segunda-feira, 28 de outubro de 2024

«50 anos depois do 25 de abril, olhar a escola a partir daqueles cidadãos que ela exclui pode ajudar-nos a compreender melhor o modo despercebido, contínuo e desumano como se continua a praticar a exclusão escolar em “escolas inclusivas”»

 


Sinopse

50 anos depois do 25 de abril, olhar a escola a partir daqueles cidadãos que ela exclui pode ajudar-nos a compreender melhor o modo despercebido, contínuo e desumano como se continua a praticar a exclusão escolar em “escolas inclusivas”. A análise de “processos individuais de alunos” que foram marginalizados e abandonaram as nossas escolas públicas traz à luz do dia o persistente “modo de produção da exclusão escolar” e ilumina o papel da escola na humilhação e marginalização de alguns alunos.

Esta desocultação pretende ser mais um passo em ordem à construção de uma escola mais equitativa e justa. Saiba mais.

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Aquando do lançamento:


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Ontem o autor foi convidado do jornal da RTP2, e é de revisitar o que ali assinalou. Do que nos levou a pensar: a partir do momento em que se é «assinalado» entra-se numa espiral de marginalização da qual só alguns eventualmente sairão. E isso será  semente de vidas que ninguém deseja.



FILME |«Os papéis do inglês» | É MESMO DE IR VER | SE PUDER, CORRA!




«Evocação de Ruy Duarte de Carvalho num caleidoscópio de histórias e o Namibe em fundo. “Os Papéis do Inglês”, de Sérgio Graciano, é uma revelação

 JORGE LEITÃO RAMOS, no Expresso

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É mesmo uma revelação. Em particular, o fascínio africano por todo o lado. E mulheres fortes, filmadas com dignidade  e beleza. Em algum momento veio-nos à memória o «África Minha» que encantou tanta gente. Esperamos que o mesmo aconteça com este   «Os Papéis do Inglês».



De lá: «Baseado na trilogia Os Filhos de Próspero, de Ruy Duarte de Carvalho. Ruy Duarte de Carvalho, poeta, romancista e cineasta, descobre que o seu pai havia deixado uns papéis no deserto do Namibe que o poderiam ajudar a desvendar um mistério ocorrido em 1923. Seguindo a sua busca pelos “papéis do Inglês”, embarcamos numa jornada épica que nos leva da viragem do século XIX ao final do século XX, nas magnificas paisagens do sul Angolano».

domingo, 27 de outubro de 2024

LANÇAMENTO|«Livro Branco _ Recomendações para Prevenir e Combater o Casamento Infantil, Precoce e/ou Forçado»| 29 OUT 2024 | 16:00 | BIBLIOTECA NACIONAL | LISBOA | ENTRADA LIVRE

 




Livro Branco | Recomendações para Prevenir e Combater o  Casamento Infantil, Precoce e/ou Forçado

LANÇAMENTO | 29 out. '24 | 16h00 | Auditório | Entrada livre

 


«Os casamentos infantis, precoces e/ou forçados são práticas nefastas e afetam, de forma desproporcional, raparigas e mulheres em todo o mundo. Colocando-as em maior risco de violência sexual e baseada no género, aumentam ainda o risco de abandono escolar e põem, consequentemente, em causa as suas oportunidades no futuro, assim como o seu bem-estar físico.
As raparigas que se casam precocemente terão mais probabilidades de engravidar precocemente e de terem mais filhos e filhas, comparativamente com as raparigas que se casam mais tarde. Esta situação aumenta o risco de complicações relacionadas com a gravidez e o parto, que podem ter impactos a longo prazo na sua saúde, ou mesmo causar a morte. Os casamentos infantis, precoces e/ou forçados são reconhecidos amplamente como uma prática prejudicial e uma violação de Direitos Humanos.
 O Livro Branco sobre Prevenção e Combate aos Casamentos Infantis, Precoces e Forçados apresenta um conjunto de recomendações para prevenir e combater estas práticas, no pleno respeito dos direitos humanos. Tendo como objetivo apoiar a tomada de decisão informada e permitir a adoção de respostas para o compromisso conjunto de tolerância zero ao casamento infantil, precoce e/ou forçado. O documento pretende também lançar um amplo debate entre o Governo, entidades públicas e todas as partes interessadas, incluindo as organizações da sociedade civil, a academia e o público em geral, sobre as estratégias para combater estas práticas». Saiba mais. 




sábado, 26 de outubro de 2024

«Doar sangue deveria ser ensinado nas aulas de Cidadania, desde cedo na escola».

