sábado, 8 de fevereiro de 2025

«DEMOGRAFIA»

 

no semanário Expresso desta semana


A questão demográfica é fator determinante dos nossos dias. O artigo acima é daqueles a não perder. Excerto:

«Uma nova geração começou a nascer no início deste ano. São os primeiros nativos da inteligência artificial, vão crescer rodeados de automatismos, terão uma vida mais longa do que a dos pais e mais tempo para viver com os netos. Quase todos vão chegar ao século XXII e terão entre 61 e 75 anos no réveillon de 2100. É provável que cresçam com poucos irmãos biológicos e que as histórias das famílias grandes não passem de fotografias nos álbuns dos avós. Os seus pais serão os jovens de hoje, uns ainda Millennials, outros já geração Z, experien­tes em crises sociais, económicas e financeiras, com vidas aceleradas e totalmente digitais, ainda que mais atentos aos efeitos da tecnologia em excesso e da falta de cuidado com o ambiente. Poucas são as certezas sobre o que será mesmo a vida dos que nascerem entre 2025 e 2039, mas sabe-se que são os últimos a ter pais que ainda foram crianças sem telemóvel.
O início de uma nova geração em 2025 foi proposto pelo demógrafo australiano Mark McCrindle. Designou-a por Beta — a segunda letra do alfabeto grego —, já depois de ter dado o nome de Alfa à anterior, que abrangeu os nascidos entre 2012 e 2024. “Para esta geração o mundo digital e físico não terá fronteiras. Enquanto a Alfa viveu o aparecimento da inteligência artificial (IA), a Beta vai viver numa era em que a IA e a automação fazem totalmente parte do dia a dia — da educação ao trabalho, da saúde ao entretenimento”, resumiu McCrindle na sua página, lembrando que estes serão os pioneiros a testar transportes autónomos e a lidar com ambientes virtuais imersivos.
Esta será também a primeira geração a chegar quase por inteiro ao século XXII, onde passará as últimas décadas das suas vidas. “São gerações que, se nenhuma catástrofe acontecer, vão conseguir imaginar-se com maiores chances do que os seus antepassados de estarem mais próximos dos tais limites da vida humana. Serão diferentes dos seus pais quando estes tinham a mesma idade, a começar pelas expectativas de vida”, resume Maria João Valente Rosa, professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. “Aplicando o deflator de idades, alguém desta geração com 61 anos em 2100 poderá equivaler, hoje, a alguém com 51 ou com 54, dependendo se for homem ou mulher, respetivamente. E os 75 anos em 2100 poderão equivaler aos 67 de hoje, tanto para homens como para mulheres”, diz a demógrafa, a partir do cenário-base do Eurostat.
Para já, a geração Beta conta com pouco mais de 7700 bebés em Portugal, a ver pelos testes do pezinho feitos em janeiro, segundo o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Mas em 2050 irá equivaler a 13,4% dos residentes, indica Maria João Valente Rosa. No mundo, já em 2035, serão 16% da população. (...)».


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