Mas estamos a trabalhar no bom sentido.
Ouviste coisas feias?
Sim. Claro que sim. Até há pouco tempo. Eu jogava em Portugal e lembro-me de ter ouvido comentários de todo o tipo. Até racistas [vai sorrindo durante a resposta]. Lembro-me de ir jogar ao Norte e ouvir “preta, vai para a tua terra”. Quando estava em Braga, num jogo para a Taça, fora, ouvi um comentário racista, olhei para a bancada e abanei a cabeça. Era uma bancada muito próxima. Quando abanei a cabeça, uau, ainda foi pior. Existe [racismo]. Eu sou um bocadinho positiva em relação a isso, sinto que há uma melhoria. Se calhar, as pessoas têm mais medo, estão mais expostas, há televisões, há câmaras. Mesmo assim, algumas não têm vergonha nenhuma e continuam. Acredito que isso seja erradicado se tivermos os melhores mecanismos para punir os indivíduos que não pertencem ao futebol. Uma pessoa que tenha qualquer tipo de comentário racista, xenófobo ou homofóbico não é bem-vinda à modalidade.
Contaste isso com um sorriso. Mas não te afetou?
É um sorriso de... é tão triste que ainda existam pessoas capazes, em pleno século XXI, de terem atitudes discriminatórias de todas as formas. É triste, revolta-me. Revolta-me quando acontece a algum colega meu, seja futebol masculino ou feminino, porque podia ser eu. Deixa-me triste. Não é normal que no futebol, num espetáculo desportivo, em que toda a gente se devia divertir e apoiar a equipa, estejamos mais preocupados em ofender e insultar.
Sendo mulher e negra, sentes mais pressão para ser um exemplo? Sentes uma responsabilidade acrescida?
Eu não sinto o peso, sinto orgulho. Dá-me algum gozo ser negra, futebolista e ter algum sucesso. Quero mostrar que também podemos. É uma responsabilidade que me enche o peito e digo “eu consigo”, “nós conseguimos”. Sinto até que sou uma causa. Gosto de mostrar que nós, mulheres, e eu sou negra, conseguimos e podemos lutar pelos nossos sonhos e contra qualquer tipo de discriminação. Ainda há um preconceito muito grande, e nós, jogadoras de futebol e também muitas outras desportistas, temos rótulos e mais rótulos. Temos de desmanchá-los. Não é uma prioridade, mas naturalmente. O meu objetivo não é desmanchar o rótulo, é mostrar a essas pessoas que são ignorantes [risos], que não são bem-vindas à modalidade.
(...)»
quinta-feira, 28 de outubro de 2021
quarta-feira, 27 de outubro de 2021
terça-feira, 26 de outubro de 2021
ARTUR PASTOR | «(...)cartografou o país de norte a sul, percorreu o seu litoral e o interior e as ilhas, conheceu de perto as gentes que trabalhavam na faina do mar e no amanho dos campos. Fê-lo com um afinco e um desvelo tais que só são explicáveis por um profundo amor a Portugal e ao seu povo»
Artur Pastor (1922-1999) foi um dos mais notáveis fotógrafos portugueses do século XX e o seu acervo, composto por muitos milhares de negativos, é o mais importante repositório de imagens do Portugal rural dos anos 1940-1990.
Além da qualidade artística das imagens, o Fundo Artur Pastor reveste-se de uma importância crucial do ponto de vista histórico, documental, sociológico e etnográfico, já que, na qualidade de técnico ao serviço do Ministério da Agricultura, Artur Pastor percorreu o país de norte a sul, litoral e interior, pelo que o conjunto da sua obra, ao invés de ser cingir a um ponto específico do território, cobre todo o Portugal continental, num retrato absolutamente único do país e do seu povo.
A Fundação Francisco Manuel dos Santos, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, promove a publicação do grande catálogo da exposição Artur Pastor, uma obra de referência feita em edição de prestígio e elevada qualidade, com mais de 200 imagens e textos de diversos autores.
