sexta-feira, 30 de setembro de 2022

«As mulheres representadas na Bíblia são pouco conhecidas e pouco interpretadas»

 


«As mulheres representadas na Bíblia são pouco conhecidas e pouco interpretadas. Contudo, são também capazes de responder a situações da vida contemporânea e inspirar dimensões da fé e da espiritualidade cristã de grande atualidade. Entre setembro e novembro revisitamos seis destas figuras bíblicas femininas nas manhãs de Espiritualidade na Brotéria. Em cada sessão um tempo de apresentação, um momento de silêncio ou conversa e um espaço final de diálogo. Com o P. Vasco Pinto de Magalhães SJ e o P. João Norton SJ». Saiba mais. Também no facebook da Brotéria.





quinta-feira, 29 de setembro de 2022

EXPOSIÇÃO | GRAÇA MORAIS | «Anjos e lobos - Diálogos da Humanidade»| GALERIA SÃO ROQUE | LISBOA

 


«Um conjunto de 72 obras da pintora Graça Morais, na maioria inéditas, percorrendo várias fases do percurso artístico, marcado pelo tema das injustiças sociais, vai ser apresentado numa exposição, na terça-feira, na Galeria São Roque, em Lisboa.

Intitulada ‘Anjos e Lobos – Diálogos da Humanidade’, a mostra foca sobretudo os últimos quatro anos de trabalhos da pintora de 74 anos, que nela diz “reinventar” os conceitos de masculino e feminino, como descreve um comunicado da galeria». Tirado daqui.


quarta-feira, 28 de setembro de 2022

SOFIA FERREIRA | ontem foi homenageada pelo PCP a propósito dos 100 anos do seu nascimento

 




E da intervenção de ontem de Jerónimo de Sousa no museu do Neo-Realismo:

«(...)Sofia Ferreira nasceu em Alhandra no dia 1 de Maio de 1922. Filha de trabalhadores agrícolas, apenas com 10 anos conheceu as durezas do trabalho nas lezírias do Ribatejo. Esse mundo do proletariado rural, particularmente explorado na dureza da faina exercida, de sol a sol. Essa vida que a actividade criadora dos autores e artistas na pluralidade das suas vozes, que este Museu do Neo-Realismo que nos acolhe representa, projectaram reflectindo o mundo objectivo do trabalho nos campos, nas fábricas, nas pescas e da vida da parte maioritária do povo que por aqui e por outras paragens mourejava, que tinha salários infames, assolado pela miséria e pela violência dos poderes dominantes. 
Sim, Sofia Ferreira que nasceu nestas terras de inspiração de Soeiro Pereira Gomes bem podia, em criança, ser uma daquelas personagens dos seus livros que não tiveram tempo de ser meninos. 
Cedo foi levada para Lisboa para trabalhar numa casa particular, como empregada doméstica. O contacto com a sua família de comunistas, em particular com as suas irmãs, nunca se perdeu. Foi através delas e da Organização de Vila Franca de Xira que tomou contacto com o Partido. A separação dos pais, já idosos, e com duas filhas já na luta clandestina do Partido, não foi fácil.
Sofia Ferreira adere ao PCP em 1945. Aderiu num tempo negro, marcado pela opressão generalizada, mas também por intensas lutas, muitas das quais com forte expressão nesta região de Vila Franca de Xira.  
Aderiu ao PCP num momento político crucial no plano internacional marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial e pela derrota do fascismo na guerra, e no plano interno por uma crescente afirmação do PCP como a grande força da resistência ao fascismo no nosso País e pronta para todos os combates. Combates que exigiam organização, quadros valorosos e ligação estreita à classe operária, ao campesinato, às mais diversas camadas do nosso povo. 
Sofia Ferreira entra na clandestinidade, como funcionária do Partido, tinha 24 anos, um ano após ter vindo ao Partido no quadro desta exigência da luta, exercendo tarefas numa tipografia clandestina na Figueira da Foz onde se imprimia O Militante e outras obras do Partido. (...)». Pode ler na integra aqui.