 



Excerto: «(...) Numa altura em que o dia passa a correr, o tempo é medido em 160 carateres ou num ‘gosto’, temos dificuldade em disponibilizar uma hora para poder doar sangue e com isso ajudar os outros. De uma forma puramente altruísta, pois deve ser das poucas ações em que quem recebe não sabe quem doou, e o agradecimento é algo muito íntimo, muito nosso, que partilhámos apenas com os nossos amigos e família. 
Doar sangue deveria ser ensinado nas aulas de Cidadania, desde cedo na escola. Em casa, os pais deve­riam promover esta ação como um dever. No trabalho, deveriam ser criadas condições para esta medida de responsabilidade social.
Numa sociedade humanizada, este texto não deveria precisar de ser escrito.
Hoje estou de novo de urgência. Ao iniciar o turno às 8h00, verifico um stock de componentes do sangue muito limitado, fruto de mais uma noite de enormes gastos. A urgência de um hospital central é a porta aberta para os casos mais graves. O impacto é devastador».

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Semanário Expresso |25/10/24


sexta-feira, 25 de outubro de 2024

«OLHARES DO MEDITERRÂNEO – WOMEN’S FILM FESTIVAL | 11ª edição | 31 OUT- 7 NOV 2024» | e à boleia «Ser jovem, hoje, na região mediterrânica» na Ordem dos Economistas

 



Olhares do Mediterrâneo - Women’s Film Festival promove a exibição de filmes feitos por mulheres oriundas do Mediterrâneo, ou que trabalhem em países mediterrânicos. O Festival pretende divulgar o papel das mulheres na criação cinematográfica, dando visibilidade aos seus filmes e promovendo o intercâmbio com profissionais do cinema em Portugal. O Festival apresenta visões de vários mundos a partir do Mediterrâneo, através do olhar criativo das mulheres. O Festival é um projecto de Olhares do Mediterrâneo - Associação Cultural e do CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia. Saiba mais.

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«REVOLUÇÕES QUOTIDIANAS
No ano em que Portugal celebra os 50 anos da Revolução Democrática de Abril de 1974 o tema do Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival é “Revoluções Quotidianas”, para nos lembrar que as revoluções acontecem todo os dias e todos os dias devem ser renovadas para manter viva a democracia e proteger e alargar os direitos.
As revoluções quotidianas, em contraste com as grandes convulsões históricas, são aquelas que ocorrem no seio da vida comum, no espaço íntimo do dia-a-dia, mudando o tecido social de forma gradual e silenciosa. São pequenas transformações, frequentemente invisíveis, mas que, ao acumularem-se, transformam as vidas, os modos de fazer, as mentalidades e até os sistemas políticos. As revoluções quotidianas são as mudanças levadas a cabo pelos grupos tradicionalmente silenciados. As suas próprias vidas e o trabalho são gestos de resistência invisível que são, em si mesmos, uma forma de revolução.
Através do cinema podemos ver estas formas subtis, mas poderosas, de construir mudanças. Ao trazer para o ecrã representações da vida comum, muitas vezes esquecidas ou ignoradas, as realizadoras cuja obra apresentamos no Festival expõem as tensões da sociedade, colocando em primeiro plano o que é sistematicamente silenciado. Os filmes que mostramos contam histórias que despoletam reflexões críticas sobre a forma como entendemos o mundo à nossa volta, desafiam a forma tradicional de ver a vida, propondo novas maneiras de narrar o quotidiano, assim como perspectivas diferentes sobre a História passada e presente.
O cinema feito por mulheres de países do Mediterrâneo tem desempenhado um papel fundamental na representação e análise das revoluções quotidianas, oferecendo novas perspectivas sobre as vidas, lutas e resistências que ocorrem no seio das sociedades mediterrânicas, marcadas por formas de viver e tradições tão distintas, tensões sociais, políticas e históricas diferentes.
Fazer filmes sobre dinâmicas familiares, trabalho doméstico, mutilação genital feminina, aborto, ou vida quotidiana de adolescentes é falar sobre direitos das mulheres, a desigualdade de género. Contar a vida de uma mulher argelina que revolucionou um género musical tradicionalmente reservado aos homens é revelar uma vida extraordinária silenciada pela geografia. Narrar os sonhos dos migrantes menores não acompanhados que tentam entrar na Europa é subverter narrativas de rejeição dominantes. Falar de uma mulher nascida num barco que, em 1884, levava emigrantes madeirenses para Angola, é trazer um olhar íntimo e novo sobre o colonialismo. Afinal, não podemos nunca esquecer que o privado é político.
O trabalho das realizadoras de países mediterrânicos é um testemunho do poder do cinema para dar visibilidade às lutas invisíveis e para transformar o quotidiano em palco de revoluções contínuas. Natália Correia, símbolo incontornável da liberdade de pensamento e criatividade artística antes e depois de 25 de Abril, que homenageamos com uma documentário em estreia mundial, dizia que “a cultura é que transforma as mentalidades”. O Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival quer ser exactamente isto: um espaço de cultura que, ao contrastar os processos de invisibilização, silenciamento e deslegitimação da voz das mulheres na esfera pública, transforma as mentalidades e, portanto, o mundo». No site do Festival.
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(o sublinhado é nosso)