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Sobre o Livro, na «Comunidade Cultura e Arte»:
Chega às livrarias portuguesas livro de Artur Pastor, um dos mais notáveis fotógrafos portugueses do século XX
segunda-feira, 25 de outubro de 2021
CICLO DE AULAS ABERTAS | «Vozes de mulheres nas literaturas em língua galega e portuguesa» | 3NOVEMBRO A 1DEZEMBRO 2021
«Ciclo de Aulas Abertas
Vozes de mulheres nas literaturas em língua galega e portuguesa
3 de novembro a 1 de dezembro de 2021
CCP-Vigo e Faculdade de Filologia e Tradução da Universidade de Vigo
Entrada livre
No âmbito da colaboração do Centro Cultural do Camões , I.P. em Vigo no Ciclo de Aulas Abertas “Vozes de mulheres nas literaturas em língua galega e portuguesa”, organizado pelo projeto de investigação POEPOLIT II (PID2019-105709RB-I00, 2020-2023) e pela I Cátedra Internacional José Saramago, estão agendadas sete sessões com a participação de seis conferencistas, três de origem galega e três de origem portuguesa. (...)». Saiba mais.
«a linguagem inclusiva e neutra no género veio para ficar»
«Do discurso público dos governantes às normas do Parlamento
Europeu, a linguagem inclusiva e neutra
no género veio para ficar e há quem pense
redefinir a língua. Nem todas as pessoas se identificam com isto
TEXTO BERNARDO MENDONÇA ILUSTRAÇÃO GONÇALO VIANA
Este verão, o escritor Afonso
Reis Cabral assinou uma crónica no “JN” em que criticava o facto de o Museu da
Língua Portuguesa, que foi reinaugurado a 31 de julho em São Paulo, no Brasil,
ter publicado nas redes sociais um texto em que incentivava a que o visitassem
“todos, todas e todes”. Uma formulação do museu para uma linguagem inclusiva
que convocava homens, mulheres e pessoas não-binárias que desagradou ao
escritor, que considerou “uma corrupção disparatada da língua que não serve a
ninguém”.
O
escritor, formado em Estudos Portugueses e Lusófonos, distinguido com o Prémio
Saramago e Leya, afirma ao Expresso que critica estas novas abordagens da
língua, mas não pessoas ou identidades. “Estes temas são naturalmente
sensíveis, mas hoje em dia parece que não se podem debater ideias sem renegar
pessoas. Quando digo que este tipo de linguagem inclusiva não é exequível, não
estou a desvalorizar a vida das pessoas, mas este tipo de propostas é de origem
académica, não é exequível e não está firmado.”
Afonso
recorda que a proposta para a neutralidade de género na língua começou por
defender o uso do @ [no lugar da vogal o ou a], depois passou a ser o uso do X.
E, mais recentemente, sugere o uso do “e” como marca do neutro [ex.: “todes” em
vez de “todos”]. “Acontece que se pensarmos na própria língua, apesar de
marcada e naturalmente binária, o masculino plural é um masculino gramatical.
Quando dizemos ‘todos’, estamos a abarcar o masculino, o feminino e etc. Não é
exclusivo, não é contra ninguém, foi assim que a língua evoluiu.”
O
que é certo é que o debate sobre a linguagem neutra de género ou inclusiva veio
para ficar, divide opiniões e discute-se ao mais alto nível em todo o mundo.
São cada vez mais as instituições e personalidades do Governo, da política, do
ativismo e da comunicação que procuram usar uma linguagem inclusiva e
não-discriminatória. Sem invisibilizar mulheres, pessoas ‘trans’ ou
não-binárias na linguagem ou no chamado ‘falso’ masculino neutro. E neste campo
há quem sugira mesmo alterar o idioma e inventar palavras novas, onde entram
novas grafias de palavras, como “amigxs”, “tod@s” ou “todes”, ou “elu” em vez
dos pronomes “ele” e “ela”.