Leia também no blogue Silêncios e Memórias:





domingo, 25 de setembro de 2022

JORGE REIS-SÁ |«Campo dos Bargos - O futebol ou a recuperação semanal da infância»

 


Regressar à infância: não é isso, afinal, o que mais se procura?
Esquecer as preocupações e as responsabilidades e, de novo, jogar à baliza com os primos.
A maior ânsia é não se ser batido pelo remate do mais velho. É isso que o futebol permite: regressar à infância a cada quinze dias, sempre que joga o clube de eleição.E esse jogo acontece no campo mais memorável: chame-se ele Luz, Alvalade, Antas, ou Bargos, o do Famalicão. O futebol é o maior criador de ídolos, como de vilões e heróis.
Neste livro conta-se uma história muito pessoal, mas também daquelas onde qualquer adepto se pode rever, trazendo para agora aquilo que se viveu num relvado real, relembrado ou só sonhado. +.


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E se puder leia a crónica acima no Expresso desta semana que, aliás, nos levou ao  livro da imagem inicial.




«The Story of Art without Men»

 


«In her first book, art historian and broadcaster Katy Hessel reshapes art history by placing women at its heart. The Story of Art without Men continues Hessel’s dedication to celebrating women artists and providing an accessible and inclusive art history. 

Discover the women who spearheaded the Renaissance such as Sofonisba Anguissola, the radical work of Harriet Powers in the nineteenth-century USA, and the artist who really invented the Readymade. Explore the Dutch Golden Age, the astonishing work of post-War artists in Latin America and the women artists defining art in the 2020s. Have your sense of art history overturned, and your eyes opened to many art forms often overlooked or dismissed. From the Cornish coast to Manhattan, Nigeria to Japan, this is the history of art as it's never been told before.

Katy Hessel is an art historian, curator, writer, and broadcaster. She is the founder of the Instagram account @thegreatwomenartists and the podcast of the same name. Hessel is a regular contributor to The Guardian, British Vogue, and Harper’s Bazaar. She has lectured at Cambridge University and the National Gallery, as well as presented documentaries for the BBC». Saiba mais. 



sexta-feira, 23 de setembro de 2022

«Plano Setorial da Defesa Nacional para a Igualdade»





O que a Comunicação Social tem destacado é o «GABINETE». Veja-se, por exemplo, do Expresso:



Se me é permitido um comentário pessoal assente na  experiência: ao longo da minha atividade profissional na Administração Pública na esfera da «Igualdade» sempre me apercebi da maneira «à sério» com que  se agia na Defesa, e disso ia falando. Os outros Ministérios, melhor, as outras ÁREAS (veja-se a terminologia do Portal do Governo)  podiam aprender com eles. Nomeadamente a CULTURA. A meu ver, de facto, é fundamental mostrar como se está a atuar quanto à promoção da igualdade entre homens e mulhares em cada um dos setores e mostrá-lo para lá dos mapas «burocráticos» que constituem os Planos. Sem prejuizo da existência de «unidades orgânicas» especificas, na circunstância de um Gabinete,  «igualdade» deve estar de forma natural em toda a parte e ser da responsabilidade de todos/as ... Tenho este receio, confirmado na teoria e na prática: se não se estiver atento, ao criar-se um serviço próprio como que se alivia o papel dos demais.  Mas parabéns ao Ministério da Defesa. 


Mahsa Amini

 





E do semanário EXPRESSO:
 

«Mahsa Amini tinha 22 anos e morreu numa prisão no Irão. Em protesto, mulheres filmam-se a cortar o cabelo e queimam hijabs nas ruas

Rúben Tiago Pereira

A jovem Mahsa Amini estava de visita a Teerão no dia 13 de setembro quando foi detida pela Patrulha da Orientação da República Islâmica do Irão por não usar a hijab como manda a lei. Nas mãos da polícia foi espancada e ficou em coma, acabando por morrer a 16 de setembro, nos cuidados intensivos do Hospital Kasra. Foram muitas as trocas de acusações entre os pais de Mahsa e a polícia, o que levou a Amnistia Internacional a solicitar uma investigação. A história ganhou tração nas ruas e nas redes sociais e transformou-se numa semana de protestos que deixaram o país a ferro e fogo. Já morreram nove pessoas e há dezenas de detidos. Nas ruas, grita-se “morte ao ditador”. (...)». Leia mais.


quarta-feira, 21 de setembro de 2022

MORREU MANUELA GONÇALVES | uma das precursoras da moda de autor/a em Portugal

 


MANUELA GONÇALVES morreu. Para muitos a MANELINHA. Criava roupas em que nos sentiamos confortáveis e que duravam «para uma vida». Eram bonitas nas passarelles, e nos nossos corpos, no dia-a-dia. É certo que a sua LOJA BRANCA, na Praça das Flores,  há muito  tinha fechado, mas havia sempre a possibilidade de a encontrarmos em alguma ocasião (selecionada?) e beneficiarmos do seu sorriso, comedido mas sincero. Isso já não vai mais acontecer. Estamos tristes.