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E há coincidências, quando estávamos a elaborar este post sobre os «Olhares do Mediterrâneo» recebemos  lembrete da Ordem dos Economistas:


De lá: «Trata-se de uma oportunidade única para refletir sobre o papel fundamental desta região para os jovens e a sua crescente importância num mundo multipolar.

Durante este encontro, será discutida a relevância geoestratégica do Mediterrâneo, não apenas como ponto de ligação entre culturas, mas também como um espaço estratégico para o desenvolvimento de novas formas de cooperação económica, financeira e energética, especialmente entre os países europeus e os do Norte de África.
Serão também abordadas as questões relativas aos fluxos migratórios, que continuam a ter um impacto significativo na região, bem como a proximidade cultural que une os países mediterrânicos, servindo como base para uma cooperação mais profunda e duradoura». 


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E quem sabe pode haver algum cruzamento entre estes acontecimentos. E quem sabe haverá lugar a que no encontro da Ordem dos Economistas se possa isolar no «ser jovem, hoje, na região mediterrânica» a situação particular das «jovens mulheres». E quem sabe ... 
E aproveitemos para lembrar a Ordem que na sua atividade tem de haver espaço para refletir as «mulheres na economia». Ao acaso, para ajudar na  argumentação:

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

«A primeira edição do FIATO vai realizar-se entre 13 e 16 de novembro com uma programação que se inicia e termina com óperas dedicadas a mulheres consideradas heroínas de Portugal»

 



«Primeiro Festival de Artes e Ópera do Porto inicia e encerra com obras dedicadas às mulheres

A primeira edição do FIATO vai realizar-se entre 13 e 16 de novembro com uma programação que se inicia e termina com óperas dedicadas a mulheres consideradas heroínas de Portugal»


Uma das obras programadas


quarta-feira, 23 de outubro de 2024

PONHA NA AGENDA | DA COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA |«Estamos ainda a três semanas da estreia d' "A bunda preta da Chuvinha", mas já existe um vídeo promocional que entreabre o pano desta peça especialmente dirigida aos adolescentes, com música tocada ao vivo»

 


«'Chuvinha' é o nome artístico de uma cantora cujo estilo musical se situa entre o afro-beat e o hip-hop. Estamos num estúdio de gravação e, para desespero dos produtores, a própria Chuvinha tarda em chegar à sessão: será que vai comparecer? Os músicos que a acompanham já estão a postos, e vão-se entretendo com picardias entre si. A identidade destes jovens é construída à imagem das figuras que vêem na televisão e que ‘seguem’ nas redes sociais. Os seus heróis são os músicos anti-sistema cuja imagética reproduzem como podem — e que não fazem mais do que instigá-los à revolta, sem lhes apontarem caminhos. As referências destes rapazes não vão muito além dos subúrbios em que cresceram. Querem expressar-se, mas não sabem como: falam de si próprios na terceira pessoa, como os jogadores de futebol. E, no entanto, todos ambicionam o êxito, sem que algum deles seja capaz de concretizar o que os faz sonhar — para além, claro, das roupas de marca, das jóias espampanantes, e dos carros potentes em que desfilam os seus ídolos nos telediscos. A dada altura Chuvinha entra de roldão pelo estúdio adentro, escoltada por um polícia. Esta peça é também sobre as peripécias e as tensões que envolvem a gravação do seu hit mais ‘poderoso’: A bunda preta da Chuvinha. E ainda sobre o desastre, que assalta estes jovens quando as suas frustrações fazem com que a raiva cresça de forma incontrolável — e não atinja o alvo certo». Saiba mais.