A
vice-presidente da Assembleia da República e deputada do PS Edite Estrela
levanta grandes dúvidas sobre uma alteração do idioma, mas tem uma posição
clara sobre a linguagem neutra. “Usar uma linguagem que desconstrua a ideia do
masculino como universal não é pleonasmo, muito menos erro, é promover a
igualdade de género. Aceitar o masculino como universal é não reconhecer às
mulheres a condição de sujeitos, deixando-as invisíveis, logo inexistentes.”
E
recorda que a história da língua portuguesa ajuda a perceber a questão: o
português transformou-se a partir do latim vulgar, que possuía os géneros
masculino, feminino e neutro. Mas, com o tempo, os idiomas vindos do latim
suprimiram o género neutro, considerando que o género masculino cumpria essa
função. “Daí advém o que podemos classificar de ‘machismo’ da língua
portuguesa, uma vez que a sociedade romana era rigidamente patriarcal. A língua
inglesa não faz qualquer distinção de género a partir de maiorias: sejam duas
mulheres e um homem, sejam dois homens ou duas mulheres, usa-se sempre “they”.
Em português, na falta do neutro, usemos uma linguagem inclusiva, falando deles
e delas, dos portugueses e das portuguesas.”
Sobre esta matéria, relembra que na recente cerimónia de homenagem ao diplomata Aristides de Sousa Mendes — a concessão de um lugar no Panteão Nacional —, o Presidente da República dirigiu-se aos presentes como “suas excelências”, expressão neutra que não sobrepôs o masculino sobre o feminino, e que o presidente da Assembleia da República usou linguagem inclusiva no discurso. “Referiu a presidente do Tribunal Administrativo [Dulce Neto, a primeira mulher a presidir a um tribunal superior em Portugal], não a englobando na designação genérica de ‘presidentes dos supremos tribunais’. E fê-lo porque importa destacar uma mulher no Supremo Tribunal Administrativo. E, no meu caso, referiu senhora vice-presidente da AR e senhores vice-presidentes. Fez a distinção.”(...)» - do semanário Expresso de 23 OUT 2021
domingo, 24 de outubro de 2021
sábado, 23 de outubro de 2021
PRÉMIO CAMÕES | AINDA PAULINA CHIZIANE |«elege a luta pela emancipação da mulher moçambicana como um dos fios condutores da sua obra»
Leia também:
Quem é Paulina Chiziane, a escritora que começou a luta descalça, a escrever sob uma árvore com a emancipação em vista
sexta-feira, 22 de outubro de 2021
FESTIVAL |« Eufémia: Mulheres, teatro e identidades» | NOS PRÓXIMOS DIAS 26 A 31 EM VÁRIOS ESPAÇOS DE LISBOA
O nome do certame, a realizar em espaços como a biblioteca de Marvila, o auditório da Escola Secundária Camões e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa (UNL), “remete para as mulheres trabalhadoras, as suas lutas, as denúncias contra as diferentes violências do sistema patriarcal - heteronormativo-branco, a força e a vulnerabilidade das que são mães, o direito e o dever de falar e o direito e o dever de dizer não”, acrescenta uma nota da organização.
Idealizado e construído a partir da questão das perspetivas de género, que denuncia a captura da identidade nas redes de poder-saber patriarcais e aponta a necessidade de um novo tipo de ação feminista através das artes cénicas, os espetáculos “procuram configurar a prática artística/cénica como prática política, e, como tal, transformadora do social”, refere a mesma nota da organização do certame. (...). Continue a ler.
quinta-feira, 21 de outubro de 2021
Paulina Chiziane vence Prémio Camões 2021
Tudo o que eu tentei escrever, nos diferentes livros, parte da nossa memória coletiva. Eu nunca falei, nos livros, na minha voz pessoal. Mesmo nos livros em que escrevo na primeira pessoa eu estou a trazer a voz coletiva. Portanto, é todo um povo que é agraciado por este grande prémio.
