sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

«O Movimento Democrático de Mulheres assinala o Dia Internacional da Mulher com manifestações por todo o país !»

 

«Somos mulheres perseverantes e confiantes que agimos de diversas formas para conquistar e fazer cumprir direitos das mulheres, na vida social e política, no trabalho, na saúde e na educação, na protecção social, na cultura e no desporto.

Conhecemos e sentimos bem as consequências de políticas, que não respeitam os valores da Revolução de Abril, nem os direitos consagrados na Constituição da República. Sentimos o peso das desigualdades, discriminações e violências, o agravamento da pobreza e o não reconhecimento social do incontestável contributo de várias gerações de mulheres contra as guerras e pela paz, por um país mais desenvolvido, justo e solidário. 

Acreditamos que as mulheres que querem tornar mais forte o movimento de resistência contra essas políticas estarão, desde já, motivando, dialogando e envolvendo mulheres de todas as idades, experiências profissionais e de vida. Unidas estaremos na construção e participação numa grandiosa Manifestação no Dia Internacional da Mulher50 anos após a primeira manifestação em liberdade, promovida pelo Movimento Democrático de Mulheres, numa expressão de grande unidade e força de mulheres.  

Estamos empenhadas e apelamos à ampla participação de mulheres no dia 8 de Março de 2025 - Dia Internacional da Mulher - na Manifestação Nacional de Mulheres promovida pelo MDM. Esta Manifestação será um momento alto de convergência de muitas mulheres, em diversos distritos, onde estarão presentes e visíveis diversas expressões da participação e movimentação de mulheres num compromisso alargado e comum de acção reivindicativa por uma sociedade onde a igualdade e a participação sejam vividas plenamente, os direitos respeitados, a justiça social e a paz uma realidade». 

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  1. O Movimento Democrático de Mulheres assinala o Dia Internacional da Mulher com manifestações por todo o país!

    Manifestação Nacional de Mulheres, 8 de Março:

    • Porto: 15h | Praça da Batalha à Avenida dos Aliados

    • Lisboa: 14h30 | Praça dos Restauradores à Praça do Município

    • Coimbra: 14h30 | Praça Princesa Cindazunda à Praça 8 de Maio

    • Aveiro: 14h30 | Avenida Dr. Lourenço Peixinho à Praça da República

    • Viseu: 14h | Largo de Santa Catarina à Praça da República

    • Évora: 14h30 | Praça do Giraldo à Praça 1.º de Maio

    • Torres Novas: 14h30 | Largo das Forças Armadas à Rua Maria Lamas

    • Mirandela: 14h | Concentração no Parque Luciano Cordeiro

    • Beja: 14.30h | Casa da Cultura à Rua de Mértola/Meia Laranja

    • Braga: 15h | Praça da República/Arcada

    • Guarda: 15h | Jardim José Lemos

    • Leiria: 15h | Praça Goa, Damão e Diu

    • Portalegre: 10.30h | Mercado Municipal à Praça do Rossio

    • Viana do Castelo: 15h | Praça da República




quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

INAUGURA HOJE | NO CCB | «31 Mulheres. Uma Exposição de Peggy Guggenheim» | ATÉ 29 JUNHO 2025 | LISBOA

 



«Em 1943, a colecionadora Peggy Guggenheim organizou, na sua galeria Art of This Century, em Nova Iorque, uma das primeiras exposições dedicadas exclusivamente ao trabalho de mulheres artistas nos Estados Unidos. Com o título Exhibition by 31 Women, Guggenheim pretendia dar destaque às obras das mulheres artistas, não raras vezes negligenciadas pela mentalidade patriarcal da época e reduzidas a meras musas, imitadoras ou companheiras de célebres artistas homens.

Provenientes da Europa e dos Estados Unidos, as artistas selecionadas para 31 Mulheres, que contou com figuras consagradas mas também apresentou novos talentos, estavam sobretudo ligadas ao surrealismo e à arte abstrata. Conscientes dos desafios que enfrentavam pelo simples facto de serem mulheres, estas artistas recorreram às linguagens artísticas dominantes da sua época para contrariar a norma, reinterpretando as tendências do surrealismo e do expressionismo abstrato a fim de denunciar os preceitos patriarcais em que estes movimentos se fundavam. (...)». Leia mais.