NOVEMBRO NA AR.CO | «Atelier de Artes Visuais para Jovens (a partir dos 10 anos)»

 


Cursos Livres e Sábados 
para Jovens e Adultos Novembro 2024


nomeadamente: «Atelier de Artes Visuais para Jovens (a partir dos 10 anos): Desenho, Pintura, Fotografia, Ilustração e Cerâmica» 



RUI MOREIRA DE CARVALHO | PAULA VEIGA | «Instinto Feminino»


SINOPSE

 Esta obra trata o tema do instinto feminino, tendo como foco o "uso da língua oficial [portuguesa] no empoderamento da mulher moçambicana". E que instinto feminino é esse?
A riqueza étnica-cultural de Moçambique identifica cerca de 21 idiomas diferentes. Esta riqueza tem um elevado imposto sucessório: como ensinar uma língua oficial que os pais não conhecem sem os professores adequados? Em certas regiões, as mães não têm capacidade para apoiar a ida dos filhos à escola. A pobreza retira-lhes o poder que a autoridade, enquanto educadoras, lhes confia. A falta desse poder não é só uma questão jurídica, moral e ética; também é económica.
Para um crescimento inclusivo e perene, as finanças e a economia (empreendedorismo/instituições) devem apoiar o investimento e o consumo desde a base da pirâmide social. O uso de novas tecnologias nos modelos de educação bilingue na fase de inserção das crianças nas escolas pode fomentar a aprendizagem da língua portuguesa, mitigar o abandono escolar, reforçar a identidade e a coesão nacional e promover a competitividade.
O modelo de crescimento deve considerar que as empresas integrem programas de responsabilidade social em parceria com os líderes locais focados no empoderamento da mulher. A mulher, enquanto esposa, mãe e família, saberá, através do seu instinto, fazer uso das oportunidades para uma construção coletiva.
"Não é o caminho que nos falta. O que nos falta é a viagem", escreve Mia Couto. Mas que a viagem decorra em paz e "sem a bengala emprestada". Que cada filho seja uma "bengala da família", enquanto caminho para o desenvolvimento de Moçambique. E do mundo. O instinto feminino saberá ajudar a encontrar os caminhos. E a fazer a viagem.
Este livro dirige-se a estudantes, professores, investigadores, gestores e empresários e a todos os interessados no tema, pretendendo atiçar a sua curiosidade e encorajar o debate.
- Cultura e normas sociais - A produtividade como instrumento de criação de valor social - A identidade de um Estado - Conquistar amigos e influenciar pessoas - "Não é o caminho que nos falta. O que nos falta é a viagem". Saiba mais.


segunda-feira, 21 de outubro de 2024

ANA BÁRBARA PEDROSA |«Amor Estragado»

 

SINOPSE

Dois irmãos contam a dissolução de uma família. Manel casou com Ema, e foi até que a morte os separasse como enfim os separou - pelas mãos dele. Habituado ao álcool e incapaz de lidar com as frustrações, não era a ele que mãe e irmãos deviam o amor sem reservas? Zé, casado, agora com três filhos, não vê no sangue uma desculpa para a vida do irmão. Pela mão da violência, que é pedra de toque, assistimos a uma família cujos laços se desfazem. E à vida transformada noutra coisa.
Com uma linguagem crua e destemida, que não raras vezes desarma o leitor, Amor Estragado é um romance sobre a família enquanto território a proteger, a traição da vida adulta face às certezas da infância, a inveja, o desgosto, a degradação que o vício impõe e o que custa perder um lugar de honra. E inevitavelmente sobre a culpa - do homem que mata e de quem não o impede. Saiba mais.



Não há como não reparar ...