quarta-feira, 20 de outubro de 2021
Armanda Passos
Na entrevista afirma que o dom
artístico "foi-se manifestando devagar". "Achava que não era
dotada para nada, especialmente para o desenho. (...) Foi com o tempo, aos
poucos que fui descobrindo", disse.(…)».
terça-feira, 19 de outubro de 2021
segunda-feira, 18 de outubro de 2021
sábado, 16 de outubro de 2021
sexta-feira, 15 de outubro de 2021
NUNO RAMOS DE ALMEIDA | «OS RICOS NÃO JOGAM À RASPADINHA»| «Segundo o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, quem mais joga são mulheres entre os 35 e os 54 anos, com habilitações baixas e rendimentos entre 500 e 1000 euros mensais, e 2,5% tem comportamentos abusivos face ao jogo e 1% patológicos»
Começa assim: «A literatura e a realidade por vezes não se encontram. Às vezes aquilo que é traçado nas letras é mais justo que aquilo que ocorre na verdade. Nas linhas de Jorge Luis Borges no conto A Lotaria da Babilónia, o sorteio servia para tornar todos os homens e mulheres iguais durante a vida.
«Como todos os homens da Babilónia, fui procônsul; como todos,
escravo; também conheci a omnipotência, o opróbrio, os cárceres. Olhem: à minha
mão direita falta-lhe o indicador. Olhem: por este rasgão da capa vê-se no meu
estômago uma tatuagem vermelha: é o segundo símbolo, Beth. Esta letra, nas
noites de lua cheia, confere-me poder sobre os homens cuja marca é Ghimel, mas
sujeita-me aos de Aleph, que nas noites sem lua devem obediência aos de Ghimel.
No crepúsculo do amanhecer, num sótão, jugulei ante uma pedra negra touros
sagrados. Durante um ano da Lua, fui declarado invisível: gritava e não me
respondiam, roubava o pão e não me decapitavam. Conheci o que ignoram os
gregos: a incerteza.»
Na realidade, os ricos não conhecem a incerteza e o jogo é
sobretudo um expediente dos pobres sonharem com uma existência diferente.
Os pobres jogam, nesta sociedade, porque os convenceram que é a
única forma de a sua vida ser melhor. Os ricos não precisam de jogar à
raspadinha. Já mandam. A sua vida não está sujeita à sorte: têm o dinheiro para
a comprar. (...)»
quinta-feira, 14 de outubro de 2021
«No dia em que for possível à mulher amar não na sua fraqueza mas na sua força, não para fugir de si mesma mas para se encontrar, não para se rebaixar mas para se afirmar — nesse dia o amor tornar-se-á para si, como para o homem, fonte de vida e não perigo mortal» / Simone de Beauvoir, Segundo Sexo
«Cresci com a ideia de que para amar era preciso sofrer. As mulheres da minha família assim me mostravam, a literatura e o cinema que me acompanharam na infância e adolescência também. Amor era sinónimo de sacrifício. Abdicar do trabalho para cuidar do marido e dos filhos foi a vida da minha mãe, avó e bisavó. Na família, o amor demonstrava-se com um carinho ou uma bofetada. Em criança, orgulhava-me de ser uma pirralha endiabrada que era controlada à base de mimos, castigos e palmadas. O amor também castiga. Ao longo do tempo, fui aprendendo a romantizar episódios de agressão física e psicológica, e a olhar para a violência como uma forma de resolver conflitos.
Esta noção pervertida de amor, refletiu-se nas minhas primeiras relações. Fui
vítima de violência psicológica e física num namoro de adolescência, onde me
tornei também agressora. Não é fácil dizer isto: à medida que ia sendo vítima
de violência psicológica sentia-me legitimada para agir da mesma forma. Não
estávamos em pé de igualdade, mesmo como agressores: eu partia de uma posição
de submissão, e agia perante abusos maiores. Quando a situação evoluiu para
violência física, defendi-me. Terminei a relação pouco depois disso.
