quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

«INCLUSIVA _ No ano do 65º aniversário da boneca surgiram uma Barbie cega e uma Barbie deficiente. Antes, houvera a Barbie sem cabelo ou a de cadeira de rodas»

 


No semanário Expresso mais recente, temos um trabalho sobre a Barbie donde retirámos o que está no titulo deste post. Mais este excerto: «(...) Isto porque o lançamento da Barbie também coincide, historicamente, com a emergência e consolidação da segunda vaga do feminismo, enquanto movimento e área de conhecimento, diz Bernardo Coelho, sociólogo, investigador e professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa: “As diversas correntes teóricas (e de movimentos feministas) assumem uma agenda que passa, em grande medida, pela oposição à doutrina das esferas separadas: as mulheres limitadas à esfera doméstica, afetiva e dos cuidados (com a família, marido, filhos e casa); os homens com o monopólio de acesso à esfera pública (mundo do trabalho, poder económico e político). Esta cisão de mulheres e homens em universos distintos é percebida como causa fundamental para a desigualdade.” Ao mesmo tempo, e aqui está a ambiguidade que gera polémica, e que espelha o lugar de tantas mulheres até hoje, “a Barbie nunca deixa de espelhar a mentalidade do seu tempo, a de uma mulher ‘feliz’ com a sua posição subalterna”, sublinha o professor. “Durante décadas, a Barbie não tinha profissão, nem sequer indiciava qualquer tipo de participação na esfera pública. Ainda mais, é percebida como um objeto de difusão de um modelo de feminilidade que não só cumpre com aqueles requisitos conservadores (e produtores de desigualdade) como também cria uma nova exigência a esse modelo de feminilidade conservadora: as mulheres devem cuidar de si, devem ser bonitas. Ou seja, a Barbie é também percebida como um instrumento de colonização do corpo das mulheres.” Depois recorda que a Barbie é contemporânea do forte desenvolvimento da indústria dos eletrodomésticos, sobretudo nos EUA: “Uma era dourada do desenvolvimento de múltiplos objetos e maquinetas para auxiliar a execução das tarefas domésticas, mas sem que isso queira dizer maior igualdade ou menor subalternização das mulheres.” Por isso, a Barbie é, tantas vezes, acusada de ser um símbolo do pior conservadorismo wasp norte-americano. (...)». Se puder não perca o trabalho - se tiver acesso online é aqui.

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De livre acesso online:

De lá: «(...) Polémicas à parte, esta boneca de 65 anos reinventou-se de modo a tornar-se mais inclusiva, representando mais tipos de corpos, etnias e até limitações. Celebrar a diversidade é precisamente o ponto de partida deste livro, no qual personalidades de todas as áreas mostram como esta boneca influenciou a sua vida pessoal e profissional. As Barbies, dentro e fora do livro, são símbolos de independência e emancipação. Tomam o centro da sua própria vida e a ideia que apenas a Barbie magra de cabelo loiro pode ser uma Barbie desapareceu. A Barbie pode ser de todas as formas, cores e feitios e cada uma terá os seus interesses e talentos. (...)».

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