Olhares do Mediterrâneo - Women’s Film Festival promove a exibição de filmes feitos
por mulheres oriundas do Mediterrâneo, ou que trabalhem em países mediterrânicos.
O Festival pretende divulgar o papel das mulheres na criação cinematográfica, dando
visibilidade aos seus filmes e promovendo o intercâmbio com profissionais do cinema
em Portugal. O Festival apresenta visões de vários mundos a partir do Mediterrâneo,
através do olhar criativo das mulheres.
O Festival é um projecto de Olhares do Mediterrâneo - Associação Cultural e do CRIA –
Centro em Rede de Investigação em Antropologia. Saiba mais.
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«REVOLUÇÕES QUOTIDIANAS
No ano em que Portugal celebra os 50 anos da Revolução Democrática de Abril de 1974 o tema do Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival é “Revoluções Quotidianas”, para nos lembrar que as revoluções acontecem todo os dias e todos os dias devem ser renovadas para manter viva a democracia e proteger e alargar os direitos.
As revoluções quotidianas, em contraste com as grandes convulsões históricas, são aquelas que ocorrem no seio da vida comum, no espaço íntimo do dia-a-dia, mudando o tecido social de forma gradual e silenciosa. São pequenas transformações, frequentemente invisíveis, mas que, ao acumularem-se, transformam as vidas, os modos de fazer, as mentalidades e até os sistemas políticos. As revoluções quotidianas são as mudanças levadas a cabo pelos grupos tradicionalmente silenciados. As suas próprias vidas e o trabalho são gestos de resistência invisível que são, em si mesmos, uma forma de revolução.
Através do cinema podemos ver estas formas subtis, mas poderosas, de construir mudanças. Ao trazer para o ecrã representações da vida comum, muitas vezes esquecidas ou ignoradas, as realizadoras cuja obra apresentamos no Festival expõem as tensões da sociedade, colocando em primeiro plano o que é sistematicamente silenciado. Os filmes que mostramos contam histórias que despoletam reflexões críticas sobre a forma como entendemos o mundo à nossa volta, desafiam a forma tradicional de ver a vida, propondo novas maneiras de narrar o quotidiano, assim como perspectivas diferentes sobre a História passada e presente.
O cinema feito por mulheres de países do Mediterrâneo tem desempenhado um papel fundamental na representação e análise das revoluções quotidianas, oferecendo novas perspectivas sobre as vidas, lutas e resistências que ocorrem no seio das sociedades mediterrânicas, marcadas por formas de viver e tradições tão distintas, tensões sociais, políticas e históricas diferentes.
Fazer filmes sobre dinâmicas familiares, trabalho doméstico, mutilação genital feminina, aborto, ou vida quotidiana de adolescentes é falar sobre direitos das mulheres, a desigualdade de género. Contar a vida de uma mulher argelina que revolucionou um género musical tradicionalmente reservado aos homens é revelar uma vida extraordinária silenciada pela geografia. Narrar os sonhos dos migrantes menores não acompanhados que tentam entrar na Europa é subverter narrativas de rejeição dominantes. Falar de uma mulher nascida num barco que, em 1884, levava emigrantes madeirenses para Angola, é trazer um olhar íntimo e novo sobre o colonialismo. Afinal, não podemos nunca esquecer que o privado é político.
O trabalho das realizadoras de países mediterrânicos é um testemunho do poder do cinema para dar visibilidade às lutas invisíveis e para transformar o quotidiano em palco de revoluções contínuas. Natália Correia, símbolo incontornável da liberdade de pensamento e criatividade artística antes e depois de 25 de Abril, que homenageamos com uma documentário em estreia mundial, dizia que “a cultura é que transforma as mentalidades”. O Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival quer ser exactamente isto: um espaço de cultura que, ao contrastar os processos de invisibilização, silenciamento e deslegitimação da voz das mulheres na esfera pública, transforma as mentalidades e, portanto, o mundo». No site do Festival.
No ano em que Portugal celebra os 50 anos da Revolução Democrática de Abril de 1974 o tema do Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival é “Revoluções Quotidianas”, para nos lembrar que as revoluções acontecem todo os dias e todos os dias devem ser renovadas para manter viva a democracia e proteger e alargar os direitos.