Infelizmente, sei que estou longe de ter sido a única pessoa a viver uma
relação abusiva. Não serei também a última. Nem todas as situações de violência
doméstica têm o mesmo desfecho. Nem todas as violências são praticadas da mesma
forma. Mas todas deixam marcas, ainda que algumas não sejam visíveis. A
violência nas relações de intimidade é complexa e comum. Acima de tudo, é
perigosa.
Em 2020, dos 30 homicídios registados pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima
em contexto de violência doméstica, 26 das vítimas eram mulheres. Entre 2014 e
2019, foram assassinadas 111 mulheres em relações de
intimidade. Mulheres como Lúcia Rodrigues, assassinada a tiro pelo
companheiro, Ana Paula, estrangulada pelo marido, ou Vera Silva, espancada pelo
ex-companheiro, são apenas alguns dos nomes que constam do Relatório do Observatório de Mulheres Assassinadas
da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), de 2019.
A violência doméstica contra cônjuge ou análogo é a tipologia criminal mais
participada em Portugal: 23 439 participações só no último ano, de acordo com o
Relatório Anual de Segurança Interna de 2020.
O que chega aos tribunais é ainda a ponta do iceberg. No ano passado foram
abertos 33 973 inquéritos judiciais, 21 327 dos quais
foram arquivados (63%). Apenas 5 043 se tornaram acusações concretas.
Para falar de tudo isto, entrevistámos Sofia Neves, doutorada em psicologia
social, professora e investigadora na Universidade da Maia e membro integrado
do Centro Interdisciplinar de Estudos de Género da Universidade de Lisboa. É
presidente da Plano i, uma associação não-governamental de
promoção da igualdade que tem feito investigação sobre violência doméstica e
trabalhado na intervenção direta com as vítimas.
Ouve aqui a entrevista ou na tua app de
podcasts. E diz-me o que achaste».
Um abraço,
Maria Almeida
quarta-feira, 13 de outubro de 2021
«Stories of MIGRATION»
Editorial
«Families
forced out of
their homes by
war, makeshift camps
on the outskirts
of cities, survivors of
perilous sea crossings
– news channels have
become used to
trivializing images of migrants,
who are too often reduced to an archetype of contemporary misfortune. These news items reflect
very real situations, like those currently being
experienced by civilians trying to flee Afghanistan. The tragic
side of migration,
however, far from summarizes
the complex, plural,
and changing reality
of this major
twenty-first century phenomenon.
In 2020, the
International Organization for
Migration (IOM) estimated that the number of
international migrants worldwide was 272
million. These people
left their home countries to
flee violence, natural
disasters, or the effects of climate
change – but also to study, work, and invent a new life somewhere else.This figure, which
continues to rise, is frequently exploited by
those who use it as
a political weapon, to
argue that migrants
– convenient scapegoats for
the fears and
frustrations of host communities
– pose a real threat.
These fears are
exacerbated during a
pandemic, fuelled by
preconceived notions and prejudices about migrants,
which serve to
obscure well-established data
– particularly that
population movements primarily
occur between low-
and middle-income
countries, and that nearly half of all migrants do not
cross borders. These prejudices also fuel rejection, racism, and
even discrimination, against
the new arrivals. Women are particularly
penalized. It is precisely to
encourage living together
and to reduce
this kind of
discrimination that UNESCO
set up the International
Coalition of Inclusive
and Sustainable Cities
(ICCAR). The Organization is also keen to remind us that behind the dry
statistics, there are thousands of human destinies,
countless stories – sometimes terrible,
often happy –
and the richness
of a cultural mix
that is part
of our lives
and our collective history. Does the
term migration still
mean anything in our globalized
societies, which are characterized by an
intensification of exchanges
and travel, where “somewhere else”
is now within reach of many people? In Le Métier
à métisser, the
Haitian writer René Depestre invites
us to rethink
the very idea
of exile: “The
process of globalization
is a call to render
outdated and obsolete
the belief that, to have
an identity, one
must stay at
home, smelling the
aroma of one’s
grandmother’s coffee".