 

A imagem foi retirada do semanário Expresso/  Economia desta semana. A pergunta a fazer: não haverá mulheres que poderiam também opinar? Pois é, «as pequenas coisas» que dizem muito sobre o caminho a fazer na esfera da «igualdade». Sinais de que andamos a passo de caracol!


domingo, 20 de outubro de 2024

«A Secreta Harmonia do Mundo: Fiama Hasse Pais Brandão»

 


Veja na RTP PLay

«Documentário de Abílio Leitão sobre a vida e obra de Fiama Hasse Pais Brandão, considerada uma das mais importantes poetas do movimento Poesia 61 que revolucionou a poesia nos anos 60

O documentário Abílio Leitão aborda a vida e obra de Fiama Hasse Pais Brandão escritora, poetisa, dramaturga e tradutora, considerada uma das mais importantes poetas do movimento Poesia 61 que revolucionou a poesia nos anos 60. Fiama foi distinguida por duas vezes com o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1996 e 2000) e pelo prémio do P.E.N. Clube Português, em 2001.
A par da poesia, o teatro ocupa um lugar central na produção literária de Fiama sendo autora de várias peças de teatro. Em 1961 recebe o Prémio Revelação de Teatro pela obra Os Chapéus de Chuva. Em 1974 é um dos fundadores do Grupo Teatro Hoje, companhia que deu a conhecer ao público português alguns dos nomes mais importantes da dramaturgia contemporânea.
Mas é na poesia que ganha um lugar indiscutível na Literatura Portuguesa, tendo deixado uma obra vasta e marcante, que ainda hoje suscita inúmeros estudos e teses universitárias.
O documentário ensaia pistas de leitura sobre este legado literário a ser redescoberto pelos leitores atuais».


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Boa ocasião para visitarmos de imediato
 poesia da Fiama:

Nada tão silencioso como o tempo
Nada tão silencioso como o tempo
no interior do corpo. Porque ele passa
com um rumor nas pedras que nos cobrem,
e pelo sonoro desalinho de algumas árvores
que são os nossos cabelos imaginários.
Até nas íris dos olhos o tempo
faz estalar faíscas de luz breve.

Só no interior sem nome do nosso corpo
ou esfera húmida de algum astro
ignoto, numa órbita apartada,
o tempo caladamente persegue
o sangue que se esvai sem som.
Entre o princípio e o fim vem corroer
as vísceras, que ocultamos como a Terra.

Trilam os lábios nossos, à semelhança
das musicais manhãs dos pássaros.
Mesmo os ouvidos cantam até à noite
ouvindo o amor de cada dia.
A pele escorre pelo corpo, com o seu correr
de água, e as lágrimas da angústia
são estridentes quando buscam o eco.

Mas não sentimos dentro do coração que somos
filhos dilectos do tempo e que, se hoje amamos,
foi depois de termos amado ontem.
O tempo é silencioso e enigmático
imerso no denso calor do ventre.
Guardado no silêncio mais espesso,
o tempo faz e desfaz a vida.





sábado, 19 de outubro de 2024

«What works and for whom?»

 


Abstract
There is a growing recognition of the importance of effective employment instruments. However, knowledge on what works for whom is still limited, particularly for the most vulnerable groups . The purpose of this report is to summarise the literature on various employment instruments and their effectiveness among different groups of vulnerable individuals. The overall take aways from the report are: 1. The choice of employment instrument is a complex issue, due to barrier complexity 2. To foster sustainable employment a wide range of instruments is required 3. Despite intensive focus and academic research on how to increase the labour market participation among vulnerable groups, significant knowledge gaps still remain. We also have categorised and summarised the latest knowledge on the effectiveness of each labour market instrument, which can be found in the report. +.


sexta-feira, 18 de outubro de 2024

«apartheid de género»

 