 




OUTRA VEZ «DANINHAS»

 


Segundo a autora: "As daninhas ensinam-nos todos os dias através da resiliência e força, basta olhar. Pequenas bolsas de beleza e de natureza nesta frieza da calçada empedrada, do cimento e do alcatrão da cidade, elas despertam por entre muros e sarjetas, encostadas ao lancil ou caixotes do lixo..."


terça-feira, 20 de setembro de 2022

« Relíquias? O projeto reliquiarum»

 


«O que são relíquias? Porquê relíquias? Que relíquias há? Que relação têm as relíquias com os relicários? E como se relacionam com as muitas vidas e virtudes dos santos? E com as suas imagens esculpidas e pintadas? E que ligação há entre devotos de santos, as suas relíquias e Deus? Em conclusão, como descrever e estudar a extraordinária coleção de relíquias da Igreja e Museu de São Roque?

Estas são algumas das muitas perguntas que desenham o projeto reliquiarum. As novas metodologias, boas práticas museológicas e internacionalização que o reliquiarum vai acarretar resultam da sua missão de estudar relíquias.

A exposição é pouco mais: mostrar um projeto em exposição pela equipa que o vai investigar. Dar a pensar e conhecer os nossos suportes bibliográficos e documentais, os nossos parceiros pela Europa, as nossas dúvidas e questões de investigação a colocar às muitíssimas, tão pequenas e escondidas relíquias».






segunda-feira, 19 de setembro de 2022

IRENE PAPAS|recordemos a atriz recentemente falecida

 


«1926-2022 Uma das melhores atrizes gregas da sua geração

Acossada pela doença de Alzheimer desde 2013 e há muito afastada de olhares e convívios públicos, Irene Papas (ou Pappas, ou Pappás), considerada uma das melhores actrizes gregas da sua geração, faleceu dia 14 passado em Chiliomodi, aldeia nos arredores de Corinto, ao Peloponeso, onde nascera 96 anos antes e que escolhera como refúgio nos últimos tempos de vida.

Era filha de uma professora primária, Eleni Prevezanou, e seu pai, Stavros Lelekos, dava aulas de teatro clássico em Corinto, sendo essa, provavelmente, a razão explicativa para o facto de Irene ter desde criança a paixão das artes cénicas, primeiro na companhia de bonecas de trapos que ela própria fabricava e depois, a partir dos 15 anos, como aluna da Real Escola de Arte Dramática de Atenas, cidade para onde a família se mudara tinha ela sete anos. Aos 18 já encarnava Electra e Lady Macbeth em palco, mas o seu primeiro papel profissional só surgiria em 1948, o ano em que se formou — e foi o de uma socialite atontada numa comédia musical.

Nesse mesmo ano estreou-se no cinema com um pequeno papel em “Hamenoi Angeloi” (“Anjos Caídos”), de Nikos Tisforos, mas a fama só viria em 1952, com o filme “Cidade Morta”, de Frixos Iliasis, que a levou até ao Festival de Cannes, onde seria fotografada na companhia de Aga Khan IV, um descendente do Profeta que nunca desdenhou as delícias profanas. De seguida, meteu-se na pele de muitas mulheres clássicas, quase todas gregas e trágicas, de Antígona a Clitemenestra, passando por Electra ou Helena de Tróia (esta no filme “As Troianas”, de 1968, em que, numa das melhores interpretações da sua carreira, contracenou ao lado de Katharine Hepburn, que a qualificou como “uma das melhores actrizes da história do cinema” e de quem ficaria amiga íntima). (...)». António Araujo, no Expresso desta semana 


«Daniel e Daniela»





“Daniel e Daniela” fala do colonialismo, da mestiçagem cultural - e põe-nos a pensar

JORGE LEITÃO RAMOS

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Excerto do texto de Jorge Leitão Ramos no semanário Expresso desta semana:

«Daniel Nunes é, pelo menos, uma pessoa singular. Mestiço, cabo-verdiano cruzando um pai branco e uma mãe negra, homem de mais de 80 anos (nasceu em 1935) e com muita África na vida — Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau — agora com Portugal como lugar de morada, estranhou que a filha, adolescente, chegasse da escola e anunciasse que tinha uma nova colega, escurinha. Foi interrogar a professora, perguntando-lhe de que cor era a filha. “A sua filha é escurinha”, teve como resposta. Mas Daniel Nunes sabe que ‘escurinha’ não é designação de etnia, de cor de pele ou de coisa alguma com ela relacionada. E terá dito à professora: “A minha filha é preta.” É assim que começa “Daniel e Daniela”, o documentário de Sofia Pinto Coelho que agora se estreia em sala, coproduzido pela Ukbar Filmes e pela SIC, o que indicia divulgação televisiva, a cumprir daqui a algum tempo. À ambiguidade da questão no âmbito escolar reagiu Daniel com a decisão de falar com a filha, Daniela, sobre a sua identidade, a história paterna, a negritude, levando-a aos lugares onde essa história aconteceu: Cabo Verde, terra-mãe, São Tomé, onde viveu o período mais feliz da sua vida e de onde foi constrangido a sair após a independência, em 1976, Guiné-Bissau onde Daniela nasceu e viveu até completar a instrução primária. O filme testemunha esse périplo, uma viagem, o reencontro com amigos e familiares, memórias, considerações sobre a complexa e secular relação portuguesa com os povos africanos. A escravatura, o racismo, o colonialismo, os entraves ao desenvolvimento económico da África subsariana, as grandes questões gerais, digamos assim, cruzam-se, depois, com detalhes do dia a dia e que tanto podem dizer respeito às tradições guineenses do fanado como à memória traumática das grandes fomes que assolaram Cabo Verde durante a II Guerra Mundial. Tudo em tom brando, dando tempo ao tempo, e sem a preocupação estrita de engrenar uma narrativa que seja cronológica e explicativa. Talvez seja ousado dizer, mas eu avento, que Sofia Pinto Coelho pôs entre parênteses a sua condição de jornalista e preferiu ir dando respiração ao fluir das imagens e dos sons. Em vez de contar uma história, em vez de fazer reportagem, acompanhar duas pessoas muito diversas, deixar ver algo sobre elas e o mais que elas destilassem. A ternura de um pai com idade para ser avô da jovem filha, as vontades dela (ser médica) e as recusas (jamais Presidente da República de Cabo Verde, da Guiné-Bissau ou de Portugal), as controversas opiniões dele, muito ao arrepio do que hoje está em voga. Assim, se o colonialismo é sempre mau, o nosso foi o mais brando de todos, porque o povo português é, por natureza, brando, diz Daniel. (...)».

CLARA DUPONT-MONOD | «O Nosso Irmão»




 SINOPSE

«Havia uma família — pai, mãe e irmãos. Depois, nesse microclima único e irrepetível — como são todas as famílias —, nasceu um menino. Uma criança de olhos bem negros, que se perdem no vazio; uma criança sempre deitada, com bochechas rosadas e pernas translúcidas, nas quais se veem pequenas veias azuis; um bebé com um fio de voz puro e feliz, pés arqueados e palato elevado — um bebé eterno, uma criança inadaptada que traça uma linha invisível entre a família e o resto do mundo.
Esta é a história de uma família: da que existia antes; da que se confronta com um bebé que descobrem diferente; da família que parece ir desabar e depois se transforma e reconstrói, lenta, dolorosa e amorosamente em redor de uma criança; da família que se adapta ao que cada um sente, na pele, no corpo, na alma; e da família que fica, depois daquele menino, que criou um laço inquebrantável, entre irmãos, para sempre.
Esta é a história desse menino pelos olhos dos três irmãos: do mais velho, que o adora e protege; da irmã do meio, que se revolta e quer proteger a família; e do mais novo, que reconcilia as três vozes e une as histórias de O Nosso Irmão».
Saiba mais.



sábado, 17 de setembro de 2022

«No entanto, estas mulheres, que ocupam cerca de um quarto dos cargos de liderança, ainda não entram frequentemente no escalão mais alto da administração para ocupar o título de CEO, chairman ou COO. Apenas cerca de 6% das mulheres em cargos de liderança detêm estes títulos — uma quota que se tem mantido inalterável há duas décadas»

 


Recorte capturado aqui

onde está disponível o artigo seguinte:


« Women Are Getting to Corner Offices Faster Than Men

Women executives are still a small portion of top management inside the biggest U.S. companies. But more are joining the ranks».