«Dentro de poucas semanas, as mãos diligentes destas duas mulheres terão operado o seu “pequeno milagre” para que todos possamos contemplar aquele outro que, com trabalho árduo, nos pretendem devolver: “O Milagre de Santa Clara”»

 


Durante o processo, as restauradoras encontraram vestígios de censura. Foto: Inês Renda




segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

«TRILOGIA DA PAIXÃO» | Uma trilogia involuntária sobre a maternidade, o desejo feminino e a transgressão por uma das autoras mais disruptivas da nova literatura sul-americana

 


Descrição
Ela, ele e o bebé de ambos; ela e a mãe; ela e o filho adolescente. Sempre ela – a heroína sem nome, na primeira pessoa – e o violento turbilhão de paixões, duelos, medos e obsessões que a perseguem em casa, no hospital, no bosque, na estrada. Ela e a febril sensação de estar presa a um papel que não foi da sua inteira escolha, a uma realidade doméstica e familiar que a destrói e da qual anseia fugir. Sempre ela no limite alucinante do amor, da sanidade e da vida.
Trilogia da Paixão reúne num único volume os três primeiros romances da escritora argentina Ariana Harwicz (Mata-te, Amor;A Atrasada Mental;Precoce), que compõem, segundo a autora, uma trilogia involuntária sobre a maternidade e os seus tabus. Comparada a Nathalie Sarraute, Virginia Woolf ou Sylvia Plath, Harwicz forjou um lugar só seu na literatura contemporânea, com a sua escrita única e explosiva em que o prazer do paradoxo, da transgressão e da imoralidade flui livremente numa linguagem poderosa e poética.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

CACÁ DIEGUES | lembramos como «Xica da Silva» e «Bye Bye Brasil» marcaram ...



Cacá Diegues deixou-nos. Estamos em crer que com o seu trabalho marcou muitas pessoas. No jornal Público:


Bye Bye Cacá Diegues (1940-2025): morreu um dos mais populares cineastas brasileiros

Devem-se ao realizador de Xica da Silva e Bye Bye Brasil, como disse Caetano Veloso, alguns dos encontros “mais intensos” entre o Cinema Novo brasileiro e o público. Tinha 84 anos.

«(...) Várias vezes presente na cena internacional, por exemplo no concurso do Festival de Cannes, onde também foi membro do júri, é autor de títulos que certamente marcaram a vida do espectador brasileiro, como Xica da Silva (1976), com Zezé Mota, sobra uma negra, ex-escrava, que se tornou numa das grandes figuras da sociedade de Minas Gerais do século XVIII — é um dos recordes históricos das bilheteiras do Brasil, é "um dos encontros mais intensos entre a arte que os intelectuais 'cinemanovistas' ambicionavam fazer e o público que alimenta a indústria cultural", Caetano Veloso dixit, esta sexta-feira, no seu Facebook. (...)». Leia mais.




«Magia pura» - alguem escreveu 

sábado, 22 de fevereiro de 2025

VIVIAN MAIER |todos os motivos são bons para (re)ver obras suas

 


de lá, por exemplo:


Chicago, c. 1976 © Estate of Vivian Maier, 
Courtesy of Maloof Collection
 and Howard Greenberg Gallery


«Uma obra-prima há muito perdida da artista francês Camille Claudel, “A Idade da Maturidade” (1898), ressurgiu passado mais de um século, sendo vendida por 3,6 milhões de euros numa leiloeira francesa»

 


A Idade Madura", de Camille Claudel
Tirada daqui

E na Arte Capital: 

«OBRA-PRIMA PERDIDA DE CAMILLE CLAUDEL VENDIDA POR 3,6 MILHÕES

2025-02-19

Uma obra-prima há muito perdida da artista francês Camille Claudel, “A Idade da Maturidade” (1898), ressurgiu passado mais de um século, sendo vendida por 3,6 milhões de euros numa leiloeira francesa. A escultura em bronze, uma alegoria do envelhecimento que também reflete a relação tumultuosa de Claudel com Auguste Rodin, foi descoberta debaixo de um pano num apartamento abandonado em Paris. A obra é uma das quatro existentes, estando as outras expostos em grandes museus franceses. A venda sublinha o crescente reconhecimento de Claudel como escultora para além dos seus laços com Rodin. (...)
A obra-prima de bronze é uma alegoria d»a inevitabilidade do envelhecimento, com cada uma das três principais fases da vida — juventude, maturidade e velhice — personificadas. De joelhos, a Juventude faz um esforço inútil para agarrar a Maturidade, mas as suas mãos separam-se à medida que avança, obediente às ordens da figura assombrosa e encapuzada da Velhice.

