no semanário Expresso desta semana
A questão demográfica é fator determinante dos nossos dias. O artigo acima é daqueles a não perder. Excerto:
«Uma nova geração começou a nascer no início deste ano. São os primeiros nativos da inteligência artificial, vão crescer rodeados de automatismos, terão uma vida mais longa do que a dos pais e mais tempo para viver com os netos. Quase todos vão chegar ao século XXII e terão entre 61 e 75 anos no réveillon de 2100. É provável que cresçam com poucos irmãos biológicos e que as histórias das famílias grandes não passem de fotografias nos álbuns dos avós. Os seus pais serão os jovens de hoje, uns ainda Millennials, outros já geração Z, experientes em crises sociais, económicas e financeiras, com vidas aceleradas e totalmente digitais, ainda que mais atentos aos efeitos da tecnologia em excesso e da falta de cuidado com o ambiente. Poucas são as certezas sobre o que será mesmo a vida dos que nascerem entre 2025 e 2039, mas sabe-se que são os últimos a ter pais que ainda foram crianças sem telemóvel.
O início de uma nova geração em 2025 foi proposto pelo demógrafo australiano Mark McCrindle. Designou-a por Beta — a segunda letra do alfabeto grego —, já depois de ter dado o nome de Alfa à anterior, que abrangeu os nascidos entre 2012 e 2024. “Para esta geração o mundo digital e físico não terá fronteiras. Enquanto a Alfa viveu o aparecimento da inteligência artificial (IA), a Beta vai viver numa era em que a IA e a automação fazem totalmente parte do dia a dia — da educação ao trabalho, da saúde ao entretenimento”, resumiu McCrindle na sua página, lembrando que estes serão os pioneiros a testar transportes autónomos e a lidar com ambientes virtuais imersivos.
Esta será também a primeira geração a chegar quase por inteiro ao século XXII, onde passará as últimas décadas das suas vidas. “São gerações que, se nenhuma catástrofe acontecer, vão conseguir imaginar-se com maiores chances do que os seus antepassados de estarem mais próximos dos tais limites da vida humana. Serão diferentes dos seus pais quando estes tinham a mesma idade, a começar pelas expectativas de vida”, resume Maria João Valente Rosa, professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. “Aplicando o deflator de idades, alguém desta geração com 61 anos em 2100 poderá equivaler, hoje, a alguém com 51 ou com 54, dependendo se for homem ou mulher, respetivamente. E os 75 anos em 2100 poderão equivaler aos 67 de hoje, tanto para homens como para mulheres”, diz a demógrafa, a partir do cenário-base do Eurostat.
Para já, a geração Beta conta com pouco mais de 7700 bebés em Portugal, a ver pelos testes do pezinho feitos em janeiro, segundo o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Mas em 2050 irá equivaler a 13,4% dos residentes, indica Maria João Valente Rosa. No mundo, já em 2035, serão 16% da população. (...)».
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