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Sobre o estudo considerado no artigo pode ler-se nas «As Escolhas das Executivas»:


on of top mament inside the biggest U.S. companies. But more are joining the ranVeja tamnks.

Veja também : «Women Are Stalling Out on the Way to the Top - Here’s what we’ve learned from 40 years of data on executives in the largest U.S. corporations ».





quinta-feira, 15 de setembro de 2022

«QUEER 26»

Edição 2022: a moldar as nossas memórias

A programação do Queer Lisboa 26 volta a fazer-nos refletir sobre as importantes questões ligadas à memória, individual e coletiva. Negar a memória é desonrar e não reconhecer quem permitiu que estivéssemos onde estamos hoje. É um exercício perigoso de negacionismo que, a História continua a ensinar-nos, pode ter consequências extremas. Negar a memória e os nossos antecessores porque eles não seguiram conceções que abraçamos hoje de sexo, género, sexualidade, identidade ou comunidade, é irracional. E é um discurso que não raras vezes vem do privilégio. Um privilégio falsamente disfarçado de marginal e subversivo.

 O “queer”, sendo um conceito que parece nunca estar lá plenamente, estar sempre em falta, é porque ele é alimentado pelo passado e as suas muitas construções, e porque ele é sempre uma simulação de futuro, no qual projetamos uma vontade utópica. Nunca é exatamente “presente”. É uma promessa para a qual temos de trabalhar juntes. E isto não se faz sem memória – e, já agora, nem sem empatia. Gestos de memória e de celebração, a presente programação evoca e “inventa” necessários passados, pensa e problematiza o nosso presente, e projeta-nos no futuro.

 

O Queer Lisboa 26 apresenta no total 87 filmes, de 27 países diferentes. Veja a Programação.





 

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

MULHERES EM DESTAQUE | CLÁUDIA VAREJÃO |Conquistou o prémio de Melhor Filme na Giornata degli Autore, da 79.ª edição do Festival de Cinema de Veneza, com o Filme «Lobo e Cão»


 

 

«Num júri composto por 27 elementos e presidido pela realizadora Céline Sciamma, o filme de Cláudia Varejão foi o vencedor da sua secção. O júri justificou a sua decisão com as seguintes palavras: “A representação do que é fazer parte de uma comunidade queer, a combinação de elementos queer com a religiosidade o que nos dá a sensação dos espaços queer serem também lugares de espiritualidade.”; “Os corpos queer são colocados num frame onde são celebrados”; “Lobo e Cão apresenta um tema profundamente importante e que nos diz respeito a todos.”; “Extremamente bem executado, com uma cinematografia muito bonita e com personagens tão autênticas, este filme relaciona-se com o background de Varejão enquanto documentarista e na sua procura por uma autenticidade.”; “Uma excelente representação da comunidade queer através de uma navegação cuidada entre a religião e o mundo queer.”; “É um filme incrivelmente poético com uma representação da realidade queer absolutamente humanizada”.

Rodado na Ilha de São Miguel, nos Açores, com um elenco de atores não-profissionais, o filme leva-nos a conhecer a realidade insular através de Ana, o seu grupo de amigos e a sua família. “Lobo e Cão” cruza realidade e ficção, numa ode à comunidade queer desta ilha.

O filme é uma produção da Terratreme Filmes, em coprodução com a francesa La Belle Affaire, e vai ter estreia comercial em Portugal ainda este ano». Saiba mais.

 

 

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

«No ritmo atual de progresso, a plena igualdade de género pode levar 300 anos para ser alcançada. O dado foi revelado pelo relatório produzido em conjunto pela ONU Mulheres e o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, Desa, lançado nesta quarta-feira»

 


Disponível aqui

«(...) Impacto desproporcional das crises em mulheres e meninas

Assim, o relatório aponta que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5, para igualdade de gênero, não será alcançado até 2030.

A diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, afirma que os dados do estudo mostram os resultados das regressões causadas pelas crises globais, tanto em renda como em segurança, educação e saúde. Para ela, quanto mais levar para reverter essa tendência, mais custará a sociedade.

A secretária-geral adjunta para Coordenação de Políticas e Assuntos Interagências do Desa, Maria-Francesca Spatolisano, adiciona que os impactos das crises têm sido desproporcionais em particular mulheres e meninas.

A ONU alerta que, sem uma ação rápida, a falta de proteção jurídica para mulheres vítimas de violência, desigualdade salarial e a impossibilidade de controlar seus bens podem seguir sendo uma realidade para as próximas gerações. (...)». Leia na integra.




segunda-feira, 5 de setembro de 2022

EM SERRALVES | a exposição «50 Anos Depois» dedicada à artista portuguesa Maria Antónia Marinho Leite Siza Vieira


50 Anos Depois é uma exposição dedicada à artista portuguesa Maria Antónia Marinho Leite Siza Vieira,celebrando o aniversário da sua vida e obra a partir de 100 peças, doadas pelo arquiteto Álvaro Siza em Abril de 2022, bem como de um conjunto de pinturas, gravuras, desenhos, cartas e bordados, com curadoria do arquiteto António Choupina.

Nascida em 1940, Maria Antónia inscreve-se aos 17 anos no curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes do Porto. O diretor, Carlos Ramos, rapidamente a convida a participar na Exposição Magna da ESBAP, onde teve como mestre Júlio Resende e como colegas ou amigos: Ângelo de Sousa, Jorge Pinheiro, os Soutinho e os Cavaca, entre tantos outros.

A qualidade plástica da sua prolífica produção desenvolve-se em simultâneo com a cultura dos anos 60 em Portugal, alimentada também pelos romances de Eça de Queirós, pelo jazz de Dave Brubeck e pelos filmes de Visconti, Rosi ou Orson Welles, sobre os quais se correspondia assiduamente com Carlos Campos Morais.

Do casamento com Álvaro Siza, nascem Álvaro (1962) e Joana (1964), tendo os temas da cama materna, da multiplicação e transfiguração corpórea, dominado importantes segmentos do seu vasto léxico compositivo. De igual modo, a centralidade de personagens femininos e de acutilantes comentários sociais, imbuem as obras de múltiplas e misteriosas camadas - umas efabuladas, outras interpretadas em viagem por Marrocos (1967), Itália (1968) ou Inglaterra (1970).

Há uma clara recusa do zeitgeist do abstracionismo geométrico e um favorecer do figurativo de Giotto e Bellini, reinventado de forma extremamente pessoal e emotiva. A revelação dá-se na sua primeira e única exposição em vida, na Cooperativa Árvore (1970), com iterações e adaptações póstumas, no Porto (2002), em Madrid (2005), em Zagreb (2016), em Berlim (2019), et cetera. 

Maria Antónia deixa-nos prematuramente aos 32 anos (1973), mas a Tótó - como era afetuosamente conhecida - continua viva em centenas de desenhos protorrevolucionários, cujo legado se encontra hoje assegurado: do inato talento e sentido de proporção, representado na coleção da Fundação Gulbenkian, à maturidade e variedade gráfica, figurada na coleção da Fundação de Serralves. Como diria Deanna Petherbridge, a exposição 50 Anos Depois é tão extraordinariamente oportuna como as suas obras são intemporais. Do site de SERRALVES.



imagem capturada do semanário expresso 


EXPOSIÇÃO |«Adeus Pátria e Família» | MUSEU DO ALJUBE | LISBOA

 



ADEUS PÁTRIA E FAMÍLIA

28 DE JUNHO DE 2022 A 29 DE JANEIRO DE 2023

ADEUS PÁTRIA E FAMÍLIA aborda as dinâmicas e tensões entre a repressão e as resistências de diversidade sexual e de género durante a ditadura e após a Revolução. Esta exposição tenta compreender como essa tensão condicionou a vida quotidiana e perpetuou práticas e discursos opressivos e discriminatórios, marcando a sociedade portuguesa até à atualidade.
Convida-se à reflexão sobre as construções, desconstruções e reconstruções do conceito de género e o caminho ainda, e sempre, necessário para construir uma sociedade democrática.