A obra foi concluída logo após o rompimento da relação íntima de Claudel com o conceituado escultor Auguste Rodin, que serviu como seu mentor e amante. Começou a trabalhar na sua oficina e a ser modelo para ele em 1883, quando ela tinha 18 anos e ele 42, e o caso continuou até cerca de 1892, mais ou menos na mesma altura em que Claudel iniciou “A Idade da Maturidade”, que terminou seis anos depois.

Como a Juventude é personificada por uma mulher e a Maturidade é personificada por um homem, é tentador ver a obra de arte como tendo sido influenciada pelos seus sentimentos em relação a Rodin. Lacroix sugeriu ainda que a mulher que representa a velhice e afasta a maturidade pode ter sido inspirada em Rose Beuret, governanta de Rodin e, mais tarde, sua esposa. De qualquer forma, a obra tocou profundamente Rodin quando a viu pela primeira vez em 1899. Até então, tinha apoiado financeiramente Claudel, que lutava para encontrar independência financeira como artista mulher na viragem do século. Ao ver “A Era da Maturidade”, cortou-a completamente.».Leia na integra


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

DIA 27 FEV 2025 | «"A História da Arte Sem Homens”, da historiadora Katy Hessel, em debate na livraria Greta em Lisboa»

 


SINOPSE
«Quantas mulheres artistas conhece? Quem faz a História da Arte? Havia mulheres a fazer arte antes do século XX? Quem foram as pioneiras que abriram caminho para as criadoras de hoje? Quantas mulheres integram as coleções permanentes dos grandes museus?
Neste livro pioneiro, Katy Hessel, historiadora de arte, apresenta-nos os quadros impressionantes da pintora renascentista Sofonisba Anguissola, as obras radicais de Harriet Powers no século XX, ou a história fascinante da baronesa Von Freytag-Loringhoven, a verdadeira criadora do ready-made.
Seja o tema a Idade de Ouro holandesa, o assombroso trabalho das artistas latino-americanas do pós-guerra, ou as mulheres que estão a definir o conceito de Arte na atualidade, A História da Arte sem homens surpreende continuamente o leitor e desafia o status quo, com a inclusão de novas formas de arte até aqui ignoradas ou menosprezadas.
Das praias da Cornualha às costas do Japão, este livro vai revolucionar a História da Arte como a conhecemos». Saiba mais.

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terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

NA CONTEMPORÂNEA |«Entrevista a Joana Villaverde»

 

Joana Villaverde no atelier em Avis. Cortesia da artista.


Começa-se a ler e não se desgruda. O desejo de partilhar impõe-se. Uma entrevista de Joana Villaverde que se fixou em AVIS. Só por isto que diz logo no início valeria a pena:

«(...) A vontade de querer fazer surge, ainda hoje, da mesma maneira, muito ligada à emoção. Racionalmente, sei bem o porquê daquilo que faço, mas penso que tudo contínua a nascer de uma urgência do fazer e do sentir, que se descobre e aclara no decurso do trabalho.

Lembro-me de algo que se passou no ArCo, quando estava grávida e a trabalhar numa longa-metragem em que participei (fui sempre arranjando outros trabalhos para poder pagar as minhas despesas). Na altura, propus-me a uma avaliação externa e lembro-me de uma frase que então me disseram, que ainda hoje ressoa na minha memória: “Nós aqui precisamos que a pessoa tenha disponibilidade total”. Só muitos anos depois percebi como isso, dito numa altura de maior fragilidade, me afectou. E efectivamente eu concordei, sabendo que não ia ter o tempo que gostava, ou a disponibilidade dos outros. Foi uma afirmação desprovida de malícia, mas sinto que ainda agora me acompanha. (...)». Leia na integra.