«"Ensinar é uma sensação maravilhosa e estar à frente dos rostos do futuro do Afeganistão é a minha maior honra. Quando as suas belas vozes soam nos meus ouvidos e expressam os seus sonhos de se tornarem médicas, engenheiras, advogadas, ministras, presidentes ou pilotos, sinto-me como se estivesse a flutuar. Nada nem ninguém pode impedir o nosso progresso, nem mesmo os talibãs." Foi assim, por carta, que a professora afegã, Nehal Naderi, se dirigiu às suas alunas, depois de ter sido decretada pelos talibãs uma nova legislação que reprime ainda mais as mulheres. Proíbe que sejam ouvidas em público, que mostrem o rosto fora de casa, que olhem para um homem que não faz parte da família ou que saiam de casa sem um acompanhante masculino, divulga o El País. Desde que tomaram de novo o poder, há três anos, os fundamentalistas fizeram uma exclusão, sem precedentes no mundo, das mulheres. Os mais de 100 decretos publicados retiraram as mulheres da vida pública, forçando metade da população a prisão domiciliária, sem acesso a emprego, ao lazer e à assistência médica. Mesmo tendo fechado as portas à educação das maiores de 12 anos, as afegãs continuam a frequentar escolas clandestinas e aulas online, apesar do risco que correm. No país mais repressivo do mundo, as mulheres e as raparigas enfrentam uma discriminação que pode equivaler a uma perseguição baseada no género, considerada um crime contra a humanidade, e que pode ser chamada de apartheid de género, como foi declarado pelas Nações Unidas».  Tirado da EXECUTIVA. 



quarta-feira, 16 de outubro de 2024

«FLORBELA, FLORBELA» | sessões com tradução em língua gestual portuguesa | DIAS 19 E 26 DE OUTUBRO | TEATRO GARCIA DE RESENDE | ÉVORA

 

“CONDENSAR O MUNDO NUM SÓ GRITO!”
Celebrando os 50 anos do 25 de Abril, quando se perfazem 130 anos do seu nascimento e é publicado, em Portugal e no Brasil um grande dicionário da sua obra, “FLORBELA, FLORBELA” é uma homenagem a Florbela Espanca através de um espetáculo que interpreta a sua obra e a sua vida.
Este espetáculo conta com três personagens: 1 – atriz que representa a poetisa; 2 – atriz atual que interpreta o papel de Florbela Espanca na peça; 3 – encenadora e autora da peça teatral.
As três personagens, desenvolvem uma relação de conflito, aproximação / afastamento, apreço / crítica entre si, revelando não só os principais momentos da vida de Florbela, os seus dramas e paixões, a forte crítica social preconceituosa da época em que viveu, como as tensões existentes entre si, entre a mentalidade atual e a mentalidade da época em que viveu Florbela, entre os preconceitos de ontem e os de hoje.  Todas estas tensões explodem e confluem para a criação do espetáculo dramático e lírico destas três mulheres / personagens.

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 “FLORBELA, FLORBELA” intenta homenagear esta poetisa de origem alentejana, através de um espetáculo que interpreta a sua obra e a sua vida (1894 – 1930), nascida em Vila Viçosa, que estudou e viveu em Évora, antes de se deslocar para Lisboa, tendo morrido em Matosinhos.
Esta peça é igualmente uma homenagem à mulher portuguesa, sobretudo à mulher do interior, que, mais do que a das grandes cidades, viveu durante o regime do Estado Novo segundo um estatuto social de opressão e de humilhação. Com efeito, Historicamente, ao longo do século XX, a poesia de Florbela foi enredada em dois labirintos que a ultrapassavam e de certo modo a deformavam, ou, pelo menos a inclinavam hiperbolicamente num sentido exterior à sua poesia: 1. – o labirinto das representações culturais portuguesas, no qual Florbela sofre da condição inferior do estatuto da mulher ao longo do regime do Estado Novo, para lhe ser feita justiça após a instauração do regime democrático em 1974; 2. – o labirinto das sucessivas disputas hermenêuticas literárias, que ora acolhiam, ora diabolizavam a sua obra.
Do primeiro, nasce a imagem de Florbela como mulher angustiada, que a dor, o sofrimento e a desadaptação social convertem genialmente em poesia lírica, exprimindo as emoções prevalecentes na natureza feminina. Este é o núcleo central da imagem de Florbela face aos quadros mentais do Estado Novo: uma mulher romântica, desequilibrada, incapaz de reprimir e esconder os seus desejos sensuais femininos.
Face a este núcleo central, desenha-se, ao mesmo tempo, uma outra imagem social que pode ser designada por contra-mito: Florbela tinha sido uma mulher livre, que rompera a barreira dos preconceitos conservadores, nacionalistas e tradicionalistas da sociedade portuguesa patriarcal. Em síntese, alguns sonetos são vistos como libertinos, expressão de uma espécie de D. Juan feminina, outros recolhem a tradição portuguesa da mulher sofrida, esmagada pela sociedade, vivência comum à mulher urbana, popular, esposa, mãe e dona de casa.
“FLORBELA, FLORBELA” ressuscita estas vivências em palco através de três mulheres, tornando-se, assim, um tributo à memória da cultura portuguesa do século XX.
Miguel Real