Neste ano em que celebramos, pela primeira vez na nossa história, mais dias vividos em liberdade do que em ditadura, celebramos também os 40 anos da descriminalização da homossexualidade e quatro anos desde a consagração legal da autodeterminação de género. Estes avanços são inseparáveis de décadas de resistência, coragem, mobilização, solidariedade e enfrentamento do medo.

Revelar, nomear, reconhecer, representar e visibilizar é desconstruir preconceitos, combater violências, educar para os direitos humanos.

Todo o caminho feito até aqui inspira-nos a continuar a luta pela dignidade da pessoa humana, homenageando todos/as/es que foram perseguidos/as/es, criminalizados/as/es, patologizados/as/es, colonizados/as/es, humilhados/as/es e oprimidos/as/es, assumindo o nosso compromisso na defesa dos ideais e valores da liberdade e da democracia.

CURADORIA  Rita Rato e Joana Alves
DESENHO DE EXPOSIÇÃO  Ricardo Carvalho Arquitectos & Associados

Visita a exposição!
TER – DOM • 10H – 18H • ENTRADA LIVRE


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E do trabalho no semanário Expresso desta semana sobre a exposição:


A exposição “Adeus Pátria e Família” celebra os primeiros 40 anos da descriminalização da homossexualidade em Portugal, reconhecendo o caminho de resistência até à conquista de direitos

TEXTO CRISTINA MARGATO

Em 1926, e num discurso que estabelecia o “conforto das grandes certezas”, Salazar afirmou a indiscutibilidade de “Deus” e “da virtude”, da “família e da sua moral”, “da autoridade e do seu prestígio”. De uma só vez, num texto com pouco mais de 50 palavras, o ditador lançou a semente da trindade “Deus, Pátria e Família” que definiria o seu longo regime. Quase 100 anos depois desse discurso, proferido em Braga, a 28 de maio de 1926, Portugal tem uma das legislações mais avançadas do mundo em matéria de igualdade e de não descriminação com base na orientação sexual e na afirmação de género. Mas destes 100 anos, apenas 40 — muitos menos do que os da democracia — foram, de facto, vividos sem descriminalização da homossexualidade; e apenas quatro com consagração legal de autodeterminação de género. A batalha contra a repressão tem sido longa e difícil, e não está acabada, mesmo em democracia, porque a experiência da vida quotidiana nem sempre respeita as regras estabelecidas na legislação. 

Defender um modelo de família diferente do modelo católico, patriarcal, com o poder concentrado na figura masculina, que a ditadura impôs, e uma existência que se afirme fora dos ditames da heteronormatividade exige um esforço que está para lá das leis. Uma mudança de mentalidades, para a qual a exposição “Adeus Pátria e Família” quer contribuir ao traçar o percurso que nos trouxe aqui. “Revelar, nomear e dar visibilidade” a esta longa batalha contra um modelo único e opressor é um dos objetivos das curadoras, Rita Rato, diretora do Museu do Aljube, e Joana Alves, do departamento da comunicação. Três verbos que pretendem facilitar a reflexão e promover a discussão na sociedade e nas suas pequenas esferas, como a pessoal, a familiar ou a profissional. Na exposição que pode ser vista no Museu do Aljube, o desenho de Ricardo Carvalho recorre a um único dispositivo para suporte dos documentos apresentados de forma cronológica e linear, a um tecido de cortinado que significa a tensão entre a ocultação e a visibilidade dos que fogem à heteronormatividade, dos que querem escolher corresponder ao que são.

A viagem que “Adeus Pátria e Família” nos propõe começa nesse texto fundador da máquina de repressão do regime fascista, “A Lição de Salazar”, e termina num mapa mundial, no qual Portugal se destaca pela positiva, ao oferecer a mais avançada proteção, em matéria legislativa. Este caminho, feito de avanços e recuos, sistematizado pela exposição, mostra-nos a constituição desse aparelho repressivo, não apenas o de Estado, mas também da própria ciência.

Logo depois de exibir “A Lição de Salazar”, a exposição recorda o facto de Egas Moniz, Nobel da Medicina, ter considerado a homossexualidade uma doença, “tratável como qualquer outra”, “um vício contra a natureza”, incluindo e destacando passagens de “A Vida Sexual — Pathologia”. Lembra ainda a consequente institucionalização destes “doentes” em locais como o Albergue da Mitra, em Lisboa, ou a Quinta do Pisão, em Cascais. (...)».