 

Outra das imagens que se podem ver na Contemporânea





segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

VATICANO | «Educar para a beleza significa educar para a esperança. E a esperança nunca está separada do drama da existência: ela atravessa a luta quotidiana, as fadigas da vida, os desafios deste nosso tempo»




Vaticano: D. José Tolentino Mendonça apresenta apelo do Papa aos artistas para uma «revolução» da beleza


«(...)“Queridos artistas, vejo em vós guardiães da beleza que sabe inclinar-se sobre as feridas do mundo, que sabe escutar o grito dos pobres, dos sofredores, dos feridos, dos presos, dos perseguidos, dos refugiados. Vejo em vós guardiães das bem-aventuranças”, refere a homilia que Francisco tinha preparado para esta celebração.
O texto foi lido por D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação, na Basílica de São Pedro, que recebeu os participantes no Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura.
“Vivemos num tempo em que se erguem novos muros, em que as diferenças se tornam um pretexto para a divisão em vez de serem uma oportunidade de enriquecimento recíproco. Mas vós, homens e mulheres de cultura, sois chamados a construir pontes, a criar espaços de encontro e diálogo, a iluminar as mentes e a aquecer os corações”, indicou.
O Papa, que se encontra internado desde sexta-feira, no Hospital Gemelli, devido a uma infeção respiratória, refere na sua reflexão que Jesus promove uma “revolução da perspetiva”, com o seu ensinamento, que “proclama felizes os pobres, os aflitos, os mansos, os perseguidos”.
“A arte é chamada a participar nesta revolução. O mundo precisa de artistas proféticos, de intelectuais corajosos, de criadores de cultura”, assinala a homilia. (...)». Leia mais.


domingo, 16 de fevereiro de 2025

CARLOS PAREDES | antes que o dia do centenário passe ...




«Mas de que Galáxia veio esta música,
isto é superior ao que nós humanos
estamos habituados a ouvir, sublime».


Veja também no blogue
Elitário Para Todos:



sábado, 15 de fevereiro de 2025

DA SAUDOSA FERNANDA LAPA | «Todos nós temos de reivindicar o direito à Cultura, à Criação e à fruição da Arte. E aí, como em todas as esferas da nossa sociedade, as mulheres não podem ser tratadas como cidadãos de segunda»

 

 


Eventualmente, será porque estamos a caminho do 8 MARÇO - o dia internacional das mulheres -,  ao prepararmos uma intervenção numa conversa para assinalarmos o de 2025 encontramos sem procurar um texto de FERNANDA LAPA - que saudades, deixou-nos em 2020. De impulso, voltemos a ele divulgando-o no EM CADA ROSTO IGUALDADE. Aqui fica, tal como está aqui:

«Em ambiente de discussão do financiamento às artes faz sentido olhar para uma intervenção da nossa saudosa Fernanda Lapa: centra-se no espaço ocupado pelas mulheres na cultura e nas artes. Assunto que noutros países é devidamente estudado para que possa haver politicas públicas plenas. Um excerto:

 «(…) Sou, sobretudo, uma mulher das Artes de Palco e em 1995, em colaboração com outras mulheres de Teatro resolvemos criar uma Companhia que rompesse com o estado de coisas a que estavam remetidas as mulheres no teatro português. Quase nunca nenhum texto de autoria feminina era representado, havia pouquíssimas encenadoras e estas ficavam na maior parte dos casos sempre à espera de serem convidadas pelos Directores das Companhias. A maioria das peças representadas davam da mulher imagens estereotipadas ou idealizadas e os elencos eram maioritariamente masculinos. As actrizes esperavam ser convidadas e nunca tinham hipótese de escolher os textos que gostariam de representar. Na maior parte das Companhias as mulheres tinham funções de secretariado, eram bilheteiras, costureiras ou empregadas de limpeza. Havia muito poucas mulheres em funções técnicas, tais como Luminotécnica, Sonoplastia, construção de Cenários, etc., profissões tradicionalmente masculinas.

Resolvemos, pois, como já disse, criar a Escola de Mulheres-Oficina de Teatro, companhia que privilegiasse o trabalho feminino e desse da mulher uma imagem consentânea com a realidade. A recepção desta Companhia por parte dos poderes públicos foi, desde logo, hostil. No primeiro pedido de apoio junto da Secretaria de Estado da Cultura (PSD) nem sequer obtivemos resposta. Só após o primeiro espectáculo apresentado a convite da Fundação Gulbenkian conseguimos ter algum eco junto da Comunicação Social e, consequentemente do poder político.

