segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

FILME |«Tár»

 


sinopse

Do produtor, realizador e argumentista Todd Field, chega TÁR, com Cate Blanchett no papel principal como Lydia Tár, a pioneira maestrina de uma ilustre orquestra alemã. Conhecemos Tár no auge da sua carreira, enquanto se preparara para o lançamento de um livro e para uma extremamente antecipada performance ao vivo da Sinfonia n.º 5 de Mahler. Ao longo das semanas subsequentes, a vida de Tár começa a desenrolar-se de uma maneira singularmente moderna. O resultado é uma abrasadora análise do poder e do seu impacto e durabilidade na sociedade contemporânea.




Excerto da critica de Luís Miguel Oliveira no jornal Público: «(...) Claro que, considerando a tensão dos tempos que vivemos, há uma ousadia de princípio em Tár, que facilmente (o que não significa correctamente) pode ser vista como uma provocação: é dos filmes mais me too que já se fizeram, mas a protagonista e abusadora é uma mulher, e uma mulher lésbica. É Lydia Tár (que Cate Blanchett interpreta superlativamente, sem favor nenhum está entre as mais impressionante performances de uma actriz já vistas em filmes do século XXI), poderosa e genial maestrina, a primeira mulher a dirigir a Filarmónica de Berlim — vale notar também que os sectores da música erudita, naquele desejo profundo de se sentir ofendido que é muito da época, já se entretiveram a encontrar possíveis inspirações para a personagem criada por Field e Blanchett, o que a ser verdade ressalvamos não pelo “escândalo” (que parece não ter pegado) mas como medida da profundidade com que obviamente a preparação do filme investigou o “meio”, de que dá um retrato hiper-realisticamente detalhado. Esse universo é, como qualquer outro universo contemporâneo, uma selva que convida ao egoísmo e ao individualismo, porque só os mais fortes sobrevivem. Mas esse egoísmo e individualismo podem ser características “naturais”, quase “zoológicas”, não necessariamente fruto de uma frieza calculada. É por isso que se a personagem de Tár é um “monstro”, essa monstruosidade pareça sempre algo de quase infantil, inconsciente de si própria, espontânea, ou justamente “animal”».

 


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