«10 ANOS DE CANTE»


«Fotografias de mais de 30 grupos diferentes
O Cante Alentejano como Património Cultural Imaterial da Unesco comemora o seu 10.º aniversário a 27 de novembro de 2024.
Nestes últimos nove anos, Ana Baião tem andado a fotografar o Cante um pouco por todo o Alentejo e na grande Lisboa, em diversas iniciativas e com diversos grupos. Inclusive deslocou-se a Paris para fotografar um dos poucos grupos existentes no estrangeiro, sendo que o Rancho de Cantadores de Paris tem a particularidade dos seus elementos serem de várias nacionalidades e apenas duas pessoas portuguesas.
Ana Baião publicou dois livros: Cante - Alma do Alentejo, em 2017, pela RCP Edições; e Cuba Cante Tabernas e Talhas, em 2021, a convite da Câmara Municipal de Cuba. Fotografou para dois CD - Alentejo Ensemble, do Rancho de Cantadores de Paris, em 2019; e Cante ao Menino na Capital, do Grupo ALCante, da Junta de Freguesia de Alcântara, com a participação dos outros grupos corais da capital Lisboeta, em 2021.
Podemos afirmar que nenhum fotógrafo documentou tanto o Cante Alentejano como Ana Baião. A divulgação do cante tem sido uma das suas causas e por essa razão a Tradisom aceitou este desafio para editar um livro de fotografias comemorativo deste 10.º aniversário». Saiba mais.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

NATURALMENTE, NOTÍCIA | «Gipuzkoa acogerá el I Congreso Internacional de Fútbol femenino en España»

 


«Los días 21 y 22 de noviembre se celebrará el I Congreso Internacional de Fútbol Femenino. Ficoba, el recinto ferial de Gipuzkoa, será la sede del evento, impulsado por el Departamento de Cultura y Deportes de la Diputación Foral y diseñado para abordar los desafíos y oportunidades que enfrenta el fútbol femenino en la actualidad, de la mano de profesionales como Natalia Arroyo, Lola Romero o Eli Pinedo.

“Al dar voz a mujeres que han llevado su carrera deportiva hasta lo más alto, se logra posicionar a estas deportistas como referentes alternativos y no normativos que inspiren los pasos, comportamientos y modelen los sueños de otras niñas, niños y adolescentes. Y, en consecuencia, todo ello contribuye a reducir la desigualdad en el deporte base”, ha indicado la diputada de Deportes, Goizane Álvarez. “Estamos en un momento bonito y a la vez exigente en el fútbol femenino. Hemos avanzado en muchos aspectos que habían estado olvidados durante años, pero tenemos que seguir dando pasos para consolidarnos y guiar el camino de las nuevas generaciones, que ahora sueñan con ser profesionales”, ha indicado, por su parte Natalia Arroyo, exentrenadora de la Real Sociedad.

El programa incluirá tres mesas redondas y cinco ponencias. Además de profesionales del fútbol, el congreso contará con la participación de representantes de otros sectores como la psicología, el periodismo y la medicina, lo que enriquecerá las discusiones y aportará una visión multidimensional sobre los temas tratados. (...)». Leia na integra na  Mas |Mujeres a seguir».



ATLAS DE PANDORA |«Partindo da vida dos Deuses gregos, cada texto contem uma reflexão sobre a vida de qualquer um de nós sempre interessante e original e muitas vezes deslumbrante»|NA RTP2

 

Atlas de Pandora

Crónicas de Irene Vallejo, recitadas por Teresa Tavares


«"Atlas de Pandora" dá a conhecer a uma maior fatia de pessoas o que pensa e escreve a articulista e professora Irene Vallejo.
Partindo da vida dos Deuses gregos, cada texto contem uma reflexão sobre a vida de qualquer um de nós sempre interessante e original e muitas vezes deslumbrante.
São crónicas muito especiais que lidas por cada um em silencio acrescentam ao nosso pensamento e que lidas alto esperamos que sejam um clarão luminoso para os nossos medos».