23 anos após a criação da Companhia continuamos a ser a estrutura menos financiada dos chamados apoios sustentados, sem hipótese de divulgar o nosso trabalho visto os custos de publicidade serem incomportáveis e em consequência disso, ficando cada vez mais invisíveis. Apesar de todas as campanhas ministeriais, em prole da igualdade de género, é impossível alguém afirmar que ela existe no teatro português. Desde a criação da nossa Companhia, algumas outras de iniciativa feminina foram nascendo, uma ou outra foi crescendo, mas nenhuma com apoios sólidos e, no último Concurso vimos desaparecer três delas, sendo que a Directora da mais antiga até tinha recebido, em 2017, a Distinção Mulheres Criadoras de Cultura na categoria Teatro, da CIG.

O exemplo do teatro repete-se nas várias áreas da Cultura.

Cultura é perversamente confundida com entretenimento ou Indústria Cultural e as televisões fazem isso muito bem. Vemos muitas mulheres, na maior parte jovens e bonitas, repetindo clichés e apresentadas nos vários canais como mulheres da cultura e da arte. Vemos, por outro lado, as jovens artistas no desemprego ou subemprego, obrigadas a aceitar trabalhos que as não dignificam como criadoras – como referia uma jovem colega, a necessidade de encher o frigorífico sobrepõe-se à opção de escolha, e por tudo isto somos obrigadas a repetir até à exaustão – Minhas amigas temos de dar a volta a isto.

Todos nós temos de reivindicar o direito à Cultura, à Criação e à fruição da Arte. E aí, como em todas as esferas da nossa sociedade, as mulheres não podem ser tratadas como cidadãos de segunda. As mulheres são inquestionavelmente a maioria na área da cultura em Portugal. Continuam a não existir estudos e diagnósticos, que tornem visível a dimensão da sua ocultação, das consequências das políticas realizadas na área da cultura, na renovada desvalorização das suas competências e saberes e postos em causa o seu estatuto e os seus direitos.

É preciso ter consciência que não só perdem estas mulheres, enquanto criadoras de cultura, mas perdem todas as mulheres portuguesas no seu direito à fruição cultural. Perde o País! (…)». Leia na integra.».


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E quem sabe estas palavras aproveitem à nova GOVERNANTE PARA A IGUALDADE. Senhora Secretária de Estado Adjunta e da Igualdade, não esqueça a CULTURA. Recupere memória e leve a que se faça o que ainda não foi feito, e que é básico acontecer. Acredite na força da cultura e das artes para a mudança. Ilustrando, lembremos Ibsen e sua «Casa de Bonecas» e o impacto que teve nas Politicas Públicas. 


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

NO DIA DOS NAMORADOS |«uma história de amor feliz»

 



No dia dos namorados,
 da newsletter de 
Bernardo Mendonça,
 do Expresso, 
de 8 de fevereiro 2025