As revoluções quotidianas, em contraste com as grandes convulsões históricas, são aquelas que ocorrem no seio da vida comum, no espaço íntimo do dia-a-dia, mudando o tecido social de forma gradual e silenciosa. São pequenas transformações, frequentemente invisíveis, mas que, ao acumularem-se, transformam as vidas, os modos de fazer, as mentalidades e até os sistemas políticos. As revoluções quotidianas são as mudanças levadas a cabo pelos grupos tradicionalmente silenciados. As suas próprias vidas e o trabalho são gestos de resistência invisível que são, em si mesmos, uma forma de revolução.
Através do cinema podemos ver estas formas subtis, mas poderosas, de construir mudanças. Ao trazer para o ecrã representações da vida comum, muitas vezes esquecidas ou ignoradas, as realizadoras cuja obra apresentamos no Festival expõem as tensões da sociedade, colocando em primeiro plano o que é sistematicamente silenciado. Os filmes que mostramos contam histórias que despoletam reflexões críticas sobre a forma como entendemos o mundo à nossa volta, desafiam a forma tradicional de ver a vida, propondo novas maneiras de narrar o quotidiano, assim como perspectivas diferentes sobre a História passada e presente.
O cinema feito por mulheres de países do Mediterrâneo tem desempenhado um papel fundamental na representação e análise das revoluções quotidianas, oferecendo novas perspectivas sobre as vidas, lutas e resistências que ocorrem no seio das sociedades mediterrânicas, marcadas por formas de viver e tradições tão distintas, tensões sociais, políticas e históricas diferentes.
Fazer filmes sobre dinâmicas familiares, trabalho doméstico, mutilação genital feminina, aborto, ou vida quotidiana de adolescentes é falar sobre direitos das mulheres, a desigualdade de género. Contar a vida de uma mulher argelina que revolucionou um género musical tradicionalmente reservado aos homens é revelar uma vida extraordinária silenciada pela geografia. Narrar os sonhos dos migrantes menores não acompanhados que tentam entrar na Europa é subverter narrativas de rejeição dominantes. Falar de uma mulher nascida num barco que, em 1884, levava emigrantes madeirenses para Angola, é trazer um olhar íntimo e novo sobre o colonialismo. Afinal, não podemos nunca esquecer que o privado é político.
O trabalho das realizadoras de países mediterrânicos é um testemunho do poder do cinema para dar visibilidade às lutas invisíveis e para transformar o quotidiano em palco de revoluções contínuas. Natália Correia, símbolo incontornável da liberdade de pensamento e criatividade artística antes e depois de 25 de Abril, que homenageamos com uma documentário em estreia mundial, dizia que “a cultura é que transforma as mentalidades”. O Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival quer ser exactamente isto: um espaço de cultura que, ao contrastar os processos de invisibilização, silenciamento e deslegitimação da voz das mulheres na esfera pública, transforma as mentalidades e, portanto, o mundo». No site do Festival.
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(o sublinhado é nosso)
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E há coincidências, quando estávamos a elaborar este post sobre os «Olhares do Mediterrâneo» recebemos lembrete da Ordem dos Economistas:
De lá: «Trata-se de uma oportunidade única para refletir sobre o papel fundamental desta região para os jovens e a sua crescente importância num mundo multipolar.
Durante este encontro, será discutida a relevância geoestratégica do Mediterrâneo, não apenas como ponto de ligação entre culturas, mas também como um espaço estratégico para o desenvolvimento de novas formas de cooperação económica, financeira e energética, especialmente entre os países europeus e os do Norte de África.Serão também abordadas as questões relativas aos fluxos migratórios, que continuam a ter um impacto significativo na região, bem como a proximidade cultural que une os países mediterrânicos, servindo como base para uma cooperação mais profunda e duradoura».
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E quem sabe pode haver algum cruzamento entre estes acontecimentos. E quem sabe haverá lugar a que no encontro da Ordem dos Economistas se possa isolar no «ser jovem, hoje, na região mediterrânica» a situação particular das «jovens mulheres». E quem sabe ...
E aproveitemos para lembrar a Ordem que na sua atividade tem de haver espaço para refletir as «mulheres na economia». Ao acaso, para ajudar na argumentação:
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