sábado, 12 de outubro de 2024

EXPOSIÇÃO | ANA MATA |«Ninfas e Faunos» | NA GALERIA 111 | LISBOA

 

«A exposição “Ninfas e Faunos” reúne pinturas e gravuras com ecos de narrativas antigas, estórias biográficas e uma certa ideia de tensão amorosa – ao ser um olhar sobre o que existe de sedutor na natureza, no apelo do floral ou na fluidez dos rios e dos humores, tão presentes na tradição da história da pintura. Esta é evocada sem pudor, apelando a uma dança intemporal entre o feminino e o masculino».

A exposição “Ninfas e Faunos” reúne pinturas e gravuras com ecos de narrativas antigas, estórias biográficas e uma certa ideia de tensão amorosa – ao ser um olhar sobre o que existe de sedutor na natureza, no apelo do floral ou na fluidez dos rios e dos humores, tão presentes na tradição da história da pintura. Esta é evocada sem pudor, apelando a uma dança intemporal entre o feminino e o masculino.



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Sobre a exposição no blogue de Alexandre Pomar: Ana Mata na 111, Audácia. De lá: «Audácia é a palavra chave para referir as novas pinturas da Ana Mata, que continuam e renovam a audácia, a coragem, a determinação, o risco, a aventura, a qualidade pictural, que se conhecem das suas anteriores exposições na Módulo. Continua a ser um choque exaltante, uma surpresa grata esta pintura, em três grandes formatos de flores e figuras na paisagem e depois em pequenas composições de flores, paisagens rurais, cenas domésticas ou não, mas sempre de intimidade pessoal e/ou próxima. Onde agora se reconhece e admira um diálogo explícito com obras do passado que continua a ser presente, e também com com géneros e interesses que circulam no tempo até hoje».


quinta-feira, 10 de outubro de 2024

DA PRÉMIO NOBEL 2024 HAN KANG|«A Vegetariana»

 


«Uma combinação fascinante de beleza e horror.
Ela era absolutamente normal. Não era bonita, mas também não era feia. Fazia as coisas sem entusiasmo de maior, mas também nunca reclamava. Deixava o marido viver a sua vida sem sobressaltos, como ele sempre gostara. Até ao dia em que teve um sonho terrível e decidiu tornar-se vegetariana. E esse seu ato de renúncia à carne - que, a princípio, ninguém aceitou ou compreendeu - acabou por desencadear reações extremadas da parte da sua família.
Tão extremadas que mudaram radicalmente a vida a vários dos seus membros - o marido, o cunhado, a irmã e, claro, ela própria, que acabou internada numa instituição para doentes mentais. A violência do sonho aliada à violência do real só tornou as coisas piores; e então, além de querer ser vegetariana, ela quis ser puramente vegetal e transformar-se numa árvore. Talvez uma árvore sofra menos do que um ser humano.
Este é um livro admirável sobre sexo e violência - erótico, comovente, incrivelmente corajoso e provocador, original e poético.
Segundo Ian McEwan, «um livro sobre loucura e sexo, que merece todo o sucesso que alcançou».
Na Coreia do Sul, depois do anúncio do Man Booker International Prize, A Vegetariana vendeu mais de 600 000 exemplares. Aplaudido em todos os países onde está traduzido, é um best-seller internacional». Saiba mais.


quarta-feira, 9 de outubro de 2024

«Sandra Ventura retrata idosos em lares há mais de dez anos, com a preocupação de respeitar a “dignidade e essência” de cada um. A fotógrafa conta ao Expresso o que está por trás do trabalho, em parte agora numa exposição no Museu da Farmácia, onde procura sensibilizar para a importância e valorização das pessoas mais velhas»

 



Começa assim: «Desde a semana passada e até dia 1 de dezembro, uma mostra do trabalho desenvolvido está patente numa exposição no Museu da Farmácia, em Lisboa, intitulada “A Arte de Envelhecer – Dar Mais Vida aos Anos”. As 14 fotografias selecionadas “são sobre a velhice”, resume a fotógrafa ao Expresso. Por isso retratam situações tão diversas como a violência contra os mais velhos, o envelhecimento físico traduzido nas rugas, a solidão ou a intergeracionalidade. (...)».