«Uma história de amor feliz

Voltei a lembrar-me do pedido do meu amigo. “Quem me dera que a tua newsletter desta semana pudesse ser sobre uma coisa feliz.”
Pus-me de novo a remexer nas gavetas da memória até que lembrei de uma história de amor relatada na primeira pessoa, que parecia mais de filme do que real, e que nunca mais esqueci. Ficou-me debaixo da pele. E deu-me horizonte.
Já no final de uma longa conversa que tive com uma senhora que dobrara a esquina dos 80 anos, ela falou-me “do fulgor intacto da paixão ardente e desmedida” que tinha pelo marido.
Esta mulher, dona de uns olhos azuis profundos, cheios de curiosidade e de perguntas, contou-me com uma convicção impossível de rebater que ainda estava apaixonada pelo marido.
E que o desejo, sim o desejo, o fogo, a paixão, crescia por ele todos os dias. Fiquei pasmo. Quis saber mais. Como era isso possível?
“Não pode calcular quão desmedida é esta paixão, é muito desmedida mesmo. Como é que se faz para aguentar tanto fogo? É complicado. E é bom. A paixão é uma coisa boa, mesmo que magoe.
O que me diziam é que ‘ o amor passa e fica a amizade’. Para amizade tenho os meus amigos, Tenho sido uma sortuda por amar o homem com quem vivo há 55 anos. A paixão tem aumentado ao longo dos anos, galopantemente. É incontrolável.”
Não resisti a perguntar-lhe do que mais gostava neste amor que atravessava uma vida inteira. Respondeu-me: “De tudo. Mesmo daquilo que não gosto.”
Estava desarmado e surpreendido. Tinha a certeza que esta mulher não me mentia.
E vendo-me fascinado com a história de amor, a senhora que era toda poesia, ainda me disse que apesar de defender a igualdade de direitos para homens e mulheres, fazia questão de lhe engomar as camisas, e não deixava a empregada tocar nos colarinhos do seu amado.
Fazia-o porque queria, não por imposição ou necessidade. Era por amor.
E o seu marido devolvia-lhe o mesmo carinho, quando passava os olhos nos escritos poéticos da mulher, com o mesmo amor, a mesma admiração, sem achar uma única palavra desengomada:
“Quando abro os olhos e olho para ele, é como se o visse pela primeira vez e penso: “Que homem lindo que tenho na minha cama. Que sorte eu tenho, veio dormir comigo um anjo.”
Este homem chamava-se Luís de Barros, jornalista e antigo diretor do DN, que partiu seis anos antes da sua mulher e eterna apaixonada: a poetisa da liberdade, feminista e insubmissa, figura maior da literatura, a última de “As Três Marias”, mulher corajosa a quem devemos muito, Maria Teresa Horta.
Deixo-vos aqui a conversa que tive consigo em 2019, e que habita num dos melhores lugares da minha memória.
Ouçam aqui.
Termino com um belíssimo poema seu, cheio de coração e desejo, porque acredito que nestes tempos de desesperança, o amor e a poesia podem resgatar-nos da escuridão.
Poema “Segredo”
Do livro “Minha Senhora de Mim”,
de Maria Teresa Horta, ed. Dom Quixote

“Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça
nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa
Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço
Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar”


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

«VANGUARDISMO NO FEMINISMO» | Homenagem a Maria de Lourdes Martins, Constança Capdeville e Clotilde Rosa | 15 FEV 2025 | 17:00 | NO LISBOA INCOMUM

 



Sinopse:
Uma performance onde as fronteiras entre música, teatro e imagem se dissolvem, criando uma experiência sensorial ímpar e imersiva. Sob a interpretação da pianista Inês Filipe, música de Solange Azevedo, encenação a cargo de Claudio Hocham e imagens de Carlota Blanc, a apresentação conduz o espectador numa jornada única de tributo às obras de três compositoras vanguardistas que imprimiram uma marca na música erudita portuguesa do séc. XX: Maria de Lourdes Martins, Constança Capdeville e Clotilde Rosa. Saiba mais.

Intérpretes:
Performer - Pianista, Inês Filipe
Música-  Solange Azevedo
Encenação - Claudio Hochman
Imagem - Carlota Blanc


Entrada livre, mediante reserva
 para <lisboaincomum@gmail.com>



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Boa pergunta

 


«Art collectors, particularly the biggest spenders, are buying more and more works by women. That was a headline finding of last year’s Art Basel and UBS Survey of Global Collecting, which reported that the proportion of art by women in the collections of high-net-worth individuals increased significantly, from 33% in 2018 to 44% in 2023».


do muito que lá se pode ver:


(A visitor looking at a work by Joan Mitchell presented by David Zwirner at Art Basel in Basel 2024) 



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

LUISA SOBRAL |«Nem Todas as Árvores Morrem de Pé»

 


Este é um romance sobre duas mulheres unidas pela desilusão e pelos cinquenta anos mais tristes da história da Alemanha. Com uma estrutura muitíssimo original e uma galeria de personagens inesquecível, Nem Todas as Árvores Morrem de Pé marca a estreia fulgurante de Luísa Sobral na ficção.
Emmi, que nasceu pouco antes de Hitler ascender ao poder na Alemanha, perde o pai na guerra e tem uma adolescência difícil, trabalhando desde muito cedo para ajudar em casa. É num bar aonde vai com os amigos depois do trabalho que conhece Markus, um homem de Berlim Leste que lhe escreve cartas maravilhosas e por quem se apaixona perdidamente.
Apesar de a mãe torcer o nariz ao seu casamento num momento em que a Guerra Fria está ao rubro, a irmã apoia-a, e Emmi acaba por ir viver com Mischa, como lhe chama, para a RDA. Inicialmente, tudo corre bem, mas, depois de o Muro de Berlim ser erguido, a separação da família e a chegada de uma carta anónima deixam-na na mais profunda depressão.
M. nasce após a divisão das duas Alemanhas e é o fruto perfeito do socialismo: com uma mãe ausente e educada por uma ama que adora plantas, M. idolatra o pai, desconhecendo por completo o mundo ocidental e crescendo ao sabor de uma realidade distorcida. Até que um dia, ao ouvir o testemunho chocante de uma rapariga, descobre que, afinal, não é só o Muro que tem um outro lado. Saiba mais.

MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA | envolver os homens e os rapazes para pôr fim ao flagelo

 





6 de fevereiro é o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina. As imagens acima remetem-nos para o flagelo. No Portal do Governo podemos ler isto: Governo promove tolerância zero à Mutilação Genital Feminina.
Na internet não faltam sítios a alertar para a situação e a darem recomendações. Por exemplo aqui. De lá: 



No âmbito da UN encontramos eventos e campanhas profusamente documentadas. Já em 2025, por exemplo, aqui. De lá:

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Neste ambiente
chamou-nos particular atenção a «aposta» no envolvimento dos homens e rapazes para se acabar com a mutilação genital feminina. 




sábado, 8 de fevereiro de 2025

«DEMOGRAFIA»

 

no semanário Expresso desta semana


A questão demográfica é fator determinante dos nossos dias. O artigo acima é daqueles a não perder. Excerto:

«Uma nova geração começou a nascer no início deste ano. São os primeiros nativos da inteligência artificial, vão crescer rodeados de automatismos, terão uma vida mais longa do que a dos pais e mais tempo para viver com os netos. Quase todos vão chegar ao século XXII e terão entre 61 e 75 anos no réveillon de 2100. É provável que cresçam com poucos irmãos biológicos e que as histórias das famílias grandes não passem de fotografias nos álbuns dos avós. Os seus pais serão os jovens de hoje, uns ainda Millennials, outros já geração Z, experien­tes em crises sociais, económicas e financeiras, com vidas aceleradas e totalmente digitais, ainda que mais atentos aos efeitos da tecnologia em excesso e da falta de cuidado com o ambiente. Poucas são as certezas sobre o que será mesmo a vida dos que nascerem entre 2025 e 2039, mas sabe-se que são os últimos a ter pais que ainda foram crianças sem telemóvel.
O início de uma nova geração em 2025 foi proposto pelo demógrafo australiano Mark McCrindle. Designou-a por Beta — a segunda letra do alfabeto grego —, já depois de ter dado o nome de Alfa à anterior, que abrangeu os nascidos entre 2012 e 2024. “Para esta geração o mundo digital e físico não terá fronteiras. Enquanto a Alfa viveu o aparecimento da inteligência artificial (IA), a Beta vai viver numa era em que a IA e a automação fazem totalmente parte do dia a dia — da educação ao trabalho, da saúde ao entretenimento”, resumiu McCrindle na sua página, lembrando que estes serão os pioneiros a testar transportes autónomos e a lidar com ambientes virtuais imersivos.
Esta será também a primeira geração a chegar quase por inteiro ao século XXII, onde passará as últimas décadas das suas vidas. “São gerações que, se nenhuma catástrofe acontecer, vão conseguir imaginar-se com maiores chances do que os seus antepassados de estarem mais próximos dos tais limites da vida humana. Serão diferentes dos seus pais quando estes tinham a mesma idade, a começar pelas expectativas de vida”, resume Maria João Valente Rosa, professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. “Aplicando o deflator de idades, alguém desta geração com 61 anos em 2100 poderá equivaler, hoje, a alguém com 51 ou com 54, dependendo se for homem ou mulher, respetivamente. E os 75 anos em 2100 poderão equivaler aos 67 de hoje, tanto para homens como para mulheres”, diz a demógrafa, a partir do cenário-base do Eurostat.
Para já, a geração Beta conta com pouco mais de 7700 bebés em Portugal, a ver pelos testes do pezinho feitos em janeiro, segundo o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Mas em 2050 irá equivaler a 13,4% dos residentes, indica Maria João Valente Rosa. No mundo, já em 2035, serão 16% da população. (...)».